Drones militares e satélites-espiões descobrem civilizações perdidas no Afeganistão

As tecnologias militares e de espionagem lançaram luz sobre a Rota da Seda, revelando uma coexistência incrível de civilizações e religiões no país.

Enquanto o Afeganistão ainda está mergulhado em uma guerra que já tirou a vida a milhares de pessoas, os cientistas estão se aproveitando das tecnologias militares usadas no país para detectar tesouros arqueológicos. O governo dos EUA entregou aos pesquisadores imagens capturadas nos desertos afegãos por satélites de inteligência e drones militares, além de dados de satélites comerciais, bem como dois milhões de dólares (cerca de R$ 9,9 milhões) para financiar o estudo do material.

Os cientistas analisam esses sites arqueológicos a partir de seus escritórios seguros, longe do Afeganistão, pois é muito perigoso fazer pesquisas no próprio terreno devido à luta armada, explicou a revista Science.

Como resultado, foram encontrados milhares de vestígios arqueológicos incríveis, que às vezes se destacam apenas alguns centímetros acima do terreno ou estão completamente cobertos de areia. O estudo trouxe à luz civilizações perdidas que prosperaram ao longo da famosa Rota da Seda, mesmo em épocas que se acreditava que essa rota comercial lendária já não existia.

O estudo refuta a ideia comumente aceita que as civilizações espalhadas ao longo da Rota da Seda, entre a Ásia e a Europa, entraram em declínio nos séculos XV e XVI, depois de os navegadores portugueses terem aberto a rota marítima para a China e Índia. Entre as descobertas estão caravançarais gigantes, os precursores dos atuais “motéis”, onde os comerciantes se hospedavam e que foram construídos desde épocas antes de Cristo e até o século XIX.

Escovações arqueológicas

Em particular, nos desertos meridionais do Afeganistão foram descobertos 119 caravançarais construídos entre os séculos XVI e XVII a uma distância de 20 quilômetros entre si, justamente a distância que uma caravana pode atravessar em um dia. Trata-se de enormes complexos construídos com tijolos de barro, com lados de mais de 100 metros de comprimento e com capacidade para abrigar centenas de comerciantes e milhares de seus camelos, informou a Science.

Outros sítios arqueológicos estão relacionados com vestígios do Império Parta, contemporâneo da Roma Antiga, e incluem um extenso sistema de canais usados durante um milhar de anos, a maioria dos quais agora estão “enterrados”.

Talvez a descoberta mais marcante seja a coexistência incrível na zona de religiões muito diferentes. Em um dos vales, as imagens revelaram vestígios de estupas budistas, templos de fogo do zoroastrismo e santuários helenísticos.

FONTE: SPUTNIK