De pet(z) a tubarão: o investidor Sergio Zimerman

O CEO e fundador da maior rede de pet shops do país vai participar da edição brasileira do Shark Tank.

Sergio Zimerman, CEO e fundador da Petz: “principal fator para sucesso do negócio é ter bom sócio” — Foto: Ana Paula Paiva/Valor

O empresário Sergio Zimerman, fundador e CEO da Petz, tem uma veia de empreendedor que remonta à infância, quando aos oito anos vendia gibis usados no bairro do Brás, em São Paulo. Antes de fundar a principal rede de pet shops do país, chegou a ter buffet para crianças, adega, supermercado e até atacado de alimentos e de perfumaria — uma trajetória de altos e baixos que, para ele, valeu muito mais do que um MBA em administração.

Tudo o que aprendeu, agora, lhe servirá a uma experiência ainda inédita em sua vida, a de investidor do negócio dos outros. Não que ele tenha criado um fundo de venture capital para si ou para a Petz. É que Zimerman foi convidado para ser um dos tubarões da edição brasileira do Shark Tank, programa de televisão em que fundadores de startups vendem seus negócios a um time de investidores, que por sua vez avalia se a empreitada faz sentido ou não. “Aceitei o convite porque primeiro acredito muito no empreendedorismo, acho interessante apoiar empreendedores com boas ideias”, diz.

Quando Zimerman montou o primeiro negócio, não havia programas de TV para apresentar ideias ou aceleradoras de startups. As oportunidades eram mais escassas. O que conseguiu fazer para começar foi usar o dinheiro do seguro de um fusca que havia sido roubado para comprar roupas de palhaço para ele e sua namorada trabalharem como animadores de festa infantil.

Mas o maior aprendizado do empresário foi com a quebra da sua a rede de atacado de alimentos e perfumaria, chamada Super Brasil, que durou de 1991 a 2002 e chegou a ter 600 funcionários. “Eu tive a experiência da falência que equivaleu a dez MBAs. Aprendi várias coisas importantes que servem para a vida toda, como, por exemplo: quando as coisas dão errado, em vez de a gente procurar culpados, a gente precisa ir para o espelho para fazer reflexões sobre as nossas responsabilidades”, afirma o executivo, formado em administração pela Unip e com um MBA em varejo pela USP.

No programa de TV, que começa em setembro, o empresário vai precisar ser assertivo. Como o tempo do pitch é curto no programa, a primeira impressão e a atitude dos empreendedores são primordiais para conquistar os tubarões e receber uma proposta. E um dos pontos que Zimerman mais valoriza em um alguém que se aventura a abrir um negócio é a garra para tentar. Reconhece, porém, que muitos empreendedores brasileiros sofrem com falta de educação financeira, o que explica o alto índice de mortalidade das empresas.

Se o investidor for convencido pelo pitch, o próprio regulamento do programa prevê um período de seis meses para fazer a auditoria e concretizar o negócio. “Conversando com sharks mais experientes, vi que alguns prosperam e outros naufragam justamente porque aquilo que foi dito naquele momento do pitch não foi confirmado no processo de due diligence”, diz Zimerman, que pretende dar preferência a ideias que tenham um propósito social.

Na visão do executivo, o principal fator para uma companhia se provar bem sucedida é ter um bom sócio. “Quando você faz um negócio bom com sócio ruim, o negócio vai ficar ruim. Quando você tem um negócio que não é tão bom, com um sócio bom, no sentido de como ele vê a vida e como lida com os desafios, o negócio pode ficar bom”, diz o empresário.

O executivo conhece muito bem esse processo de buscar um investidor porque passou por isso quando vendeu metade da Petz, em 2013, para o fundo de private equity Warburg Pincus. “Não vendi para o fundo que fez a melhor proposta em termos financeiros. Eu optei pela melhor proposta em termos de construção de valor da metade com a qual eu estava ficando”, diz.

Zimerman já tinha sido convidado para outras edições do programa, mas dessa vez resolveu aceitar porque avalia que o momento é adequado para o seu desenvolvimento como investidor de empresas, que pode agregar um aprendizado para o próprio ecossistema da Petz, que tem de lidar com companhias parceiras ou oriundas de aquisições. Em 2021 e 2022, a rede de pet shops adquiriu nomes como Zee.dog, Cansei de Ser Gato e Petix.

O empresário admite que o cenário atual é desafiador para investir em startups, em razão da alta taxa de juros e dos preços depreciados dos ativos na bolsa, que acabam afetando o valuation das companhias de capital fechado, mas afirma que tem uma visão diferente para o Shark Tank. “Ali, existe uma característica de os empreendedores estarem procurando a mentoria de um dos sharks. Então, o tipo de valuation que se faz sai um pouco dessa regra geral de mercado e podem surgir bons negócios tanto para o shark quanto para o empreendedor.”

Ele nega, porém, que esteja buscando novas aquisições para a Petz no curto prazo. O foco da empresa, disse, está em integrar o que foi comprado nos últimos dois anos. “Eu diria que novas aquisições estão mais para 2024 e 2025.” A Petz vale R$ 3,2 bilhões na bolsa.

FONTE:

https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/de-petz-ao-tubarao-o-investidor-sergio-zimerman.ghtml