Energia gerada em aterro sanitário abastecerá casas de famílias mineiras

startup Metha Energia, criada em 2017, lançou, em parceria com Asja, empresa italiana de energia sustentável, um projeto que oferece aos consumidores, energia gerada pelo lixo acumulado em um aterro sanitário.

O objetivo é alcançar 13 mil clientes em Minas, por meio da usina de biogás, localizada em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que é capaz de produzir 1,8 milhão kWh/mês e reduzir a emissão de mais de 105 mil toneladas de CO2 na atmosfera a cada ano.
No Brasil, é a primeira vez que as residências poderão receber essa fonte de energia limpa, já que, anteriormente, o serviço era direcionado às grandes empresas e indústrias. O projeto, além de ser gratuito, e não exigir nenhuma instalação elétrica e nem equipamentos adicionais, pode proporcionar até 15% de desconto na conta de luz, ficando discriminada como ‘energia injetada’, que faz parte de ‘outras taxas’.
Os interessados podem se cadastrar no site da empresa, que, até o momento, possui mais de 75 mil clientes. O serviço é regulamentado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Iniciativa surgiu pela necessidade de diminuir a conta de luz
Segundo Fábio Teixeira, diretor da Metha, pensar em novas soluções de energia limpa e, sobretudo, maneiras de economizar na cobrança de luz, foram as principais motivações para a criação do serviço.

“O Diego Fraga, um dos fundadores da empresa, na época que morava com alguns amigos, enquanto concluía seus estudos, percebeu o quanto instalar um ar-condicionado e uma máquina de lavar em casa era extremamente caro, já que ‘puxava’ muita energia. Por isso, ele começou a pensar em novas alternativas para baratear a conta”, disse.

 Fábio explica que, durante a pesquisa, foi descoberto que seria possível produzir energia limpa, não somente a partir de fonte solar, mas também do aproveitamento de potenciais desperdiçados.

“Este sempre foi o nosso maior sonho, pois, é um modo de implementar um novo ciclo. Se antes o lixo era o fim dessa cadeia, atualmente, ele dá continuidade. Além disso, é um modo de diminuir os impactos causados pela grande produção de resíduos por toda a sociedade”, completa.

A terapeuta Mariana Rodrigues, de 28 anos, utiliza o serviço há um ano, devido à indicação de um amigo, e afirma gostar muito da iniciativa. “Acho o projeto incrível. A Metha, mensalmente, indica a quantidade de dinheiro que já economizamos com o desconto, e, ver isso registrado, me deixa muito feliz. Além disso, é uma oportunidade muito legal poder receber, de modo muito simples e gratuito, o acesso à energia renovável produzida pelo lixo”, conta.
De acordo com Mariana, a consciência para criar um mundo melhor e mais sustentável deve partir, inicialmente, de forma individual, para, assim, essa mudança ter reflexos no coletivo.

“Brinco que consumir energia limpa não deve ser um plano B. Nossos recursos naturais estão se esgotando a cada dia, então é ‘Plano A para Planeta A’, pois, não temos outra casa que não seja a Terra, não existe uma alternativa B”, relembrou.

 Ela diz que, inicialmente, surgiu uma desconfiança, já que é fácil se cadastrar e receber o serviço. “Também sou formada em direito e atuei muitos anos como advogada consumerista, por isso, sabia dos meus direitos, caso surgisse algum problema. Mas, ao passar do tempo, percebi que a empresa era muito confiável”, afirmou.
Da lixeira à tomada
A usina de biogás, que opera 24 horas diariamente, funciona a partir da decomposição natural do lixo. Após o processo, os resíduos produzem o biogás, que é captado e transformado em energia elétrica. Já o chorume é drenado e encaminhado para estação de tratamento.
A Metha fica responsável pelo sistema de distribuição da energia renovável, que será injetada na rede do sistema elétrico, resultando créditos junto à Cemig. É este saldo que será transferido para os clientes cadastrados no serviço e transformados no desconto final de 15%.
Segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estuf, em 2020, o Brasil foi responsável por atingir 2,16 bilhões de toneladas de CO2, sendo que 393,7 milhões de toneladas foram produzidas pelo setor de energia – deste número, as atividades elétricas correspondem a cerca de 50 milhões de toneladas.
A partir disso, o diretor da Metha explica que o programa traz consequências positivas não somente ambientais, como também sociais.
“Usando uma matriz energética limpa, evitamos contribuir com o desenvolvimento de gases nocivos à natureza. A produção de lixo é algo inevitável e, reutilizar a capacidade desses resíduos, colabora, novamente, na cadeia sustentável. Tudo isso é feito de modo mais econômico, já que a energia elétrica sofre grandes aumentos anualmente. Esse modelo de consumo é o mesmo há anos, e, hoje, por conta da tecnologia, temos a liberdade de escolher qual energia queremos receber”, completa.
A empresa
A Metha surgiu para revolucionar o setor elétrico no Brasil. A empresa mineira criou um modelo pioneiro de atuação no sistema de geração distribuída para o mercado B2C, conectando produtores de energia limpa ao consumidor final.
FONTE: https://www.em.com.br/app/noticia/economia/2022/04/14/internas_economia,1360007/energia-gerada-em-aterro-sanitario-abastecera-casas-de-familias-mineiras.shtml