“COWORKINGS DE NICHO” VIRAM ALTERNATIVA PARA QUEM NÃO QUER UMA SEDE PRÓPRIA

Espaços compartilhados para apenas uma categoria de profissionais – como médicos, cozinheiros e marceneiros – começam a surgir nos grandes centros brasileiros

O Livance é um coworking para médicos (Foto: Lucas Albin)

O número de coworkings em operação no país explodiu nos últimos três anos: os 238 espaços mapeados em 2015 se transformaram em 1.194 em 2018, de acordo com a associação Coworking Brasil.

Os escritórios multidisciplinares, que abrigam profissionais e startups de diferentes áreas, ainda são responsáveis por 75% do total.

Mas os estabelecimentos de nicho estão ganhando tração. “Muitos são fundados por empreendedores estabelecidos, que aproveitam o networking para abrir um espaço segmentado”, diz Fernando Aguirre, cofundador da Coworking Brasil.

Outros são criados por quem enxergou uma oportunidade de mercado: atender à demanda de quem precisa de instalações adequadas em áreas como marcenaria, alimentação e saúde, entre outros.

Coworkings - Oficina Lab, espaço de trabalho especializado em marcenaria (Foto: divulgação )

Madeira trabalhada
Os cerca de 60 residentes do Oficina Lab, espaço de trabalho especializado em marcenaria, têm perfis distintos. Há desde quem deseja construir uma mesa ou uma cadeira para a própria casa — ou para vender para os amigos e familiares — até quem encara a madeira e o serrote como um hobby.

Há também marceneiros, arquitetos, designers, publicitários e outros profissionais de perfil criativo que buscam construir uma marca, desenvolver um produto ou um projeto autoral. “Criou-se uma cultura em escala mundial de pessoas interessadas no fazer.

Somos parte desse modelo”, afirma o sócio-fundador Daniel Sene, 37 anos. Inaugurado em janeiro de 2015 na capital paulista, o Oficina Lab ocupa um prédio de 750 metros quadrados no bairro da Barra Funda. Há desde uma oficina completa, com mesas de trabalho e ferramentas, até salas de aula e loja vendendo insumos para marcenaria.

O ensino é parte fundamental do negócio. Já foram formados cerca de 2 mil alunos, que aprendem a utilizar máquinas e ferramentas, projetar e executar projetos. Cerca de 15 profissionais ensinam a arte da marcenaria em cursos de longa (até 84 horas, ao custo de R$ 1.850) ou curta duração (de 8 a 20 horas, com preços que partem de R$ 300). “Além do uso das máquinas e ferramentas, ensinamos o aluno a projetar, para pensar sobre o que está fazendo”, diz o também sócio-fundador Alex Uzueli, 37 anos.

Coworkings - Tanto amadores quanto donos de negócios encontram espaço para criar móveis e desenvolver marcas no Oficina Lab (Foto:  divulgação)
livance (Foto: Lucas Albin)

Consultórios inteligentes
Na Livance, espaço compartilhado de consultórios médicos, os profissionais de saúde pagam uma mensalidade de R$ 236 e têm direito a um pacote que inclui linha telefônica individual, secretárias que realizam agendamentos, cartão de visita e website.

Também podem reservar os consultórios — equipados com diversos aparelhos médicos — e pagar apenas pelo tempo em atendimento (R$ 1 por minuto). “No Brasil, 78% dos médicos atendem no mínimo em dois locais. Com o coworking, passam a ter o benefício da flexibilidade”, diz o sócio-fundador Claudio Mifano, 37 anos.

Coworkings - House of Food, espaço de culinária compartilhada onde qualquer pessoa pode cozinhar por uma diária (Foto:  divulgação)

Para chef e aprendizes
Um ano após ter inaugurado a House of Work, coworking tradicional em São Paulo, o empreendedor Wolfgang Menke, 37 anos, teve uma ideia original para ocupar o imóvel ao lado. Em novembro de 2014, ele abriu no local a House of Food, espaço de culinária compartilhada onde qualquer pessoa pode cozinhar por uma diária de R$ 380.

O local atrai desde chefs que testam novos cardápios até leigos que querem empreender na área. Os pratos são vendidos ao público pelo chef do dia — a House of Food comercializa as bebidas.

Coworkings -  Civi-Co, uma comunidade que reúne startups e organizações de impacto social e ambiental (Foto:  divulgação)

Comunicade com propósito
A criação de uma comunidade que reúne startups e organizações de impacto social e ambiental foi a proposta dos sócios-fundadores Ricardo Podval, 45 anos, e Patricia Marino, 47, ao abrir o Civi-Co.

O espaço já atingiu 92% de ocupação, com um total de 54 residentes — que incluem a aceleradora de negócios de impacto Quintessa e a unidade brasileira da organização Transparência Internacional (que se dedica ao combate à corrupção). “Somos uma ponte entre as empresas sociais, a área pública e a sociedade”, diz Podval.

FONTE: PEGN