De Mao a Marte, a ‘Longa Marcha’ espacial da China

A China enviou nesta terça-feira (30) à estação espacial Tiangong uma missão com três ‘taikonautas’ – os astronautas do país -, que inclui pela primeira vez um civil, uma nova etapa na conquista do espaço iniciada há mais de 60 anos pelo presidente Mao Tsé-Tung.

Estas são as principais etapas da conquista espacial chinesa:

– O chamado de Mao

Em 1957, a União Soviética coloca em órbita o primeiro satélite fabricado pelo homem, o Sputnik. O fundador da República Popular da China, Mao Tsé-Tung, faz então um chamado a seus cidadãos: “Nós também fabricaremos satélites!”

A primeira etapa foi concretizada em 1970. A China lança seu primeiro satélite, Dongfanghong-1 (“O Leste é Vermelho-1”), o nome de uma canção em homenagem a Mao, cuja melodia seria difundida por vários dias no espaço.

O foguete responsável por colocar o satélite em órbita se chama “Longa Marcha”, um nome que recorda a caminhada do Exército Vermelho que permitiu que Mao se afirmasse como líder do Partido Comunista chinês.

– Primeiro homem

Em 2003, o gigante asiático envia o primeiro chinês ao espaço, o ‘taikonauta’ Yang Liwei, que dá 14 voltas na Terra em um período de 21 horas.

Com esse voo, a China se transforma no terceiro país, depois de União Soviética e Estados Unidos, a enviar um ser humano ao espaço por seus próprios meios.

– Módulos

Após um pedido do governo dos Estados Unidos, a China foi excluída deliberadamente do programa da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), uma cooperação que envolve americanos, russos, europeus, japoneses e canadenses. Com a medida, o país decide construir sua própria estação.

Para isso, o país asiático lança primeiro um pequeno módulo espacial, Tiangong-1 (“Palácio Celestial 1”), que foi colocado em órbita em setembro de 2011, para realizar o treinamento dos taikonautas e também experimentos médicos.

O Tiangong-1 deixa de funcionar em março de 2016. O laboratório era considerado uma etapa preliminar para a construção de uma estação espacial.

Em 2016, a China lança seu segundo módulo espacial, Tiangong-2, onde os taikonautas realizaram acoplamentos técnicos.

– Coelho lunar –

Em 2013, o pequeno robô “Coelho de Jade” chega à Lua. O aparelho enfrentou problemas técnicos, mas foi reativado e explorou a superfície lunar durante 31 meses.

O gigante asiático pretende enviar astronautas à Lua em 2030 e construir uma base, de acordo com Agência Espacial de Voos Tripulados da China.

– Lua e ‘GPS’ chinês

O programa espacial chinês sofre um revés em 2017 com o fracasso do lançamento do Longa Marcha 5, um equipamento crucial que permite propulsar as pesadas cargas necessárias para algumas missões.

Este contratempo leva a um atraso de três anos para a missão Chang’e 5. Executada apenas em 2020, a missão permite que os chineses enviem para a Terra amostras da superfície lunar, algo que não acontecia há 40 anos.

Em janeiro de 2019, a China obtém outro sucesso com um feito inédito em escala mundial: a alunissagem de um robô, o “Coelho de Jade 2”, na face oculta da Lua.

Em junho de 2020, o país asiático lança o último satélite para concluir seu sistema de navegação Beidou, que compete com o GPS norte-americano.

– Objetivo Marte –

Em julho de 2020, a China envia a Marte a sonda “Tianwen-1”, que transportava um robô com rodas e comandado remotamente chamado Zhurong, que pousa na superfície de Marte em maio de 2021.

Os cientistas também mencionam o sonho de enviar pessoas para Marte em um horizonte distante.

– Estação espacial –

Em 2022 a China lança com sucesso o último módulo de sua estação espacial Tiangong.

A base deve orbitar a entre 400 e 450 quilômetros de distância da superfície terrestre por um período de 10 anos, com a ambição de manter a presença humana no espaço por um longo período.

Tiangong será tripulada sem interrupção, com missões rotativas de três pessoas.

A estação contém vários equipamentos científicos de vanguarda, incluindo “o primeiro sistema de relógio espacial atômico frio”, segundo a agência estatal de notícias Xinhua.

A princípio, a China não planeja usar sua estação espacial para a cooperação internacional, mas as autoridades já disseram que estão abertas a colaborar com outros países.

A próxima missão para a Tiangong, a Shenzhou-17, está prevista para outubro.

FONTE: https://www.istoedinheiro.com.br/de-mao-a-marte-a-longa-marcha-espacial-da-china/