D-Link busca ir além de roteadores para abraçar mercado de conectividade

Conheça a estratégia da companhia, que inclui foco em IoT, PMEs, ISPs e câmeras inteligentes.

Falar o nome D-Link e não associá-lo a roteadores Wi-Fi é missão praticamente impossível. A companhia desembarcou no Brasil no início dos anos 2000, em um momento de avanço da internet banda larga no País, quando dominou o mercado de roteadores, com vendas em parceria com operadoras.

O legado e a reputação foram conquistados com o pioneirismo em roteadores, mas o desafio da D-Link agora é ir além e provar para o mercado que pode oferecer muito mais. “Estamos em um momento de recomeço”, define Rodrigo Paiva, líder de marketing e produtos da D-Link no Brasil, em entrevista à Computerworld Brasil.

O executivo destaca que a meta da companhia é de fato embarcar na nova onda de inovação no mercado de conectividade como um todo, de olho em tecnologias de internet das coisas (IoT) e casas conectadas, por exemplo. “A D-Link foi a primeira a trazer o Wi-Fi para o Brasil e criou essa imagem de marca. Mas não temos só isso. Esse ‘muito mais’ é nosso propósito de comunicar e conscientizar o mercado como a D-Link pode ajudar empresas a crescer negócios. Temos um portfólio muito grande de soluções”, comenta.

Paiva comenta que consumidores em geral têm desejo por equipamentos de ponta, como smartphones e smart TVS, mas quando o assunto é a conectividade, a história é muito diferente. “Nosso maior volume de vendas hoje é uma solução de cinco, dez anos atrás. As pessoas não desejam comprar um roteador de R$ 1 mil, mas quer um celular de R$ 3 mil. E isso se expande para empresas. Os equipamentos usados hoje não são atuais.”

A venda de roteadores corresponde a cerca de 70% do faturamento da empresa e a intenção é ganhar mercado com switches, cabeamento estruturado etc. “Temos muitos caminhos para seguir”, diz.

Frentes

Segundo Paiva, o mercado de produtos para consumidores representa uma fatia de cerca de 70% para a D-Link, enquanto a venda para empresas responde pelos outros 30%. É justamente nessa menor proporção que a companhia vislumbra as principais oportunidades.

Uma delas é no mercado de provedores regionais de internet, os ISPs – que estão em franca ascensão levando conexão de banda larga de qualidade sobretudo para regiões distantes dos grandes centros (onde grandes operadoras dominam). “Os provedores geralmente se preocupam só com a última milha. Mas eles têm potencial para instalar soluções e ofertas muito mais completas.”

Um exemplo citado pelo executivo foi o primeiro case com a solução Power Line, em parceria com um provedor de Caxias do Sul (RS). A solução transforma o cabeamento elétrico existente no ambiente em uma poderosa rede de dados, e desta forma expande o sinal Wireless do roteador para qualquer lugar independentemente de quantos obstáculos existam até o ambiente preferencial, seja ele seu quarto, quintal ou escritório, por exemplo.

Já em empresas, o foco inicial é atuar com pequenas e médias, com possibilidade de projetos amplos de segurança, infraestrutura, controle de switches etc. Uma estratégia sólida para de fato bater de frente como empresas como Cisco e HP. “Estamos investindo muito e já temos equipes voltadas a buscar esses negócios para desenvolver PMEs. Projetos já estão acontecendo com venda de soluções de conectividade, cabeamento estruturado, survilance etc.”

Nova marca

Parte da estratégia para avançar no mercado corporativo é a criação de uma marca. A intenção, segundo Paiva, é acabar de vez com a associação de que a D-Link é exclusiva para roteadores domésticos.

Para isso, a empresa anunciou, durante o último Mobile World Congress, em Barcelona (Espanha), a Nuclias, marca que engloba soluções como switches e wireless com gerenciamento em cloud.

A empresa define o Nuclias como uma solução de gerenciamento de rede baseada em assinatura baseada em nuvem, que permite aos provedores de serviços gerenciados e empresas configurar e monitorar remotamente suas infraestruturas de rede em qualquer lugar, a qualquer momento.

O novo aplicativo e o portal on-line oferecem uma variedade de recursos flexíveis e acessíveis a um toque. Fornece aos usuários autonomia completa para gerenciar pontos de acesso sem fio, capturar e analisar insights sobre cada dispositivo conectado. O Nuclias fornece uma ferramenta de gerenciamento baseada na nuvem sem a necessidade de um controlador local, o que reduz custos e complexidade enquanto racionaliza a infraestrutura de rede. Também oferece facilidade de instalação via zero-toque (zero-touch) e arquitetura escalável para suportar uma quantidade ilimitada de dispositivos.

Segundo Paiva, projetos no exterior, como no Japão, já estão começando a usar o novo portfólio. No Brasil, a previsão de chegada é em 2019 e, enquanto isso, a companhia pretende começar a posicionar a nova estratégia com o mercado local.

Câmeras inteligentes

Outra frente destacada pelo executivo, que deve trazer importantes ganhos para a D-Link é o mercado de câmeras inteligentes para uso doméstico. O executivo diz que o nicho de venda desse tipo de equipamento em varejo é muito pouco explorado e é onde a D-Link prepara um lançamento.

A companhia trará para o Brasil em agosto uma câmera inteligente Wi-Fi de simples instalação e que tem como principal novidade a gravação em nuvem. Ou seja, sem necessidade de um dispositivo para armazenamento das imagens.

Além das vendas via varejo, Paiva diz que o outro foco para chegada do equipamento ao mercado é via parcerias com operadoras. “O que impede operadores de, além de expandir sua estrutura interna, também levar novas ofertas, como um equipamento de monitoramento, para dentro de casa?”, completa.

O fato é que a D-Link está colocando suas cartas na mesa. Resta saber qual será o resultado da “luta” contra seu (vitorioso) passado para determinar seu futuro.

FONTE: COMPUTER WORLD