A Era da Imprevisibilidade

Por Junior Borneli, CEO da StartSe

Até pouco tempo, concorrência era algo previsível. Poucas empresas dominavam o mercado e o papel do gestor era monitorar os passos do concorrente e fazer um pouco melhor.

Mas já faz algum tempo, isso vem mudando. Apesar dos fortes sinais, muitos gestores continuam sendo “cozidos em banho-maria” e não percebem o enorme impacto que isso tem.

Para não ir longe demais, retornemos a 2007. A Nokia, empresa de telefonia, tinha com principal concorrente a Blackberry, outra empresa de telefonia. Naquele ano, a capa da revista Forbes foi esta:

Nokia tinha 1 bilhão de clientes e era uma das empresas mais valiosas do planeta. “Quem poderia pegar o rei dos celulares?”, indagava a revista.

Pois bem… nesse mesmo ano a Apple – uma empresa de computadores e não de telefonia – decidiu entrar no jogo e lançou o iPhone. Foi o início do fim da Nokia.

Mike Tyson disse essa frase, um dia: “todo mundo tem um plano até levar um soco na boca”. A Nokia acabara de levar um cruzado na cara e o pior: não foi capaz de prever de onde esse soco viria.

A preocupação da Nokia era monitorar a Blackberry e vice-versa. Ninguém olhava para o lado, porque não era comum que alguém de fora da indústria – ou pequeno demais – fosse capaz de gerar algum tipo de dano.

Em resumo: em apenas 6 anos, a Nokia saiu de uma participação de 65% de mercado para apenas 6%. Repare que não foram 60 anos… foram 6. A empresa praticamente desapareceu em apenas seis anos. Uma das empresas mais valiosas do mundo, em 2007.

Depois desse exemplo, eu volto para os dias atuais. Até ontem, a Globo precisava se preocupar com Band, SBT e Record. Agora, existem milhares canais no Youtube com mais audiência que muitos programas de tv. Quem é mesmo seu concorrente?

Os gestores precisam, urgentemente, aprender logo sobre a Gestão Imprevisível, porque isso é o novo normal. Agora a Americanas.com anunciou que vai começar a vender sanduíches do McDonalds!

E Mark Zuckerberg anunciou que o Whatsapp começou o seu processo de “fintechização”. Você vai transferir dinheiro para um amigo com a facilidade de quem envia uma foto. Será que Bradesco, Itaú e os outros grandes bancos esperavam por isso?

Os mapas mentais da gestão atual não fazem mais sentido. O movimento acelerado de transformação da economia, que já acontecia nos últimos anos, explodiu com a pandemia.

Tudo o que aprendemos até aqui precisa ser revisto. O mundo será cada vez mais competitivo, novas tecnologias surgirão com mais velocidade e o conhecimento será cada vez mais perecível. A “zona de conforto” não existe mais. Entramos na era da busca constante pelo novo.

Por Junior Borneli — CEO da StartSe

 

FONTE: https://www.startse.com/