Empresas florestais ‘contratam’ robôs para tarefas tediosas

Observar o cozimento da celulose horas a fio, rastrear insetos parasitas em fotos de satélite e processar extensos documentos jurídicos estão entre as tarefas que empresas florestais suecas nunca pediriam a seres humanos.

A fabricante de embalagens BillerudKorsnas foi uma das primeiras a adotar inteligência artificial, usando a tecnologia para analisar milhares de diagramas e determinar o tempo de cozimento necessário para que seus cavacos de madeira se transformem em celulose. Embora esse processo possa ser feito manualmente, a empresa diz que seria difícil encontrar pessoas que estivessem dispostas a passar o dia inteiro apenas olhando para tais gráficos.

“Uma máquina pode revisar grandes quantidades de dados e encontrar padrões de maneiras que para nós, humanos, são muito entediantes”, disse Olle Steffner, diretor de gerenciamento de propriedade intelectual. “Dificilmente alguém sentirá falta de tarefas como monitorar processos ou analisar diagramas. Precisamos de nossa equipe para outras coisas.”

As recompensas de usar inteligência artificial para tarefas muito mundanas podem ser enormes. As maiores vantagens incluem a possibilidade de substituir um trabalho manual dispendioso pela automação, bem como reduzir o tempo que máquinas usadas no processo de fabricação ficam paradas para manutenção, disse Joakim Wahlqvist, que desenvolve soluções de inteligência artificial na consultoria Sogeti. Empresas também podem usar inteligência artificial para ajudar a aperfeiçoar o processo de fabricação, a exemplo da BillerudKorsnas, disse.

Empresas florestais da Suécia são o exemplo mais recente de um setor que usa inteligência artificial para cortar custos e aumentar os lucros. Os bancos do país estão desenvolvendo consultoria e serviços de atendimento ao consumidor robóticos, como chatbots, e a gigante de moda Hennes & Mauritz tem usado inteligência artificial e big data para prever tendências e otimizar sua cadeia logística. Embora o setor florestal ainda esteja em desvantagem em relação ao varejo e à indústria em recursos de inteligência artificial, a tendência de automatização no segmento é a mais forte entre empresas de processos tradicionais, disse Wahlqvist.

A Stora Enso Oyj, uma das maiores fabricantes de papel e embalagens da Europa, descobriu outra finalidade para a inteligência artificial em seu departamento jurídico. A empresa tenta ensinar um algoritmo a identificar riscos nas vastas quantidades de contratos sendo processados, o que aliviaria o trabalho dos advogados. A Stora já concluiu seu primeiro teste comparando os resultados da inteligência artificial com as avaliações dos advogados e considera continuar com as pesquisas a partir de um novo projeto. A empresa também tem usado inteligência artificial para analisar celulose em uma fábrica finlandesa.

Uma ferramenta recente com capacidade de processamento de dados mais barata e sensores mais avançados é o que tornou a tecnologia mais acessível para a indústria florestal, de acordo com Steffner, da BillerudKorsnas. A empresa reforçou a iniciativa com um programa de dois anos que vai analisar todos os processos e avaliar onde podem ser mais eficientes usando robôs.

“Onde os problemas exigem inteligência artificial para serem resolvidos, agora temos o conhecimento para fazê-lo”, disse Steffner.

FONTE: UOL