E-commerce brasileiro deve chegar a US$ 78 bi em transações em 2026

Valor deve passar de US$ 52 bilhões em 2022 para US$ 78 bilhões em 2026, com 11% de crescimento ao ano no período, segundo o relatório Global Payments Report 2023 da Worldpay from FIS.

O pico de crescimento que as operações em e-commerce registraram durante os dois primeiros anos de pandemia já passou — mas o setor seguirá crescendo de forma robusta, segundo o relatório Global Payments Report 2023 da Worldpay from FIS, que identifica as principais tendências de pagamentos nas lojas online e fornece potenciais cenários de evolução do mercado.

Em 2022, o valor transacionado globalmente no e-commerce cresceu 10% em relação ao ano anterior, aponta o documento. Com previsão de 9% de crescimento ao ano entre 2022 e 2026, os dados indicam que o valor transacionado globalmente no e-commerce aumentará de aproximadamente US$ 6 trilhões em 2022 para mais de US$ 8,5 trilhões em 2026.

“Falando especificamente do mercado brasileiro, o movimento que se viu foi o seguinte: em 2019, houve uma desaceleração marcante no e-commerce. Depois, a pandemia transformou esse cenário, quando o setor disparou. O interessante é que o ritmo de crescimento se manteve em 2022, e deverá se manter nos próximos anos”, analisa Juan D’Antiochia, vice-presidente sênior da Worldpay from FIS.

Todos os mercados da América Latina pesquisados no relatório projetam crescimento anual de dois dígitos até 2026. No Brasil, o valor das transações deve passar de US$ 52 bilhões em 2022 para US$ 78 bilhões em 2026, com 11% de crescimento ao ano, segundo as previsões.

As principais tendências em meios de pagamento

O estudo também aponta as principais tendências em relação aos meios de pagamento utilizados no e-commerce. Hoje, os consumidores querem “jornadas de pagamento personalizadas que mantenham os dados seguros e acelerem o processo de checkout”, informa o relatório. Confira algumas das tendências apontadas no levantamento:

Pagamentos conta a conta (A2A ou “Account to Account”) decolam

Os pagamentos conta a conta (quando a transferência é feita da conta do cliente diretamente para a conta da empresa) estão decolando. É o caso do Pix no Brasil: sua popularidade dobrou a participação do método conta a conta no valor transacionado no e-commerce brasileiro, de 12% em 2021 para 24% em 2022, podendo chegar a 35% em 2026.

“O Pix resolveu uma necessidade represada da população. É uma ferramenta tão sofisticada quanto simples. Sofisticada em termos de velocidade e simples na forma de utilizar. É um recurso com tudo o que o mercado estava precisando, o que explica sua popularidade. Hoje em dia, não oferecer a possibilidade de Pix é uma estratégia suicida para qualquer varejista”, diz D’Antiochia.

O valor global das transações A2A ultrapassou US$ 525 bilhões em 2022 e está projetado para crescer 13% CAGR até 2026.

Carteiras digitais ampliam domínio, mas Brasil diverge

Carteiras como Alipay, PayPal e Apple Pay continuam sendo o principal método de pagamento em escala global no e-commerce, com 49% de participação. As wallets também permanecem entre os métodos de pagamento de crescimento mais rápido, com 12% de expansão anual no e-commmerce previsto até 2026.

No Brasil, o cenário é um pouco diverso. O método preferido de pagamento ainda é o cartão de crédito, com 39% de participação no valor transacionado no e-commerce em 2022. As carteiras digitais registraram 18% de participação.

Buy now, pay later sofre com cenário econômico

O modelo “buy now, pay later” ou “compre agora, pague depois” — também conhecido pela sigla em inglês BNPL — enfrenta dificuldades. O aumento da inflação e a pressão das taxas de juros dificultam a expansão desse método, que não deixa de ser uma forma de oferecer crédito aos clientes.

No entanto, o BNPL continua popular entre os consumidores e representou 5% dos gastos globais no e-commerce em 2022. A previsão até 2026 é decrescimento sustentável, informa o relatório.

“É um modelo que cresce, mas cresce devagar. Para o brasileiro, é semelhante ao antigo crediário que as varejistas ofereciam. Para o resto do mundo ainda é uma novidade, e apesar disso cresce de forma sustentável na Europa e nos Estados Unidos. Éuma tendência que vai se acentuar porque oferece uma alternativa de crédito que não compromete o limite do cartão”, analisa D’Antiochia.

O valor global transacionado por BNPL no e-commerce é projetado para crescer 16% ao ano entre 2022 e 2026.

Criptos ainda engatinham

As criptomoedas passaram por extrema volatilidade de mercado no ano passado, o que serviu como um obstáculo à sua maior aceitação como método de pagamento P2B (people to business), informa o documento. As transações com criptos movimentaram o equivalente a US$ 11,6 bilhões em estabelecimentos de e-commerce em 2022, o que representa 0,19% do valor transacionado global no e-commerce. O valor inclui pagamentos diretos feitos por meio de carteiras digitais de criptomoedas, bem como transações por meio de cartões de débito e crédito lastreados em criptomoedas.

“As criptomoedas ainda são uma ferramenta de investimento. Existem algumas alternativas no meio do caminho, por exemplo as carteiras de cripto que debitam na conta cripto do consumidor, mas para o varejista é uma transação em moeda fiduciária. Além disso, o nível de volatilidade elevado cria mais uma barreira”, observa D’Antiochia.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/futuro-do-dinheiro/noticia/2023/08/e-commerce-brasileiro-deve-chegar-a-us-78-bi-em-transacoes-em-2026.ghtml