Energia digital chega ao sertão baiano

Subestação em obras na Bahia: valor do investimento, que atenderá 62 mil famílias, não foi divulgado

Tecnologia colocará subestação pioneira de energia solar da empresa Atlas, de capital inglês, em funcionamento a partir de outubro. Há mais 2 unidades em obras no Nordeste.

Rio de Janeiro – Juazeiro, no sertão baiano, distante 500 quilômetros de Salvador, terá a partir de outubro a primeira subestação de energia solar 100% digital da América Latina. A Atlas Renewable Energy, braço de energia renovável da empresa de investimentos britânica Actis, começou a execução do projeto em fevereiro. O investimento não foi divulgado.

A subestação terá capacidade de produção anual de 89,3 Gigawatts/hora por planta ao ano, o que vai possibilitar atender ao consumo de 62.276 famílias de Juazeiro. A empresa de tecnologia ABB vai ser responsável pelos equipamentos que darão ao projeto o status de primeira subestação 100% digital em território latino-americano. Um dos diferenciais é que no lugar dos tradicionais cabos de cobre, o projeto utilizará os de fibra óptica.

As subestações são a parte principal de uma rede, já que têm o papel de transmitir e distribuir energia. Com cabos de fibra óptica, explica Julio Oliveira, gerente de tecnologia de automação de subestações da ABB Brasil, haverá mais segurança para os funcionários, pois o equipamento digital diminui a necessidade de reparos manuais e reduz a possibilidade de perigosos choques elétricos na sala de controle da subestação.

Além disso, há uma economia no tempo de conclusão do projeto. Isso ocorre porque a parte de obra civil é menor, o que pode reduzir o tempo em até 40% ante aqueles projetos que utilizam os cabos de cobre e a tecnologia convencional.

Quando um cabo de cobre usado na subestação se rompe, a concessionária tem mais dificuldade para identificar a causa do problema, o que pode afetar a distribuição de energia. No caso da subestação totalmente digital, uma falha desse tipo é identificada rapidamente.

Julio Oliveira está otimista com o crescimento da demanda de projetos como o de Juazeiro, da Atlas Renewable Energy. “Desde que anunciados o contrato para a construção da subestação de Juazeiro já tivemos a consulta de 16 concessionárias. Acredito que até o fim do ano deveremos fechar de três a cinco projetos de subestações 100% digitais”, diz o gerente.

Projetos desse tipo podem ser desenvolvidos não só no caso de subestações novas, mas também para as distribuidoras que querem fazer atualizações em suas unidades existentes ou trabalhar com um modelo híbrido que reúna a tecnologia tradicional e a digital. Apesar da distância entre Juazeiro e Salvador, o gerente da ABB explica que não tem enfrentado dificuldades na montagem da subestação, já que há acesso por estradas e um aeroporto próximo.

Outros países também começam a investir em subestações 100% digitais. É o caso dos Estados Unidos. No ano passado, a ABB concluiu um projeto semelhante em Nova York para o abastecimento de energia da ilha de Manhattan. Recentemente, a empresa assinou contrato com a Tauron Dystrybucja SA, uma das principais concessionárias de energia da Polônia.

CONSTRUÇÃO

A Atlas Renewable Energy, com sede no Chile e operações também no Uruguai e México, tem outras duas unidades em construção no Nordeste. Uma está sendo erguida em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, baitzada de São Pedro, e que deve estar concluída nos próximos meses. A subestação de Aquiraz (CE), foi batizada de Sol do Futuro.

A produção anual da usina São Pedro será de 77,7 GWh/ano por planta. No caso de Juazeiro, a produção anual estimada é de 89,3 GWh/ano por planta e a Sol do Futuro tem previsão de 53,4 Gwh/ano. Ao todo, o grupo atenderá 469.195 famílias.

FONTE: em.com.br