Embalagens ativas e inteligentes protegem alimento e avisam se ele estragou

A equipe está trabalhando com equipamentos semi-industriais para levar suas inovações do laboratório para a indústria.
[Imagem: Bianca Chieregato Maniglia/FoRC]

Inovação em embalagens

Embalagens inovadoras brevemente vão não apenas proteger os alimentos da ação de microrganismos, mas também avisar quando o produto não está próprio para o consumo e ainda reduzir a imensa quantidade de plástico usada pela indústria. Tudo isso com o menor impacto possível ao meio ambiente.

Estas possibilidades estão aos poucos se tornando realidade graças ao trabalho de uma equipe da USP liderada pela professora Carmen Tadini, que está usando equipamentos semi-industriais para transformar os resultados dos experimentos em produtos reais.

“Antes, as embalagens que desenvolvíamos eram feitas apenas para a pesquisa, em pequenas quantidades. Agora, apesar de ser um equipamento de laboratório, ele pode ser considerado como uma estação de trabalho, que analisa inúmeros parâmetros do processo de produção em larga escala,” afirmou ela.

Para desenvolver embalagens resistentes em larga escala a preços competitivos, os pesquisadores estão trabalhando em três vertentes: uma embalagem mais biodegradável do que as comuns, embalagens com substâncias capazes de interagir com o alimento para prolongar sua vida de prateleira – as chamadas embalagens ativas – , e embalagens com mecanismos que possibilitam detectar processos de deterioração – as chamadas embalagens inteligentes.

“Ainda não conseguimos uma embalagem de filme plástico que reúna todas as características que desejamos. Por isso, estamos trabalhando com três linhas,” disse Carmen. “Até hoje, não foi desenvolvida nenhuma tecnologia de embalagem plástica que resulte em um material 100% biodegradável. Porém, tanto a embalagem ativa quanto a inteligente que desenvolvemos em nosso laboratório podem ser produzidas com maior porcentagem de matéria-prima biodegradável.”

Embalagem ativa para pães

Uma das embalagens criadas pela equipe aumenta o prazo de durabilidade dos pães.

“É uma embalagem para ampliar a vida de prateleira do pão. A nossa ideia é que ela substitua, pelo menos parcialmente, o sorbato de potássio, usado amplamente pela indústria panificadora como conservante,” disse Carmen.

Isso foi possível agregando cinamaldeído, o princípio ativo da canela, ao biopolímero do amido de mandioca que compõe a base do material.

A embalagem ativa sairia apenas 12% mais cara do que o material comumente usado para embalar pão.

Embalagem inteligente para carne e peixe

Outra embalagem desenvolvida pela equipe é um filme maleável à base de amido de mandioca aditivado com antocianina, pigmento comum de frutas ou vegetais roxos, como uva, repolho e jabuticaba.

“Percebeu-se que, conforme ocorre a deterioração, o pH desses alimentos roxos é alterado, ficando mais básico. Com isso, eles também mudam de cor. A ideia foi usar esse atributo da antocianina da uva para desenvolver embalagens inovadoras para carne e peixe,” disse Carmen.

O processo de deterioração desses alimentos começa com a liberação de enzimas por microrganismos presentes na carne e no peixe. Essas enzimas são capazes de quebrar as proteínas dos alimentos, liberando bases nitrogenadas. Esse nitrogênio interage com a antocianina, sinalizando se o alimento está apropriado ou não para o consumo – se não estiver, a embalagem fica com uma cor arroxeada.

A equipe prosseguirá seus estudos em busca da “embalagem definitiva” – um filme maleável que seja 100% biodegradável e comercialmente viável.

FONTE: DIÁRIO DA SAÚDE