A edtech brasileira que concorre a prêmio de inovação do SXSW com plano de impactar 10 mil escolas

Com foco em melhorar a vida financeira de escolas de educação básica, o Educbank é a única startup latino-americana entre as 50 finalistas do SXSW Innovation Awards de 2023.

Educbank criou sistema que injeta capital em escolas de educação básica — Foto: Getty Images

Mesmo no mercado global de edtechs, o foco em criar soluções voltadas para a primeira fase do desenvolvimento humano, a educação básica, ainda é incipiente. Em geral, esse ainda é um setor dominado por soluções voltadas para especialização, formação profissional e nível superior.

No Brasil, entre as 678 startups com soluções voltadas para a educação, 46% estão concentradas em soluções para educação continuada, enquanto apenas 15,5% são negócios que olham para educação infantil e ensino médio, segundo relatório da plataforma Distrito. A tendência, no entanto, é que a participação da primeira infância, por exemplo, no mundo das edtechs cresça.

Até 2026, as startups voltadas para esse público devem movimentar algo em torno de US$ 480 bilhões no mundo, o que representa um crescimento de 10,5% em seis anos. Criar soluções de tecnologia voltadas ao estágio inicial da vida é o combustível desses negócios.

Entre as representantes brasileiras desse segmento está a Educbank, uma startup que ajuda escolas de ensino básica a terem acesso a capital e sistemas de gestão. Fundada em 2020, a solução desenvolvida pelo empreendedor Danilo Costa é a única latino-americana entre as que concorrem ao SXSW Innovation Awards de 2023.

A premiação anual criada pelo South by Southwest há 24 anos elege as soluções digitais mais disruptivas e criativas que estão sendo desenvolvidas no mundo. Entre os 50 finalistas que concorrem ao prêmio deste ano, a brasileira Educbank concorre na categoria Impacto Social, como primeiro e principal ecossistema financeiro dedicado à educação básica no continente.

“Acho que ser uma das finalistas é uma forma de inspirar e provocar todo o ecossistema de inovação, que nunca teve a educação básica como prioridade, a entrar mais nessa agenda”, diz Danilo Costa, fundador e CEO da Educbank. “É uma dupla provocação ao ecossistema: de um lado, por sermos uma empresa da América Latina e, do outro, por ser um negócio de educação básica, que precisa entrar na agenda empresarial”.

Com uma rede de pouco mais de 200 escolas, em 23 estados, a meta da startup é ter 10 mil instituições parceiras, o que representa 25% do total de escolas particulares no Brasil. Além do modelo de financiamento das mensalidades, o programa da startup inclui subsídio de tecnologias para gestão, como sistema de sistemas de gestão (ERP) e aprendizagem (LMS).

Danilo Costa, fundador da Educbank — Foto: Divulgação

Danilo Costa, fundador da Educbank — Foto: Divulgação

O negócio nasceu a partir da experiência de seu fundador como dono de escola. Em 2016, após deixar para trás uma carreira no mercado financeiro, Danilo fundou a Vereda Educação, primeira rede de escolas em tempo integral voltada para famílias de média e baixa renda no estado de São Paulo.

Lá, ele sentiu na pele como o problema da inadimplência nas mensalidades escolares era uma barreira que tomava tempo na administração escolar e impedia a instituição de investir nela mesma e nos alunos. “Isso faz com que a escola tenha uma demanda enorme por capital de giro. Por outro lado, é um setor que não tem acesso a capital. Eu percebi que esse era um dos principais gargalos para a educação privada no país”, diz Costa.

Os anos à frente da gestão escolar – e o capital que recebeu em 2020 com a venda da rede de ensino – o levaram a criar o modelo da Educbank, que funciona como um financiador de capital das instituições de ensino. “Queria permitir que os gestores de escolas pudessem focar no que realmente importa para educação. Se você não sabe nem como vai fechar as contas do mês, isso não tem como acontecer”, avalia o fundador.

Injeção de capital e sistemas de gestão

Depois de um processo de seleção que é feito pela startup, as escolas que se aliam ao negócio recebem o financiamento integral das mensalidades dos alunos. Em troca, pagam uma taxa fixa em cima de todas as mensalidades – que varia de acordo com o risco de cada instituição.

Mesmo que os pais atrasem o pagamento, a instituição tem garantido o valor integral do que receberiam a partir da Educbank. O equilíbrio da conta costuma vir no fim do ano, quando os pais precisam quitar os atrasos com as instituições de ensino para poderem fazer a rematrícula dos filhos.

Além de injetar dinheiro, a edtech também trabalha com soluções de gestão para melhorar a administração das escolas e com serviços de meios de pagamento de mensalidades. “Quando a escola é aprovada no nosso processo, nós passamos a trabalhar com elas em duas frentes: capital de giro e ferramentas de gestão”.

Desde o início das operações, o negócio registrou um crescimento médio de 40% ao mês. Em julho do ano passado, a startup levantou R$ 200 milhões em uma rodada Série A liderada pela Vasta e com participação do fundo Marrakech Capital. Em setembro de 2022, Danilo foi eleito um dos jovens mais inovadores da América Latina no ranking MIT Innovators Under 35 Latam 2022.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/especiais/sxsw/noticia/2023/03/a-edtech-brasileira-que-concorre-a-premio-de-inovacao-do-sxsw-com-plano-de-impactar-10-mil-escolas.ghtml