Egito constrói, em pleno deserto, a maior fazenda solar do mundo

A previsão é de que, até 2019, esteja concluído o complexo de 30 usinas que ajudará o país a fazer a transição de energia de combustíveis fósseis para fontes verdes

O Egito será casa da maior fazenda solar do mundo. Localizado a 650 quilômetros ao sul da cidade do Cairo, o parque solar deve ser inaugurado no ano que vem, causando uma importante mudança na produção de energia do país. Atualmente, o Egito tem mais de 90% de sua eletricidade proveniente do petróleo e do gás natural. O governo prevê que até 2025 consiga obter 42% da eletricidade a partir de fontes renováveis.

O local não fica longe de onde nasceu um sonho solar em 1913, pelas mãos do americano Frank Shuman. Para aproveitar o forte sol egípcio, ele construiu nos arredores de Cairo aquela que pode ser considerada a primeira usina térmica solar do mundo. Na época, a energia gerada chegava a bombear 6.000 galões de água do rio Nilo, o principal do país, para irrigar um campo de algodão próximo dali. A criação, porém, “foi por água abaixo” no período da II Guerra Mundial, quando houve a descoberta do petróleo barato.

De volta a 2018, as autoridades egípcias têm falado bastante do potencial do setor de energias renováveis do país, principalmente porque visam a geração de empregos e um grande crescimento. Além disso, desejam reduzir as emissões de gases na atmosfera. Recentemente, a capital Cairo foi considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a segunda cidade mais poluidora do planeta.

O complexo será operado por grandes empresas de energia do mundo e deve gerar até 1,8 gigawatts de eletricidade. Isso é o suficiente para abastecer centenas de milhares de residências e empresas. O local contará com um total de 30 usinas solares. A primeira delas começou a funcionar em dezembro e já emprega 4 mil trabalhadores.

Crise energética
O fechamento de fábricas e de estabelecimentos comerciais em geral devido a blecautes prolongados foi um dos motivos que levaram a população egípcia às ruas em 2011. A consequência dessa insatisfação social foi a destituição do presidente Mohamed Morsi, em 2013.

Hoje, a população não enfrenta mais interrupções energéticas, mas o Egito – antes um exportador de gás – precisa importar gás natural liquefeito, o que é caro, para atender a 96 milhões de habitantes. A expectativa é que a demanda por energia mais que dobre até 2030, de acordo com Victoria Cuming, da Bloomberg New Energy Finance.

FONTE: ÉPOCA