Depois de levantar R$ 6 milhões, e-Cross chega ao mercado para ajudar empresas a venderem a outros países

Retailtech permite que varejistas internacionais propiciem experiência de venda local para os consumidores da América Latina.

Os founders ao lado do time de cofounders da e-Cross, da esquerda para a direita: Felipe Nisrallah Saab, Rafael Martucci Lutti, Marília Faria, Rafael Sant’Anna e Walter Cardozo (no chão) Divulgação

Fazer compras em sites internacionais pode ser uma dor de cabeça para algumas pessoas. Traduzir os anúncios, fazer a conversão da moeda, calcular os impostos, entender as opções de frete. Tanta informação pode acabar afastando consumidores e desanimando varejistas. Para unir as pontas e permitir que marcas e marketplaces vendam para a América Latina, a startup e-Cross se lança como uma solução SaaS cross-border direct-to-consumer. “Queremos democratizar o acesso a produtos de marcas e vendedores de qualquer lugar para qualquer comprador”, afirma Rafael Sant’Anna, fundador.

startup lançará o primeiro MVP no fim de março, com contrato assinado com uma marca europeia, “bem conhecida mundialmente”. “Depois temos uma fila de acordos fechados de categorias distintas: eletrônicos, cosméticos e beleza, moda. A partir do lançamento, vamos colocar essas marcas no ar”, diz Sant’Anna.

O projeto chega ao mercado após captar R$ 6 milhões com investidores-anjo para dar o pontapé inicial. “Queríamos pessoas do ecossistema de logística, full commerce, plataforma SaaS, varejo, operação cambial. Identificamos perfis com capacidade de agregar valor, conhecimento, smart money genuíno”, pontua Sant’Anna.

Sant’Anna fez parte da equipe que iniciou a operação da argentina Agrofy no Brasil. Já Walter Cardozo, também fundador da e-Cross, foi CFO da Infracommerce por quase dois anos. Eles se conheceram no fim de 2021, quando Cardozo participou do processo seletivo da Sinerlog, empresa de cross-commerce da qual Sant’Anna era CEO. Eles se conectaram e perceberam que podiam criar algo que ia além da logística cross border, solucionando outras dores do processo. “Foram noites e noites para entender a tese que iria tracionar, como poderíamos agregar valor para as pontas e para os intermediários também”, relembra Sant’Anna.

A e-Cross se posiciona como retailtech. Segundo os fundadores, a startup não é varejista, marketplace, hub de integração ou operador logístico. É uma plataforma SaaS que funciona como o motor por trás das operações das empresas, destravando os elos da cadeia do e-commerce cross border, seguindo regras aduaneiras e tributárias. “Somos uma solução de tecnologia para resolver a experiência de compra, gestão logística e solução financeira. Trago para o consumidor uma experiência sem fricção, onde a compra internacional se assemelha com a local”, explica Cardozo.

Para as marcas que gostariam de expandir para a América Latina, a solução permite entrar em um novo mercado a partir de estoques globais, sem precisar investir na abertura de uma empresa local, com gastos fiscais e trabalhistas. Para aquelas que já operam na América Latina, a startup oferece a possibilidade de expandir o portfólio e aumentar o tíquete médio sem precisar testar a demanda.

Como funciona

Marcas, varejistas e marketplaces internacionais contratam a e-Cross, que se integra com as plataformas de estoque e vendas para capturar os dados dos catálogos de produtos. Todas as informações são traduzidas, as características dos itens são transformadas (peso, medida, tamanho) e os valores também são convertidos para a moeda local, com a adição dos impostos aplicáveis. O pagamento é adaptado para meios locais como pix, boleto, cartão de crédito parcelado e cartão de débito.

O cliente seguirá acessando o canal de vendas primário da marca. “Temos um conglomerado de soluções para entregar todas as etapas em uma só plataforma e o consumidor ter uma experiência de compra local, sabendo que se trata de um produto internacional”, diz Sant’Anna. A gestão da loja local segue sob o comando do varejista, que poderá definir promoções e distribuir cupons, por exemplo.

A e-Cross cuida ainda do fluxo logístico – com conexão a mais de 12 operadores –, coordenando a coleta do pacote no estoque fora do Brasil e fazendo o acompanhamento até a entrega para o cliente. Toda a emissão de documentos obrigatórios para companhias aéreas e agências reguladoras também pode ser feita na plataforma.

As empresas clientes devem pagar uma taxa de instalação, de valor fixo, que depende de quantos serviços querem contratar. Além dela, também pagam uma taxa mensal fixa e uma porcentagem por vendas, determinada de acordo com a quantidade de SKUs registrados, o tíquete médio do portfólio e a previsão de Gross Merchandise Value (valor total de uma mercadoria durante um período determinado nas vendas por e-commerce). Os contratos são de no mínimo dois anos. Até o fim de 2023, a e-Cross pretende chegar a 70 clientes e transacionar R$ 100 milhões pela plataforma.

A operação começa pelo Brasil, mas a plataforma está pronta para expansão em outros países da América Latina. O próximo mercado é o México, com previsão de lançamento para o terceiro trimestre deste ano. Depois, devem vir Colômbia, Chile e Peru.

FONTE: https://revistapegn.globo.com/startups/noticia/2023/03/depois-de-levantar-r-6-milhoes-e-cross-chega-ao-mercado-para-ajudar-empresas-a-venderem-a-outros-paises.ghtml