Dez tendências tecnológicas para manter debaixo de olho em 2018

Há uma nova geração de modelos de negócio a ganhar corpo, graças à influência de um conjunto de tecnologias que em 2018 vão continuar a marcar a actualidade. A Gartner elege 10, que vale a pena conhecer e acompanhar.

A tecnologia nunca teve um papel tão determinante na vida das empresas e dos consumidores e essa apropriação está a transformar modelos de negócio, a alterar preferências e a esticar o potencial das ferramentas de suporte à actividade das empresas.

Cada vez é possível ir mais longe nas previsões, detectar tendências mais cedo, analisar os seus impactos e consequências quase em tempo real, medir padrões, parâmetros, preferências, ou criar experiências memoráveis. E o suporte para muitas destas novas oportunidades está num conjunto de tecnologias que começam a estar presentes em todos os domínios da nossa vida, com a Inteligência Artificial (IA) a ocupar lugar de destaque.

Nos últimos dois anos, a IA já tinha sido eleita como uma das grandes tendências do novo ano. Para 2018 renova o estatuto e é um dos temas mais destacados na lista de 10 tecnologias estratégicas a manter debaixo de olho no próximo ano, segundo a Gartner.

Os sistemas suportados nestas tecnologias estão a evoluir, as aplicações e os serviços que dela tiram partido multiplicam-se e o seu poder para dar novos usos a objectos que não tinham inteligência, ou a redes que “viam e sentiam” muito pouco do que estava à sua volta, é cada vez maior.

Preparar estratégias de negócio para o futuro passa obrigatoriamente por considerar estas tendências. Nem sempre para investir, mas sobretudo para estar ciente do rumo do mercado e dos aspectos que podem influenciar cada sector. E a inteligência artificial não é o único. Veja em detalhe as 10 tecnologias eleitas pela Gartner.

 

1. Alicerces da inteligência artificial

A IA está a evoluir de forma acelerada e as empresas que queiram aproveitar a oportunidade terão de investir em competências, processos e ferramentas, que ajudem a melhorar os sistemas suportados nestas tecnologias. Reinventar modelos de negócio e garantir uma melhor experiência de utilizador estão entre as grandes promessas da IA, mas isso exige a aposta em sistemas capazes de aprenderem e de se adaptarem de forma dinâmica a novos “inputs”, numa lógica semiautónoma ou autónoma.

Entre as áreas que mais vão concentrar investimentos neste domínio da IA, a Gartner elege a preparação e integração de dados, algoritmos, criação de modelos e selecção de metodologias, antecipando uma necessidade de colaboração crescente entre diferentes competências, de programadores a cientistas de dados, passando por gestores de processos de negócios.

  

2. Aplicações e analítica inteligentes

A Gartner defende que, nos próximos anos, qualquer aplicação vai incorporar algum tipo de inteligência artificial, de forma mais ou menos intensiva. Estas “apps” inteligentes tendem a transformar o modo como trabalhamos, seja por via da automatização de um conjunto de funções que hoje requerem acção humana ou pelo facto de potenciarem novas formas de tirar partido da informação disponível. Vão abrir-se caminhos a análises mais aprofundadas de dados, que se vão tornar acessíveis a um leque mais vasto de utilizadores de negócio, enquanto os assistentes virtuais ganham espaço para gerir interacções, dentro e fora da empresa.

 

3. “Coisas inteligentes”

Automóveis, drones, robôs, são exemplos concretos de objectos/coisas que ganharam inteligência através da IA, potenciando capacidades e modos de utilização. Graças à tecnologia estão a evoluir para formas mais naturais de interagirem com o que os rodeia, incluindo os humanos. Esta é uma tendência que continuará a ganhar terreno em 2018 e a produzir resultados em diversos sectores, defende a Gartner. A consultora antecipa que o número de objectos a receber novas capacidades através da IA e do “machine learning” tende a disseminar-se ainda mais. O passo seguinte será fazê-los comunicar entre si, numa lógica de colaboração, que pode ou não precisar de intervenção humana.

4. Gémeo digital

Para a Gartner, o tema tende a assumir grande relevância nos próximos três a cinco anos. O conceito tem vindo a ganhar destaque na indústria, onde permite replicar linhas de produção, simular e planear a partir destas réplicas digitais. No curto prazo, será um recurso importante na gestão de activos, que tende a ganhar espaço como instrumento para melhorar a eficiência operacional e fornecer informação sobre como está determinado produto a ser usado e como pode ser melhorado.

A Gartner antecipa que, a prazo, todos os aspectos do mundo real estarão ligados a representações digitais que, através da IA, vão permitir fazer simulações e análise avançada de dados. Estas ferramentas são promissoras sobretudo em áreas como o marketing digital, a saúde ou o planeamento urbano, além da já referida indústria.

