Ele criou uma ferramenta que permite fazer pagamentos apenas com o rosto

Também fundador da ZigPay, André Barretto desenvolveu uma plataforma que usa a biometria de reconhecimento facial para transações. A ideia é que a ferramenta se popularize principalmente em eventos e casas noturnas

Luzes baixas, música alta e muita gente dançando. Imagine, nesse cenário, procurar sua carteira e realizar um pagamento. Além de ser complicado, pode acabar tirando consumidor do clima da festa. Ninguém quer que isso aconteça, certo? Muito menos André Barreto. Com o intuito de aprimorar a experiência dos clientes em eventos e casas noturnas, desde 2016 o empreendedor cria soluções para facilitar transações nesses ambientes.

A primeira foi o ZigPay, uma plataforma que integra os pagamentos realizados nesses ambientes. Basta o cliente recarregar um cartão personalizado – o que pode ser feito no estabelecimento ou por meio de um aplicativo – e o utilizar para realizar suas compras.

Dentre os benefícios está a praticidade de não precisar digitar senhas, por exemplo. Mas Barretto queria ainda mais. “Minha ideia era fugir dos meios tradicionais, como cartões. Eu queria oferecer para os clientes da área premium uma ‘experiência de open bar.’”

Com isso, Barretto esperava que os consumidores pudessem fazer seus pagamentos sem precisar tocar em nada. Qual foi a maneira encontrada para tornar isso possível? A biometria de reconhecimento facial. Foi com esse conceito que nasceu a startup Unike, no começo de 2018.

Com a solução desenvolvida pela empresa, o cliente pode simplesmente se aproximar do balcão e realizar seu pedido. Uma câmera, geralmente localizada no caixa, coleta as informações do rosto do indivíduo e as compara com um banco de dados. Segundo Barretto, o intuito da tecnologia é ser o menos invasiva possível. Ele explica que a biometria facial não necessariamente identifica uma pessoa, mas ajuda o sistema a localizar o seu cadastro.

A tecnologia funciona da seguinte forma: a plataforma codifica aspectos do rosto de uma pessoa, como as medidas do crânio, a distância entre os olhos e a largura do nariz. Todas essas medidas são transformadas em números e armazenadas em um sistema. Quando a câmera do estabelecimento detecta essa pessoa, suas informações faciais são comparadas às do banco de dados.

Segundo Barretto, todo o processo, desde o cadastro na plataforma até a autorização para o uso da tecnologia, é acompanhado pelo cliente. O empreendedor também conta que toda as soluções tecnológicas estão de acordo com a Lei Geral de Proteção de Dados, que entra em vigor em agosto de 2020.

Além de mais privativo, ele afirma que o método é mais seguro. Isso porque o software se torna capaz de distinguir até a menor das semelhanças entre as pessoas.

A Unike faz parte do grupo Blockpar, também fundado por André Barretto. A empresa também é proprietária das startups ZigPay e ZackPay.

Tecnologia e inovação
Formado em engenharia da computação, Barretto já possuía experiência e conhecimento técnico em serviços de biometria. Grande parte dessa carga foi adquirida quando ele trabalhava como diretor de Inovação no Serasa. Na época, ele foi pioneiro ao tentar implementar a tecnologia de biometria para identificação de clientes.

Na época, a burocracia para ter acesso a bancos de dados existentes fez com que o projeto não fosse para frente. Entretanto, Barretto não desistiu, criando em seguida uma empresa que comercializava uma plataforma de biometria para outros negócios. Ele conta que o propósito de seu trabalho foi sempre o mesmo: melhorar a jornada do consumidor.

Com a Unike, essa missão se completa em cinco soluções diferentes. Além da unike.PAY, utilizada para realizar os pagamentos, a empresa ainda conta com as seguintes ferramentas:

• unike.FUN: substitui os ingressos de eventos, permitindo desde a entrada até a saída do usuário sem a necessidade de papéis ou celulares;

• unike.ID: visa facilitar o acesso para estabelecimentos diversos, como condomínios corporativos e residenciais;

• unike.SHOP: voltada para a inteligência de dados, ajuda a identificar anonimamente perfis de consumidores que circulam em shoppings, ajudando na elaboração de estratégias de marketing;

• unike.EDU: possibilita a identificação e autentificarão de estudantes física ou virtualmente (em plataformas EAD). Dessa forma, é possível realizar ações como confirmação de presença em salas de aulas, provas e eventos com mais facilidade.

Barretto conta que a tecnologia da empresa já está pronta para aplicações comerciais. Agora, a expectativa é que a Unike se consolide no mercado em 2020. “Nosso principal desafio para este ano é quebrar paradigmas.” A meta da empresa é implementar sua tecnologia em ao menos cinco clientes.

FONTE: PEGN