De olho no avanço do Pix, empresas apostam no Pix no cartão de crédito; conheça a modalidade

Entre as instituições bancárias que decidiram apostar nessa modalidade, estão Recarga Pay, Nubank, Digio, Mercado Pago e PicPay. Cada uma tem regras específicas sobre o uso da ferramenta, que podem mudar de acordo com o nível de relacionamento com o cliente.

Uma das instituições que oferecem esse sistema é o Recarga Pay, que disponibiliza o parcelamento do valor em até 12 vezes com juros. De acordo com Gustavo Victoria, cofundador e COO do aplicativo, os clientes pagam uma taxa mínima de 3,49% ao mês pelo Pix com cartão de crédito e que pode chegar a casa de 20%, conforme o número de parcelas selecionadas na hora da transação.

“O interessante é que tem lojas do varejo que dão até 10% de desconto quando o pagamento é feito via Pix. Nesse caso, o consumidor usa sua carteira digital para pagar com o cartão de crédito por 3,49%, e a compra acaba saindo mais barata do que em outras alternativas”, explica ele.

Para usar o Recarga Pay, o consumidor não precisa ter um cartão de crédito da carteira digital. Basta se cadastrar e usar o limite de qualquer bandeira de cartão de crédito que possua. “Este é um produto que tem penetrado cada vez mais a nossa base de clientes, começando por quem já usava nossos serviços para parcelar boletos”, destaca.

O Nubank passou a oferece o Pix no Crédito para o público em geral em julho de 2022. Os clientes do banco podem escolher pagar em uma única vez ou em até 12 parcelas, com juros. O limite da transferência está atrelado ao limite disponível no cartão de crédito do cliente.

No aplicativo do banco, os usuários podem simular as parcelas em tempo real e conferir as taxas que serão cobradas antes de confirmar a transação. Assim como em outros produtos de parcelamento da empresa, é possível antecipar o pagamento das parcelas do Pix no Crédito e conseguir desconto nos juros com essa antecipação.

Embora o Pix com cartão de crédito seja uma ferramenta atrativa, é preciso entender o momento em que realmente faz sentido usá-lo. Isso porque, diferentemente do pagamento à vista, que é gratuito, o consumidor precisa arcar com juros para pagar o serviço na fatura seguinte.

De acordo com Cintia Senna, mestre em educação financeira, o percentual de juros cobrado pelas instituições financeiras deve ser colocado na ponta do lápis antes de fazer a transação. Segundo ela, é preciso considerar que se trata de uma operação parecida com um empréstimo pessoal; portanto, compromete a renda dos próximos meses.

“A primeira coisa que o consumidor tem de observar é a taxa de juros da operação, seja para o pagamento em uma vez ou parcelado. Também é preciso avaliar se o mesmo prestador oferece a possibilidade de parcelar direto no cartão, já que, em geral, essa operação não tem custo”, explica.

Senna frisa que essa opção só deve ser usada quando não há outras disponíveis ou para uma compra urgente que fuja do orçamento mensal. Se for o caso em que o lojista oferece um desconto maior que a taxa de juros do banco, então vale a pena.

A pedido da reportagem, a especialista simulou o cenário de uma compra de R$ 569 paga via Pix com cartão de crédito. Se parcelada em cinco vezes, o valor final seria de R$ 611 (acréscimo de R$ 59) e, em 12 vezes, ficaria em R$ 684 (diferença de R$ 133), ambos com 3% de juros ao mês.

“Todas as formas disponíveis podem ser úteis em determinadas situações, mas o cliente precisa sempre avaliar para não cair no impulso das aquisições. Eu diria que essa modalidade é um aperfeiçoamento do uso de cheque especial. Então, é importante ter o conhecimento e entender o que é esse serviço”, conclui Cíntia.