Derrubada de satélites na Terra pela SpaceX gera polêmica entre a comunidade científica

A medida de segurança de derrubar satélites levanta preocupações entre os cientistas atmosféricos sobre possíveis implicações no clima do planeta.

Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a SpaceX acaba de anunciar um plano para derrubar 100 satélites Starlink nos próximos seis meses. Essa decisão vem à tona após a descoberta de uma falha de design que poderia comprometer o funcionamento desses equipamentos.

Em vez de arriscar possíveis ameaças a outras espaçonaves, a empresa optou por uma abordagem cautelosa, escolhendo “desorbitar” esses satélites, deixando-os queimarem na atmosfera durante o processo.

No entanto, essa medida de segurança levanta preocupações significativas entre os cientistas atmosféricos, que agora estão alertando para possíveis implicações no clima terrestre.

Recentemente, uma equipe de pesquisadores fez uma descoberta inesperada ao encontrar potenciais metais prejudiciais à camada de ozônio provenientes de naves espaciais na estratosfera, a camada atmosférica onde esse gás é formado.

NASA e ESA definem método mais adequado de descarte de satélites inativos

O crescimento do número de espaçonaves na órbita baixa da Terra, como os satélites da Starlink e aqueles que monitoram os ecossistemas terrestres, está gerando uma crescente preocupação. Só a Starlink já possui mais de cinco mil espaçonaves em órbita.

Para lidar com esse congestionamento, a remoção de detritos espaciais tornou-se uma prioridade urgente para a indústria espacial. Além disso, regulamentos exigem que espaçonaves recém-lançadas sejam removidas da órbita dentro de 25 anos (os EUA implementaram recentemente uma regra mais rígida de cinco anos), seja subindo para uma chamada “órbita de cemitério” ou descendo para queimar na atmosfera.

Os satélites em órbitas mais baixas são projetados para reentrar na atmosfera usando o combustível remanescente e a gravidade da Terra. Esse método de descarte é apoiado pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA), sendo parte integrante de uma abordagem chamada “design for demise” (projeto para o declínio). Isso visa garantir que os satélites se quebrem e queimem facilmente durante a reentrada, evitando assim a queda de detritos perigosos na superfície terrestre.

No entanto, as recentes descobertas de substâncias destruidoras da camada de ozônio na estratosfera provocam dúvidas e preocupações adicionais. Cientistas atmosféricos, como Dan Cziczo da Universidade de Purdue, nos EUA, alertam para o potencial impacto das partículas de espaçonaves na formação de nuvens estratosféricas polares e nuvens cirrus na atmosfera superior e inferior do planeta.

Essas nuvens têm um papel importante na regulação térmica da Terra, e a introdução de novas partículas poderia desencadear mudanças climáticas indesejadas. Além disso, há uma incerteza em relação às nuvens cirrus, que, teoricamente, podem contribuir para o aquecimento global ao reter o calor do Sol.

Enquanto alguns pesquisadores alertam para os potenciais riscos, a comunidade científica ainda carece de evidências sólidas sobre o impacto real das partículas de espaçonaves na atmosfera. A combinação entre agir preventivamente e basear-se em evidências científicas é fundamental para evitar decisões precipitadas.

Em meio a esse dilema constante, faz-se urgente conduzir pesquisas aprofundadas, envolvendo cientistas atmosféricos, construtores de naves espaciais e astrofísicos. O desafio reside em encontrar respostas claras antes que seja tarde demais, evitando, ao mesmo tempo, resultados supervalorizados que poderiam prejudicar a credibilidade da ciência.

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