De olho no chão, agtech americana Pattern bota os pés no Brasil

Especialista na análise do DNA dos solos e dona do maior banco de dados do mundo nessa área, empresa começa a operar em parceria com a Lavoro.

A agtech americana Pattern Ag tem sonhos ambiciosos. Dona do maior banco de dados genéticos sobre os solos agrícolas do mundo, a empresa sonha em produzir um mapa detalhado da composição de cada pedaço cultivável do planeta.

A empresa sabe que o sucesso de um produtor rural depende, entre outros fatores, da saúde do solo em que vai plantar sua cultura. Por isso, transformou seu conhecimento em produto, que agora traz ao Brasil.

Especializada na análise dos terremos agrícolas a partir de testes genômicos, ela deve começar a operar nas próximas semanas, oferecendo seus serviços em parceria com a Lavoro Agro, maior rede de distribuição de insumos do País.

Por enquanto, segundo antecipou ao AgFeed Pedro Barbieri, líder das operações da Pattern no Brasil, a intenção é atuar somente por meio desta parceria. “Temos conversado com algumas outras empresas, mas nada muito concreto”.

A parceria com a Lavoro será o modelo seguido pela Pattern no Brasil. Segundo Barbieri, será uma atuação voltada para grandes empresas, que farão o serviço chegar ao produtor final.

“Estamos montando um laboratório em Campinas, e vamos trabalhar principalmente com empresas do setor químico, insumos biológicos e revendas”, diz Barbieri.

O executivo conta que o principal serviço da Pattern é fornecer informações sobre as condições e os riscos encontrados naquele solo, após um mapeamento genético completo.

A empresa alega ter o maior banco de dados metagenônica do mundo, ou seja, dados com as características do genoma de microrganismos que habitam o solo. São 43 trilhões de bases sequenciais, segundo a Pattern.

A startup já analisou cerca de 600 mil hectares de terras nos Estados Unidos para detectar e prever o risco de pragas e doenças no solo.
Barbieri ressalta que os processos utilizados no Brasil serão similares aos usados nos Estados Unidos, mas que as diferenças nas características dos solos são grandes.

“Nós já estamos há algum tempo pegando amostras aqui para sequenciar o DNA de tudo que encontramos, mesmo que seja um ovo. Essa análise será comparada com a base de dados que já temos”.

Todo este trabalho tem como objetivo otimizar o uso de insumos, e melhorar a produtividade, segundo Barbieri. “Com as informações, o produtor pode definir qual o melhor insumo, e principalmente utilizar de forma mais localizada e otimizada, diminuindo o custo”.

O líder da Pattern no Brasil conta que um estudo feito nos Estados Unidos fornece uma amostra da importância da análise do solo. “Foram analisadas duas áreas de soja, com o mesmo manejo, e foi detectado o risco de fusarium (doença provocada por fungos). Aquela que evitou a praga produziu 15 sacas a mais por hectare”, conta.

Barbieri afirma que, de modo geral, uma boa análise preventiva do solo consegue reduzir os custos de produção entre 12% e 15%.

A Pattern recebeu, no ano passado, US$ 35 milhões em uma rodada de investimentos Série B. A empresa afirma que pode antecipar os riscos de patogenias e pestes com até um ano de antecedência, e cerca de 90% de precisão.

A empresa foi fundada em 2018, tem um laboratório localizado no estado da Califórnia, e está abrindo mais um em Memphis.

Barbieri espera uma recepção positiva dos produtores brasileiros aos serviços da Pattern. “O agricultor brasileiro é mais aberto à inovação que o americano, que é mais tradicionalista”, diz.

Ele ressalta que há uma tendência crescente de maior otimização no uso de insumos. “Tem a questão da sustentabilidade ambiental, e dos custos. Além do uso mais preciso, tem o crescimento do mercado de biológicos, que tira o peso cambial das despesas com insumos. E a tecnologia ajuda muito neste processo”, afirma Barbieri.

FONTE: https://agfeed.com.br/agtech/de-olho-no-chao-agtech-americana-pattern-bota-os-pes-no-brasil/