 

5. “Cloud” até ao limite da rede (“edge”)

Com esta tendência a Gartner pretende destacar a importância crescente do “edge computing”, que optimiza o modo de funcionamento dos sistemas “cloud”, ao permitir o processamento de dados nos limites/extremos da rede, mais perto das fontes da informação. O modelo começa a revelar-se crítico para agilizar o funcionamento de redes que recorrem de forma intensiva à IoT, porque ajuda a resolver constrangimentos relacionados com a largura de banda, ou a latência.

A consultora acredita que as empresas devem olhar para a tendência e começar a desenhar as suas infra-estruturas de rede com ela em mente.

Não devem vê-la como um concorrente da “cloud”, mas como um complemento, que pode ser usado para definir modelos de entrega (centralizados ou descentralizados) dos serviços assegurados pela nuvem.

 

6. Plataformas de conversação

Espera-se que, a prazo, alterem completamente a forma como humanos e máquinas comunicam. O grande desafio para estes sistemas de interpretação da linguagem natural está na capacidade de compreender e interagir com discursos menos estruturados, mas a evolução continuará e a Gartner acredita que chegarão muito mais longe. Se hoje já é possível perguntar a este tipo de software as temperaturas para amanhã, ou pedir para fazer uma reserva no restaurante italiano de determinada zona numa cidade, num futuro não muito longínquo será possível usá-lo para recolher depoimentos de testemunhas em situações de crimes, ou para fazer ou retrato-robô de um suspeito, por exemplo.

A robustez dos modelos de conversação e da interface da aplicação ou dos modelos de eventos usados para apresentar resultados serão os principais factores diferenciadores entre aplicações nesta área, preconiza-se.

7. Experiência imersiva

Não são só as plataformas de conversação que tendem a mudar a forma de interacção com o mundo digital nos próximos anos. A Realidade Aumentada (RA) e a Realidade Virtual (RV) concorrem no mesmo sentido e, em conjunto, as três tecnologias prometem transformar a experiência de utilizador num leque gigantesco de serviços.

Ao longo dos próximos cinco anos é uma combinação destas duas propostas alternativas de realidade que mais vai dar nas vistas e merecer investimento da indústria, diz a previsão. A chamada realidade mista combina o poder das experiências imersivas da RV com objectos reais do mundo físico, que na RA também nunca perdem totalmente o seu lugar.

Para agarrar esta oportunidade, fabricantes de hardware e software já estarão a posicionar-se. Não apenas nos computadores, mas também nos telemóveis e “tablets” e é nesse palco que a Gartner espera mais novidades em 2018, com o lançamento de equipamentos compatíveis com este tipo de experiência.

 

8. “Blockchain”

A tecnologia que está na base das moedas virtuais continuará a ser um dos grandes temas de 2018, pelo seu potencial para substituir os actuais mecanismos de validação de transacções comerciais e financeiras. Assenta num método de validação descentralizado e altamente complexo, que seduz pela segurança que pode garantir, mas que continua a gerar desconfiança porque a tecnologia é imatura, pouco testada e nada regulada.

Ainda assim, a Gartner antecipa caminhos de sucesso para o “blockchain”, em áreas como a saúde, a distribuição de conteúdos, as cadeias de abastecimento e outros, enquanto o seu potencial na área financeira não se concretizar.

A quem pretende investir, a consultora sublinha a necessidade de conhecer muito bem a tecnologia. Aconselha a montar equipas com as competências adequadas, a identificar pontos de integração com as infra-estruturas existentes e a garantir capacidade de monitorizar em detalhe a evolução da plataforma.

 

9. Orientação a eventos

Os negócios digitais caracterizam-se pela capacidade de estarem sempre prontos para responder a novos eventos de negócio, como a concretização de uma encomenda, ou outro momento pontualmente importante na operação. Tecnologias como a IA ou a IoT vieram ajudar a identificar e a analisar mais rapidamente o potencial, ou o impacto, de novos eventos de negócio e, como tal, permitem que as empresas se preparem melhor para eles. Esta lógica de “pensamento por eventos” está por isso a disseminar-se e deve ocupar lugar de destaque na estratégia digital de qualquer empresa, diz a Gartner. Em 2020, este tipo de atributos será um requisito em quatro quintos das soluções digitais de negócio, acredita a consultora.

 

10. Adaptação contínua do risco e da confiança

As técnicas antigas de prevenção de riscos tendem a resultar cada vez menos no mundo digital, à medida que as tecnologias e os ambientes ganham complexidade. A protecção de infra-estruturas e de perímetro não chega para detectar todas as ameaças e requer-se, cada vez mais, uma abordagem contínua de adaptação ao risco e à confiança (CARTA – Continuous Adaptive Risk and Trust Assessment), que permita acções em tempo real, adaptadas a cada momento.

A segurança deve estar cada vez mais centrada nas pessoas e os programadores devem ter responsabilidades sobre este tipo de medidas, integrando o tema nos esforços de DevOps, recomenda-se.

FONTE: NEGÓCIOS