Engenheiro do Alemão cria impressora 3D com sucatas de ferro-velho

“A ideia é ter uma tecnologia 100% favela, mostrar que somos mais do que estatística de violência, somos o futuro”, diz Lucas.

Aos 24 anos de idade, recém-formado em engenharia mecânica, Lucas Lima, morador do Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, anota no quarto que compartilha com a avó e o pai todas as ideias que têm.

Uma delas foi desenvolver e construir do zero uma impressora 3D usando nada mais, nada menos que sucatas encontradas em ferros-velhos!

O jovem construiu o modelo capaz de imprimir os mais versáteis objetos tridimensionais e com ele, ganhou o Prêmio Iniciativa Shell Jovem na quinta-feira passada (17). A premiação seleciona e alavanca negócios com potencial contribuição socioambiental.

Engenheiro do Alemão cria impressora 3D com sucata

Lucas teve a ideia de construir sua própria impressora 3D enquanto trabalhava em seu trabalho de conclusão de curso (TCC).

Com o término da graduação, há cinco meses – tendo estudado em uma universidade privada, por meio de um projeto chamado Olimpíada do Saber, que oferece bolsas integrais em instituições de ensino superior parceiras aos alunos que conquistam os três primeiros lugares da competição, e sem dinheiro para comprar a desejada máquina para o TCC (orçada em R$ 17 mil), o jovem passou a pesquisar um jeito de fazer um equipamento semelhante, porém mais barato.

Após duas semanas quebrando a cabeça, ele desenvolveu um protótipo a um custo de fabricação de aproximadamente R$ 680 – 25 vezes mais barato que uma impressora 3D convencional!

Engenheiro do Alemão cria impressora 3D com sucata
Desenvolvimento da impressora 3D custou R$ 680

“No início, ideia era fazer a impressora para mim mesmo. Mas, depois, dei uma palestra em uma escola pública de São Gonçalo sobre o trabalho e percebi que poderia fazer mais. Dei 20 minutos de palestra e respondi a duas horas de perguntas. Os alunos se interessaram muito”, relata.

Daí veio a vontade de transformar a impressora 3D de baixo custo em uma iniciativa social, cuja produção se daria dentro da favela. Nascia ali a startup Infill, iniciativa premiada pela Shell.

A empresa visa levar desenvolvimento tecnológico às comunidades pertencentes ao Alemão, preenchendo um vazio identificado pelo jovem nas comunidades por onde transita — por isso o nome Infill, que significa “preenchimento”, em inglês.

“A ideia é ter uma tecnologia 100% favela, mostrar que somos mais do que estatística de violência, somos o futuro”, diz Lucas.

Engenheiro do Alemão cria impressora 3D com sucata
Exemplo de objeto impresso em 3D: o boneco Groot, personagem de histórias em quadrinhos

Impressora 3D

O dispositivo funciona por meio de uma plataforma Arduino, um tipo de placa eletrônica considerada simples e barata.

As impressões tridimensionais são obtidas com a ajuda de um software de modelagem de objetos ou via download de projetos gratuitos em bancos de dados disponíveis na internet.

FONTE: ACREDITAR