De uns dias para cá, intensificado pelas mudanças na política de privacidade do WhatsApp, o Signal vem despontando como uma alternativa mais segura ao aplicativo mais popular do mundo. Até então desconhecido pelo público geral, Signal ganhou fama quando figuras como o ex-analista da NSA, Edward Snowden, confessou a predileção pelo app aos 4,5 milhões de seguidores no Twitter.
Carreira
Em 2010, ele fundou a empresa sem fins lucrativos Open Whisper Systems, posteriormente comprada pelo Twitter, que o tornou chefe de segurança de produto da rede social. Quatro anos depois, ao lado do engenheiro de criptografia Trevor Perrin, criou o Signal Protocol – um sistema que fornece criptografia ponta a ponta para mensagens de texto e chamadas de voz e vídeo.
Criptografia robusta
“A missão da Signal sempre foi tornar a criptografia ponta a ponta o mais onipresente possível, ao invés de um sucesso comercial”, disse Marlinspike à revista The New Yorker. Sem fins lucrativos, a organização criada pelo hacker funciona inteiramente por doações. O produto da sua criação tem código base aberto, ou seja, está disponível para qualquer pessoa baixar, editar, melhorar e comentar.
A criptografia criada por Marlinspike em seus projetos é tão segura que só as pessoas nas duas pontas da conversa podem compreender o conteúdo da mensagem – nem mesmo autoridades conseguem quebrar o código que dá segurança à comunicação. “Em 2016, o governo dos EUA obteve acesso aos dados do usuário do Signal por meio de uma intimação”, lembra Marlinspike.
Os únicos dados disponíveis sob o poder da fundação eram a data de criação da conta e a data em que o número se conectou pela última vez aos servidores do Signal. “Não havia (e ainda não há) realmente nada para obter”, comemorou o engenheiro em um post no seu blog.
“Todos devemos ter algo a esconder”
Ainda 2013, quando o ex-analista da Agência de Segurança Nacional americana (NSA) Edward Snowden (que é um usuário do Signal) revelou programas de vigilância em massa nos EUA, Marlinspike escreveu em seu blog pessoal um artigo, no qual defendia que “todos devemos ter algo a esconder”. Para o engenheiro de software, a privacidade permite que as pessoas experimentem a violação da lei como um precursor do progresso social.
“Imagine se houvesse uma realidade distópica alternativa em que a aplicação da lei fosse 100% eficaz, de forma que qualquer infrator em potencial soubesse que seria imediatamente identificado, apreendido e preso”, escreveu Marlinspike. “Como as pessoas puderam decidir que a maconha deveria ser legal, se ninguém nunca a usou? Como os estados podem decidir que o casamento do mesmo sexo deve ser permitido?”, questionou.
O Signal foi fundado sob a premissa de que a vigilância em massa, especialmente por governos e corporações, deveria ser algo impossível. “Isso representa uma diferença fundamental em como pensamos sobre conceitos como privacidade, segurança e confiança. Não acreditamos que a segurança e a privacidade tenham a ver com o gerenciamento ‘responsável’ dos seus dados sob nosso controle, mas sim sobre como manter seus dados fora do alcance de outras pessoas – incluindo as nossas”, explica Marlinspike.
FONTE: https://olhardigital.com.br/2021/01/11/noticias/defensor-da-privacidade-e-a-mente-por-tras-do-signal-quem-e-moxie-marlinspike/