EMPRESA QUER EVITAR DESPERDÍCIO DE ÁGUA E RECURSOS NO AGRONEGÓCIO COM MONITORAMENTO INTELIGENTE

A SensaIoTech, startup de Santo André (SP), desenvolveu um sistema que dá informações detalhadas sobre cada pedaço das plantações

Uma descoberta triste que eu tive foi saber que 60% da água que é gasta no país é desperdiçada no agronegócio”.

Foi essa descoberta que motivou o empreendedor João Lopes, formado em administração e desenvolvimento de sistemas, a levar seu conhecimento em tecnologia para otimizar os processos no campo.

Lopes é o fundador da SensaIOTech, uma startup de tecnologia para o agronegócio que atua com soluções para o monitoramento das condições do cultivo.

“Hoje é tudo feito de modo muito empírico, às vezes o fazendeiro trata ali no caderninho, na percepção. E pensei ‘bom, porque não trazer essa tecnologia para o campo’?”, diz Lopes.

Natural de Santo André (SP), na região metropolitana de São Paulo, Lopes conta que já tinha um pouco de experiência com o campo graças aos avós, que tinham uma fazenda.

Além disso, trabalhava há anos no mercado de internet das coisas, e juntou as duas paixões para abrir a SensaIOTech. O nome vem justamente dessa tecnologia, a IoT (ou internet of things, em inglês).

O principal projeto da empresa, batizado de SmartFarm (“fazenda inteligente”, em inglês), consiste em um relatório em tempo real sobre as condições do solo.

lavoura, plantacao, agricultura, agronegocio (Foto: Pexels)

O monitoramento traz detalhes sobre cada hectare de uma propriedade, em vez de usar uma amostra pequena para falar e generalizar a análise, como é comum na área.

Assim, o agricultor consegue ver quanto de água ou de produtos é necessário para cada pedacinho do cultivo, o que otimiza recursos e evita o desperdício nas plantações.

“Há fazendas que tem o tamanho do Vaticano [na Itália]. Se você supor que todo o terreno precisa da mesma quantidade de água ou defensivos, vai haver desperdício”, explica Lopes.

E o desperdício de água não é o único problema. Lopes também aponta que 7,7% da produção agrícola é perdida devido a pragas; e que 10% dos alimentos são simplesmente perdidos nas colheitas, deixando de alimentar a população.

Há três versões da SmartFarm, para atender a diferentes necessidades do agronegócio.

Lopes afirma que o sistema consegue reduzir o desperdício em cerca de 1%. Pode parecer pouco, mas ele lembra que, para um grande produtor, “1% é muita coisa”.

E o foco da empresa são justamente os grandes produtores, que tem não só mais dinheiro, mas mais abertura para investir em tecnologia e inovação.

sensaiotech (Foto: Divulgação)

Prevenção de incêndios

Além da SmartFarm, outro projeto da SensaIOTech consiste em monitoramento de grandes faixas de terra para prevenir riscos de incêndios, tanto em plantações como em áreas públicas.

Mesmo quando incêndios naturais são inevitáveis, sobretudo em lugares muito secos, Lopes explica que a tecnologia ajudaria o poder público a saber onde posicionar os bombeiros.

A empresa quer emplacar conversas com governos locais e até mesmo no exterior, como na Califórnia (EUA), estado norte-americano que é frequentemente atingido por grandes incêndios naturais.

A SensaIOTech começou a operar de fato no ano passado, e ainda está em processo de apresentar a ideia aos clientes. A empresa está hoje em grandes programas de aceleração, como da Ambev e da Oracle, e atua em uma incubadora de Sorocaba (SP).

Para 2019, os planos são crescer o negócio e fechar parcerias com grandes produtores.

“Nossa pergunta principal é: ‘se a sua fazenda falasse, o que ela diria?’”, conta Lopes. Enquanto tenta ouvir o que a fazenda diz, aSensaIOTech quer ajudar o agronegócio a aumentar os lucros e ajudar o meio ambiente ao mesmo tempo.

FONTE: PEGN