Entre as marcas de motos mais vendidas, uma locadora se intrometeu

Criada em 2020, a startup de aluguel Mottu anotou 26,4 mil emplacamentos em 2023.

No balanço das fabricantes de motocicletas que mais tiveram unidades vendidas no ano passado, uma startup de aluguel aparece entre as líderes quase como um estranho no ninho. Criada em 2020 para atender à demanda de entregadores de aplicativos, a brasileira Mottu chegou pela primeira vez, no ano passado, ao quarto lugar no ranking de motos mais emplacadas do país, à frente de nomes como BMW, Kawasaki, Suzuki, Dafra, Harley Davidson e Ducati.

Ao todo, a startup fundada por Rubens Zanelatto somou 26,4 mil emplacamentos em 2023, mais de quatro vezes o número do ano anterior (6 mil), quando apareceu no ranking pela primeira vez, ocupando a nona posição. Com o avanço, a Mottu encostou na chinesa Shineray, que ficou em terceiro lugar com 31,4 mil unidades emplacadas no ano passado, mas ainda está bem distante das consolidadas Honda (1,14 milhão) e Yamaha (284,2 mil).

Reunidos mensalmente pela Fenabrave, os dados de emplacamentos no Brasil servem para o setor automotivo acompanhar o desempenho das vendas de cada marca nas concessionárias, uma vez que os veículos são emplacados logo após serem vendidos. A Mottu, porém, por ser uma startup de locação, não disponibiliza suas motos para venda no varejo, o que a faz com que sua aparição no ranking de marcas mais emplacadas seja tratada como uma exceção.

Isso só é possível porque a Mottu monta as próprias motos em uma fábrica em Manaus, com peças importadas da indiana TVS, e depois compra as unidades de si mesma, realizando o emplacamento em seguida para colocá-las à disposição dos clientes — diferentemente do que fazem as locadoras de carros, que compram direto das grandes montadoras.

Essa dinâmica explica também porque as estatísticas de emplacamentos da Mottu podem variar tanto no mês a mês, já que o número vai depender da necessidade da startup de aumentar a sua frota. No ano passado, por exemplo, foram 4,4 mil unidades emplacadas em janeiro (quando a startup ficou em terceiro lugar no mês) e apenas 49 em dezembro.

Em expansão, a Mottu recebeu no ano passado um aporte de R$ 250 milhões, em rodada liderada por QED Investors e Bycicle, de Marcelo Claure. A empresa, que atua nos mercados do Brasil e do México, não quer se limitar aos entregadores e pretende também atingir o público que toparia trocar o transporte público por uma moto alugada. A startup trabalha com planos mensais. Em um deles, é possível ficar com a moto ao final do período de contrato de dois anos.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/mercado/noticia/entre-as-marcas-de-motos-mais-vendidas-uma-locadora-se-intrometeu.ghtml