E-commerces chineses miram expansão internacional e atraem private equity

Gestora americana de private equity TPG levanta US$ 465 milhões em novo fundo da Hidden Hill Capital, que aposta em startups de logística que prestam serviços para varejistas como Shein e JD.com

Ainda que o mercado de tecnologia na China passe por um momento de apreensão por conta do cenário conturbado que o país atravessa – e faça até com que alguns investidores migrem para outros mercados, como a América Latina –, há quem ainda esteja apostando no crescimento de startups chinesas.

Nesta sexta-feira, 2 de dezembro, a Hidden Hill Capital, braço de investimentos da empresa de logística GLP, com sede em Cingapura, levantou US$ 465 milhões em um novo fundo. O principal investidor é a TPG, uma das principais gestoras de private equity nos Estados Unidos.

O novo fundo será dedicado a investimentos em startups globais de logística. Mas isso não significa investir em qualquer logtech. No radar estão as startups que mantêm ou pretendem ter negócios com varejistas chinesas que já vendem ou desejam vender produtos para consumidores fora da China.

Este é o quinto fundo da Hidden Hill, gestora fundada em 2018 e que tem operações físicas em Xangai e Hong Kong. Ao todo, a empresa de capital de risco administra mais de US$ 3,6 bilhões em ativos. Além de logística e cadeia de suprimentos, os investimentos também são feitos em empresas que operam com energia renovável.

A Hidden Hill já investiu em seis empresas com essas características. As principais apostas foram na JD Logistics, a unidade de logística do e-commerce JD.com; na Jet Commerce, parceira de marketing e logística da Sea, que controla a Shopee; e no ZongTeng Group, que lida com a questão logística da ByteDance e da varejista Shein.

O aporte da TPG no fundo da Hidden Hill está sendo feito através da NewQuest Capital Partners. Trata-se de uma gestora de private equity focada em investimentos no mercado asiático e que teve sua operação adquirida pela TPG em fevereiro do ano passado.

“Tendo a China como centro, vemos a oportunidade da Ásia desenvolver uma cadeia de suprimentos unificada para atender ao mercado global”, disse Higashi Michihiro, diretor de estratégia da GLP na China e sócio fundador da Hidden Hill para a Bloomberg. “A Ásia terá sua própria UPS (serviço de postagem americano) no futuro.”

A aposta da Hidden Hill é que o setor de tecnologia da China vai acelerar sua expansão internacional motivada pelos desafios crescentes de operar dentro do próprio país. Nos últimos meses, houve um aumento na pressão regulatória em cima das companhias chinesas.  A crise de Covid-19 no país é outro obstáculo.

Por conta disso, empresas de varejo na China enfrentam um 2022 complicado, pelo menos em relação à movimentação de suas ações nas bolsas de valores. Avaliada em US$ 107 bilhões, a JD.com perdeu 13% de valor de mercado desde o começo do ano. O Alibaba, que vale US$ 243 bilhões, desvalorizou 24% no mesmo período.

Ainda assim, há otimismo para uma retomada. “O objetivo de trazer empresas chinesas para o exterior não é apenas dar a elas um novo fluxo de receita, mas também oferecer aos nossos LPs (sigla para limited partners) outra janela para sair do atual ambiente macro”, disse Richard Dong, outro sócio fundador da Hidden Hill para a Bloomberg.

FONTE: https://neofeed.com.br/blog/home/e-commerces-chineses-miram-expansao-internacional-e-atraem-private-equity/