Coreia do Sul desbanca Brasil em número de unicórnios

País ainda faz parte do top 10 em número de startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

O número de unicórnios no último ano – surpresa – aumentou. Segundo levantamento feito pela Tipalti com base em dados da Crunchbase, as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão saltaram de 1.147 no mundo para 1.360. A lista tem alguma defasagem, uma vez que as rodadas de captação, cada vez mais escassas, costumam ser o momento em que as empresas têm seus valuations atualizados – e, diante dos juros altos e correção de preços, as companhias têm evitado a todo custo esse movimento.

Os dados da Tipaldi ajudam, no entanto, a entender como a dinâmica de tendências e geografias de startups que conseguem romper a barreira do bilhão. O Brasil, por exemplo, foi ultrapassado pela Coreia do Sul em número de unicórnios, caindo da nona para décima posição no ranking. O maior unicórnio sul-coreano é a Dunamu, de gestão de ativos e investimentos, avaliada em US$ 12 bilhões.

Apesar da mudança na classificação, o Brasil viu o número de unicórnios subir de 17 para 19, insuficiente para disputar espaço com os sul-coreanos, que tiveram um salto de 13 para 22 startups nessa faixa. As maiores companhias brasileiras que aparecem na lista são QuintoAndar, C6 Bank e Creditas, todas com valor de US$ 5 bilhões cada. Em seguida estão Nuvemshop, Wildlife Studios, de desenvolvimento de jogos eletrônicos, e Loft, avaliadas cada uma em cerca de US$ 3 bilhões.

O caso da Loft pode ser um exemplo de como é difícil atualizar esses rankings. A proptech fez sua última captação em 2021. De lá para cá, a Selic saltou de 2% para 13,75% ao ano e apertou o cenário para as startups, que passaram a ser mais pressionadas pelos investidores para dar resultado. Desde abril de 2022, a plataforma de compra e venda de imóveis, que também é afetada pela menor demanda para financiamento imobiliário, já realizou quatro rodadas de demissões em massa, com mais de mil desligamentos no total.

No caso da Creditas, alguns fundos da base de acionistas fizeram remarcações no portfólio, reduzindo o valor do ativo na carteira – mas ainda assim, mantendo com folga o título de unicórnio. A última rodada da fintech foi em meados do ano passado, avaliada em US$ 4,8 bilhões. A Kaszek remarcou recentemente a US$ 3,5 bilhões e a Redpoint a US$ 2 bilhões.

Desde que os valuations começaram a ficar sob pressão, startups passaram a reduzir a relevância do “título”, recorrendo a figuras como camelos, zebras e até vira-lata caramelo para usar de referência. Mas, se virar unicórnio perdeu importância para quem ainda não chegou lá, quem já está nessa lista faz um grande esforço para não sair.

A liderança do ranking global continua com os Estados Unidos, que soma 712 unicórnios, ou 47% do total (1360). Da segunda à oitava posição a sequência também segue inalterada: China (248), Índia (85), Reino Unido (57), Alemanha (36), França (27), Israel (26) e Canadá (26).

Houve, no entanto, uma mudança no top 3 dos maiores unicórnios do mundo. A chinesa Shein, avaliada em US$ 100 bilhões, caiu da terceira para a quarta posição porque outra chinesa, a fintech Ant, assumiu a segunda posição, com um valor de US$ 150 bilhões, e empurrou a americana SpaceX, então vice-líder, para o terceiro lugar, com um valuation de US$ 125 bilhões. A líder ByteDance, dona do app chinês TikTok, não só segue no topo como viu o seu valor de mercado saltar de US$ 140 bilhões para US$ 180 bilhões.

Agora, as empresas de software dominam a lista, com 771 unicórnios. Antes, a liderança estava com as fintechs, segmento que no ano passado somava 242 empresas avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão.

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/coreia-do-sul-desbanca-brasil-em-numero-de-unicornios.ghtml