Dúvidas sobre regras rodeiam as fintechs

Dúvidas sobre regras rodeiam as fintechs

A regulação para startups financeiras de crédito prestes a sair pelo Banco Central é vista com bons olhos, mas expansão a outras iniciativas é tida como necessária.

Apesar de a nova regulação às fintechs de crédito ser bem-vinda, mercado ainda tem dúvidas e se preocupa com “timing” do panorama brasileiro em relação ao cenário internacional. O movimento se estende para investimentos e criptomoedas.

“É muito positivo esse posicionamento do Banco Central (BC) em querer passar a regulação. O impacto é direto em quem já atua, mas ainda existem pontos que não estão claros”, avalia o CEO da Kavod Lending, Fabio Neufeld.

A perspectiva é que já na próxima semana o Conselho Monetário Nacional (CMN) avalie as propostas referentes à definição de regras para o funcionamento dessas fintechs de empréstimos.

Além de dúvidas quanto as questões tributárias e de exigências de capital ainda permearem o segmento, porém, outros pontos em relação à concorrência do sistema financeiro junto às startups financeiras também preocupam executivos do setor.

De acordo com a diretora da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Stephanie Fleury, o posicionamento dos bancos mais tradicionais em relação às fintechs ainda têm se mostrado bastante contrário ao desenvolvimento dessas iniciativas.

“A própria ação do Nubank no Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica] já mostra que essas instituições não estão abrindo espaço e nem vendo com bons olhos. Por isso o respaldo do BC traz fôlego para as fintechs em relação à confiabilidade, característica que, fora o dinheiro, é o que os grandes têm de mais valioso”, afirma a executiva.

No final do mês passado, o Cade abriu, a pedido do Nubank, um inquérito contra os grandes bancos para avaliar práticas que estariam limitando a concorrência no setor.

Segundo o membro do advisor board da B3, Guga Stocco, como os impactos nas gerações atualmente “são de sete em sete anos”, parte da dificuldade do mercado vem na atualização dos sistemas.

“As fintechs são uma tendência grande principalmente porque têm uma forte estratégia em estarem no mobile”, explica o executivo e pondera que, nesse sentido, “agilidade passa a ser muito importante” para todo o sistema.

“Para ter agilidade é preciso mexer na cultura e na forma com a qual aprendemos a fazer as coisas. Assim, nem sempre as coisas tradicionais e previstas em regulações se encaixam nesse novo mundo”, completa.

“Transição”

Tais atualizações também têm sido necessárias em criptomoedas e investimentos.

Segundo o superintendente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Daniel Maeda, a expectativa é de que a autarquia divulgue já no início de maio, um parecer sobre investimento indireto em fundos de criptomoedas no exterior.

“Estamos bastante preocupados em não perder o timing das coisas e, por isso, precisamos sempre mudar o mercado, esclarecendo a melhor forma de fazer essa transição”, diz.

“Tudo, porém, tem um período de maturação. Mas a partir do primeiro passo para a regulação dessas novidades é que os caminhos começam a se abrir de forma mais significativa”, conclui Fleury.

FONTE: DCI