Crianças são mais propensas a relatar problemas de saúde a robôs, diz pesquisa

Um estudo realizado pela Universidade de Cambridge indicou que robôs socialmente assistidos (SARs, em inglês) podem ajudar no diagnóstico de crianças com problemas neurológicos e/ou psicológicos.

pesquisa, apresentada na Conferência Internacional sobre Robôs e Comunicação Interativa Humana, em Nápoles, na Itália. foi realizada em um contexto no qual a pandemia de Covid-19 elevou a quantidade de crianças e adolescentes com ansiedade e outros distúrbios psicológicos.

Metodologia

Para o estudo, os pesquisadores selecionaram 28 crianças de Cambridgeshire, Inglaterra, com idades entre 8 e 13 anos. Entre os participantes, 21 eram do sexo feminino e sete do sexo masculino, com média de idade de 9,5 anos. Foram excluídas da pesquisa as crianças que já haviam sido diagnosticadas com distúrbios neurológicos ou psicológicos.

Primeiramente, os participantes responderam sobre seu bem-estar em questionário online. Além disso, os pais ou responsáveis responderam a outro questionário sobre o bem-estar de seus filhos. Então, os jovens participantes passaram 45 minutos com um robô Nao, criado pela SoftBank Robotics.

O robô então administrou o Questionário de humor e sentimentos rasos, que mede sintomas de depressão, e a Escala Revisada de Ansiedade e Depressão Infantil. Além disso, o robô perguntou às crianças sobre memórias felizes e tristes que experimentaram na última semana e administrou uma tarefa em que as crianças viram fotos e depois fizeram perguntas sobre elas.

Exemplo de robô socialmente assistido (Imagem: Miriam Doerr Martin Frommherz/Shutterstock)

Os pesquisadores descobriram que os questionários conduzidos por robôs eram mais propensos a identificar casos de anomalias de bem-estar do que os autorrelatos online das crianças e os relatórios dos pais. Alguns participantes compartilharam informações com o robô que não compartilharam por meio de autorrelato.

A coautora do estudo, Hatice Gunes, professora de inteligência afetiva e robótica e chefe do Laboratório de Inteligência Afetiva e Robótica da Universidade de Cambridge, explicou, em entrevista ao Medical News Today, que, entre os participantes, “o grupo que pode ter algumas preocupações relacionadas ao bem-estar” eram mais propensos a fornecer classificações de respostas negativas durante os questionários conduzidos por robôs. “A descoberta interessante aqui é que, quando eles interagem com o robô, suas respostas se tornam mais negativas”, observou.

Robôs socialmente assistivos já demonstraram potencial como ferramenta para melhorar a acessibilidade dos cuidados, explicam os pesquisadores em seu artigo. Por exemplo, um estudo de 2020 ilustrou que os SARs podem ser úteis na avaliação de fatores de risco para transtorno do espectro do autismo (TEA).

“Robôs têm sido usados para várias tarefas. Eles se mostraram eficazes em certas coisas porque têm essa incorporação física, ao contrário de um telefone celular, um personagem virtual ou até mesmo vídeos”, disse a pesquisadora.

Duas crianças assistem a vídeo no celular na cama

No futuro, serão avaliadas interações com robôs por bate-papo em vídeo (Imagem: Littlekidmoment/Reprodução)

Robôs não são um risco

E, apesar dos perigos potenciais de permitir que uma criança passe muito tempo com um dispositivo eletrônico, trabalhar individualmente com um robô é diferente do tempo de tela, observou Hatice. “Esta é uma interação física. Portanto, não é virtual. Não é um vídeo, eles estão interagindo fisicamente com uma entidade física”, disse.

A professora Gunes também apontou para um aspecto chave do estudo: o “robô infantil” usado para a pesquisa tinha menos de 60 cm de altura. “Aqui temos um robô com aparência e sonoridade infantil. Em tais situações, as crianças realmente veem o robô mais como um par. Então, não é um adulto que está tentando obter alguma informação deles”, apontou.

No futuro, Hatice disse que os pesquisadores esperam estudar como as crianças respondem à interação com um robô de diagnóstico por meio de bate-papo por vídeo.

Os pesquisadores estão se preparando para realizar estudo semelhante ao que apresentaram na conferência apenas com proporção mais igual de participantes do sexo masculino e feminino, de acordo com a professora. “Queremos ver se as descobertas são consistentes entre os gêneros”, disse.

Via Medical News Today

FONTE: https://olhardigital.com.br/2022/09/08/medicina-e-saude/criancas-sao-mais-propensas-a-relatar-problemas-de-saude-a-robos-diz-pesquisa/