Empreendedor cria embalagens “inteligentes” para combater a falsificação de produtos

Fundador da Ciclopack, Leonardo Roriz aplica aos rótulos uma molécula impossível de ser copiada, garantindo a autenticidade dos itens

Criar um produto de qualidade não é tarefa fácil. Quando ele acaba sendo alvo de falsificações, porém, a dor de cabeça para a empresa é ainda maior. Afinal, quando notam o problema com a mercadoria, é comum que os consumidores procurem a marca original e não se deem conta de que caíram em um golpe. Foi justamente para evitar esse problema que o paulistano Leonardo Roriz, 28, criou a Ciclopack. A empresa usa tecnologia para criar embalagens “inteligentes” que não podem ser falsificadas.

Fracasso inicial
Antes de ter a ideia do negócio, Roriz precisou superar uma experiência difícil pela qual muitos empreendedores passam. Ele tinha um negócio que desenvolvia software para outros empreendedores, modelo conhecido como software house. Mas o negócio acabou falindo.

“Apesar de ter sido um momento difícil, eu aprendi muito, principalmente sobre a importância de estudar as demandas dos clientes. Nós não focamos em um nicho de mercado e não investimos em aplicativos, acho que isso foi um erro”, diz o empreendedor. Com o tempo, Roriz mudou de área e foi trabalhar na indústria como diretor do departamento de startup da FIESP  —  Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.

Ao se deparar com os gargalos do setor, Roriz decidiu empreender novamente. “Eu percebi que o Brasil tinha um grande problema com embalagens que eram falsificadas e isso fazia as empresas terem grandes prejuízos”, afirma. Em 2016, nasceu a Ciclopack, startup que usa a tecnologia para desenvolver embalagens mais seguras para a indústria.

Modelo de negócio
A partir da nanotecnologia, ciência que trabalha com a manipulação de moléculas, a  Ciclopack desenvolveu embalagens “inteligentes”. Segundo o empreendedor, dentro delas há uma molécula impossível de ser copiada. É como se fosse o “DNA” do produto. Essa solução é usada em diversos materiais, principalmente em papel e alumínio.

Para verificar a autenticidade da mercadoria, a startup também criou um software para ler se essa molécula está presente no produto. Dessa forma, um aparelho encosta na embalagem e emite um relatório sobre sua autenticidade.

Roriz diz que alguns pequenos fornecedores falsificam produtos de grandes marcas. No entanto, quando eles chegam ao cliente final e ocorre algum problema, o consumidor tende a reclamar para a grande marca e não para quem de fato falsificou o item.

Para o empreendedor, é por isso que é importante que as empresas trabalhem com embalagens “inteligentes”. Assim, caso essa situação aconteça, as companhias terão provas documentais de que os produtos falsificados não foram fabricados por elas.

A tecnologia da Ciclopack também permite rastrear os produtos. Dessa forma, é possível monitorar o quanto uma empresa está reciclando suas embalagens. Para Roriz, a solução acaba agregando mais valor às mercadorias, pois além de atestar sua qualidade, mostra que os negócios estão mais preocupados com o descarte de seus materiais.

De acordo com o empreendedor, a empresa recebeu R$ 1 milhão de investimento anjo para colocar o projeto em prática. A tecnologia já foi testada e homologada e agora a startup está em processo de negociação com as grandes marcas.

Hoje, um dos principais desafios de Roriz é conquistar o mercado. No entanto, ele acredita no potencial do seu produto e aposta na estratégia de oferecê-lo a um custo acessível. Cada embalagem varia de cinco a sessenta centavos.

FONTE: PEGN