“A energia solar térmica não salva o mundo sozinha, mas, com ela, é mais barato e fácil”

O estado da arte e o futuro do aquecimento e arrefecimento solares estiveram em discussão, em inícios de Novembro, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Mais de 500 especialistas oriundos de 50 países juntaram-se para a International Conference on Solar Heating and Cooling for Buildings and Industry.

“Todas as tecnologias de energias renováveis terão de trabalhar em conjunto para acelerar a transição para energia 100 % limpa”, enfatizou David Renné, presidente da ISES – International Solar Energy Society, na sessão de abertura. O futuro da energia solar térmica reside em soluções para sistemas abrangentes. As sessões tecnológicas centraram-se em campos de inovação tecnológica, tais como armazenamento sazonal, integração de fotovoltaico e térmico em edifícios, combinando calor e electricidade de origem solar.

 

Da comunidade académica, ouviram-se boas notícias para o sector. “Atingimos a fase comercial na Dinamarca. Este país do Norte da Europa viu a instalação de 110 sistemas de distribuição de calor com base em energia solar térmica”, disse Klaus Vajen, da Universidade alemã de Kassel. Estas centrais transformam energia a valores abaixo de 30 Euros/MWh, ultrapassando os 54 Euros/MWh conseguidos com gás. Um estudo de viabilidade de uma central solar térmica de 350 MWth na cidade austríaca de Graz apurou que o preço médio de calor, incluindo o armazenamento sazonal, seria de 35 Euros/MWh durante todo o ano, um valor em linha com o custo de energia conseguido com caldeiras a gás. “A energia solar térmica não vai salvar o mundo sozinha, mas, como ela, é mais barato e fácil”, afirmou Vajen.

“Para sermos capazes de cumprir metas, os decisores políticos precisam de contemplar um aumento massivo no aquecimento e arrefecimento solar”, afirmou , por sua vez, Hans-Josef Fell, presidente do Energy Watch Group, no discurso de encerramento. Um desenvolvimento promissor tem sido a definição da iniciativa global “Mission Innovation”, com 22 países e a União Europeia, que vai duplicar o investimento em I&D em energia limpa durante cinco anos.

Na sua quinta edição, esta foi a primeira vez que o encontro bienal do Programa da Agência Internacional de Energia Solar Heating and Cooling (AIE-SHC) foi organizado pela International Solar Energy Society (ISES) em colaboração com o Solar World Congress e resultou num dos maiores eventos do ano sobre soluções integradas de aquecimento e arrefecimento solares para edifícios, indústria, cidades, regiões e empresas de utilities. Paralelamente ao SHC 2017, cerca de 100 representantes governamentais e especialistas solares encontraram-se para identificar áreas de investigação no Aquecimento e Arrefecimento de Edifícios Acessíveis.

 

O IEA SHC é uma plataforma internacional de investigação e informação sobre tecnologias de aquecimento e arrefecimento. É usada por mais de 200 especialistas de 21 países e seis organizações que conduzem investigação colaborativa numa grande variedade de temas, desde os “bairros verdes” a nível de planeamento urbano aos designs de armazenamento do futuro e a integração de centrais solares de larga escala com redes de calor e frio urbanas.

FONTE: EDIFÍCIOS E ENERGIA