Desenvolvida “droga inteligente” que pode combater um dos cancros da mama mais agressivos

Os investigadores desenvolveram um medicamento para avançar no tratamento de cancro de mama triplo-negativo. Observou-se “uma redução significativa do tumor e o atraso na progressão do cancro”.

Cientistas do Massachusetts General Hospital e do Centro Médico Irving da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, desenvolveram um medicamento que pretende combater um dos cancros da mama mais agressivos, avançou o jornal El Mundo. Segundo os investigadores, o medicamento “é muito promissor em mulheres com cancro de mama triplo-negativo metastático, com uma previsão média de sobrevivência de cerca de 12 meses”.

A Irving Medical Center at Columbia University explica que este tipo de cancro é, infelizmente, mais comum e cresce e dispersa-se mais rápido do que a maioria dos outros tipos de cancro de mama, mas reagiu bem a este novo tratamento ministrados a 108 mulheres dos EUA que integraram o ensaio clínico.

sacituzumabgovitecan, ou “droga inteligente”, como os investigadores lhe chamam, foi desenvolvido pela empresa farmacêutica Immunomedics, e concebido para aplicar uma carga tóxica diretamente nas células cancerosas. Trata-se de um cocktail de anticorpos e quimioterapia que reconhece uma proteína das células do cancro de mama conhecida como Trop-2 a que é aplicado um quimioterápico (irinotecan, SN-38). Com este fármaco ‘inteligente’, diz Kevin Kalinsky, oncólogo do Presbyterian Hospital de Nueva York, citado pelo El Mundo, pode ser aplicada “uma dose muito elevada”.

O especialista acrescenta ainda que “se observou uma redução significativa do tumor e o atraso na progressão do cancro em comparação com outros medicamentos utilizados habitualmente para o tratamento de tumores metastáticos”.

O New England Journal of Medicine explica como estes testes foram realizados em mulheres com cancro de mama triplo-negativo metastático, que já tinham recebido uma média de três terapias anteriores. Durante o tratamento, houve quatro mortes, no entanto, 33% dos pacientes reagiram positivamente ao medicamento.

Foram identificados efeitos secundários como diarreia, náuseas, perda de cabelo e fadiga, mas somente 3% dos pacientes foram obrigados a interromper o tratamento. Kevin Kalinsky salienta que o mais importante é que “o medicamento não causou neuropatia, nem dormência, que pode ser bastante dolorosa para os pacientes”, pois pode dificultar os movimentos do corpo.

No entanto, a “droga inteligente” continua em fase experimental e a FDA (Food and Drug Administration) ainda não o aprovou.

No comunicado, a farmacêutica Immunomedics afirma que acredita “no potencial do sacituzumab govitecan como opção de tratamento viável para esses pacientes”, e que irá trabalhar com a FDA para que este tratamento esteja o mais rapidamente possível disponível.