Draiver aposta em delivery de carros no Brasil

Plataforma americana focada em logística de veículos para concessionárias e gestoras de frotas fez piloto no país e já está em outros mercados latino-americanos.

Zarif Haque, fundador da Draiver: startup conecta motoristas a empresas de aluguel de carro e gestão de frotas — Foto: Divulgação

Quem olha de fora a operação de empresas como LocalizaMovida e Unidas, ou mesmo qualquer companhia que precise lidar com gestão de frota própria, não imagina a logística e mão de obra necessárias para locomover e registrar a movimentação dos veículos. O americano Zarif Haque viveu a dificuldade na pele como proprietário de uma concessionária e, em 2013, fundou a Draiver, para solucionar o gargalo. A startup agora chega ao Brasil de olho num segmento logístico que movimenta mais de US$ 1,3 bilhão por ano.

“Como usuários, não enxergamos uma parte gigantesca da operação de concessionárias e empresas de gestão de frotas. Carros são ativos caros, o empreendedor quer saber tudo sobre eles: onde estão, quem vai dirigir. Isso era feito de forma muito analógica até a gente propor uma solução”, conta o fundador e CEO ao Pipeline. “Pensando na América Latina, vemos um gap onde podemos atender as necessidades desses negócios, enquanto oferecemos uma alternativa rentável e segura para tantas pessoas procurando trabalho.”

Além de oferecer o serviço de “delivery de carros sob demanda”, em que conecta empresas compradoras a motoristas freelancers, que recebem por trecho, a Draiver informa a geolocalização e entrega dados de logística em sua plataforma, que conta com inteligência artificial. A startup tem, portanto, com duas fontes de receita: a mensalidade que recebe das empresas como software as a service (SaaS), que varia de acordo com o tamanho da corporação, e a cobrança transacional cada vez que aciona um de seus motoristas parceiros.

Para atrair esses trabalhadores, vai concorrer com outros aplicativos, como Uber e 99, já estabelecidos por aqui. Mas a relação, garante Haque, vai ser muito diferente. “Há uma demanda enorme de motoristas querendo trabalhar conosco. Até hoje, as empresas da gig economy não foram capazes de criar uma relação de confiança com seus prestadores de serviço. Nós vamos priorizar isso, queremos ter um relacionamento duradouro, de longo prazo, com esses profissionais.”

No ano passado, a companhia faturou US$ 40 milhões, com uma média de seis mil carros/dia entregues em 70 cidades, por meio de 20 mil motoristas segurados.

A companhia ainda não chegou ao breakeven, mas vem tocando a operação com captação com investidores institucionais. Até 2020, a Draiver havia levantado cerca de US$ 2,6 milhões, atraindo investidores como Brian McClendon, VP de produto da Uber e co-criador do Google Maps e Google Earth. A companhia fez mais uma rodada recente, mas não abre detalhes do cap table.

Em fase piloto no Brasil, a Draiver já movimentou 3 mil veículos em pouco mais de dois meses de operação. É um mercado com grande potencial, na visão do executivo. Há cerca de 45 milhões de veículos que são movimentados pelo menos seis vezes por ano no país. Além do Brasil, a Draiver prepara o lançamento da operação no México, um mercado semelhante em termos de características e demandas, e no Canadá.

A plataforma já tem presença em alguns mercados da América Latina, como Venezuela, Peru, Argentina, Chile e Colômbia. Também está na Turquia. Nos EUA, seu principal mercado, ainda há espaço para crescer: empresas tradicionais de transporte de veículos ainda movimentam cerca de 250 milhões de unidades por ano, mas sem oferecer informações sobre motoristas e dados logísticos. Em breve, será lançada também a operação B2C, que será testado primeiro nos EUA: clientes pessoa física vão poder contratar o serviço para movimentar o próprio carro — do aeroporto para casa, por exemplo.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/draiver-startup-de-delivery-de-carros-aposta-no-brasil.ghtml