Contra novo coronavírus, dezenas de startups adotam home office como padrão

Trabalho remoto virou obrigação para funcionários de startups como Loft, Magnetis, Olist e Pitzi. Veja o que cada empreendimento fez para o home office dar certo

Os números de novos casos da doença respiratória causada pelo novo coronavírusCovid-19, aumentam a cada dia. As startups brasileiras já começaram a tomar uma atitude – inclusive compartilhando seus aprendizados com outros empreendedores.

Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda deixar funcionários que apresentem sintomas do Covid-19 em esquema de trabalho a partir da própria residência. Diversas startups brasileiras já preferiram prevenir antes de remediar: o home office virou padrão.

Um abaixo-assinado circula em grupos de empreendedorismo: donos de negócio assinam e se comprometem a evitar a propagação do Covid-19, incluindo promover o trabalho remoto. Dezenas de fundadores de startups já colocaram seu nome.

Os negócios escaláveis, inovadores e tecnológicos precisam rever algumas de suas metas para 2020. Além disso, qualquer empresa precisa seguir orientações já estabelecidas pela OMS: mesmo sem casos suspeitos ou confirmados, mantenha critérios de higiene e reveja políticas de viagem. Veja quais são todas essas orientações.

Agora, confira 10 exemplos práticos de como as startups adotaram o trabalho remoto para todos os seus funcionários:

Cora
Na fintech Cora, os cerca de 50 funcionários farão trabalho remoto até dia 30 de março. O prazo poderá ser prorrogado caso haja uma evolução da pandemia no Brasil. O escritório da empresa fica originalmente na cidade de São Paulo.

“Os países que tiveram sucesso nessa contenção foram os que logo optaram pelo isolamento social. Mesmo sabendo da limitação do nosso impacto, queremos propagar essa decisão ao máximo”, afirmou o fundador Igor Senra em artigo na rede social LinkedIn.

Quanto mais empresas optarem por esse caminho, maior as chances do contágio tardio. Por consequência, menor a chance de termos que ver os profissionais de saúde escolhendo quem recebe ou não tratamento.”

Husky
A fintech Husky, que se encarrega de tarefas burocráticas de pessoas jurídicas, já trabalhava com todo seu time remotamente desde a fundação. Os nove funcionários estão adaptados a esse modelo de trabalho, portanto.

Como dica para outros empreendedores, a fintech recomenda trabalhar da maneira mais assíncrona possível: ou seja, priorize uma comunicação que não exija resposta imediata para não atrapalhar o fluxo de trabalho. As mensagens devem ser mais usadas do que videoconferências, por exemplo. Como dono de negócio, sua meta deve ser que cada funcionário entregue a tempo e com qualidade, e não por quantas horas estão conectados.

Loft
A Loft adotou uma política de home office “salvo exceções”, com 90% da equipe de mais de 500 funcionários em trabalho remoto. O unicórnio que compra, reforma e vende imóveis também compartilhou suas ações contra a pandemia em um guia público, que pode servir como inspiração para outras startups e empresas enfrentando os efeitos da pandemia (inclusive aquelas que não têm como liberar o trabalho remoto para todos os funcionários).

Para os que não praticarem home office, a Loft recomenda chegar, almoçar e sair em horários alternativos. Se o elevador estiver cheio, a melhor opção é usar as escadas. O mesmo vale para o transporte público. Se o trabalho remoto não for opção, funcionários devem tentar usar meios como bicicletapatineteautomóvel ou os próprios pés. A startup recomenda aplicar álcool gel no começo e no fim do trajeto.

Em reuniões presenciais inevitáveis, a startup recomenda ficar a um metro de distância e fazê-las em locais abertos. Durante as reformas de seus apartamentos, a Loft está distribuindo materiais de higiene e placas informativas. Um técnico de segurança do trabalho percorrerá locais de obra nesta semana e deve visitar todos os projetos até o final do mês. Entre obras próprias ou da Decorati, startup especializada na reforma de apartamentos adquirida pela Loft, são 180 projetos e 9,5 mil pessoas envolvidas.

A Loft também está enviando aos corretores parceiros um guia de boas práticas e ferramentas que incentivem negócios virtuais, como tour virtual e fotos 3D dos apartamentos.

Magnetis
A Magnetis, gestora de investimentos por meio de robôs, já tinha 30% da equipe em esquema de trabalho remoto em seis estados brasileiros. Agora, a fintech adotou o home office para seus 69 funcionários. O esquema será mantido até 30 de março, com possibilidade de prorrogação.

Para facilitar a comunicação, a Magnetis lista algumas ferramentas que fazem parte do dia a dia: o mensageiro Slack; a plataforma de programação Github; a ferramenta de conferências online Zoom; o painel de gestão de projetos Trello; e os serviços de compartilhamento de conhecimento Google Drive e Notion.

Mediação Online (MOL)
A MOL, startup de resolução de conflitos online, decretou home office como política obrigatória desde 13 de março. Cerca de 30 funcionários estão agora trabalhando de casa todos os dias (já havia uma política de home office duas vezes por mês).

“Reforçamos as recomendações passadas pelas autoridades e alinhamos rotinas de comunicação para garantir que a qualidade do nosso trabalho não seja afetada”, diz a cofundadora Camilla Feliciano.

A MOL está acompanhando o noticiário e as recomendações dos órgãos de saúde, sem data de retorno ainda estipulada. “É responsabilidade de todos nós evitar que a doença se espalhe e que faltem leitos para aqueles que mais precisam deles, como idosos e outras pessoas em grupos de risco”, afirma a cofundadora.

Olist
O Olist liberou o trabalho remoto para os seus mais de 200 funcionários, que estavam nos escritórios de Curitiba (Paraná) e da cidade de São Paulo.

A empresa está investindo principalmente em ajudar quem nunca fez home office: além de fornecer dicas de trabalho, está dando modem para os que não possuem internet em casa e ajuda de custo para cobrir gastos como energia elétrica, internet sem fio e uso de estações de trabalho.

Pitzi
Também desde 13 de março, a startup de seguros para smartphones Pitzi colocou uma “recomendação forte” para que seus funcionários optem pelo trabalho remoto.

“A Pitzi compartilha da visão de outras startups brasileiras de que o ecossistema empreendedor deve estar comprometido em promover iniciativas que tenham um impacto positivo na sociedade em momentos delicados como esse. O combate ao coronavírus precisa ser uma preocupação de todos”, diz Daniel Hatkoff, fundador da Pitzi.

A startup tem 150 membros, 90% deles já em home office. A única área que segue com trabalho presencial é a de operações, que garante devolução dos aparelhos celulares em caso de sinistros. Mesmo assim, esses funcionários atuam em turnos e em grupos menores para reduzir a chance de contágio.

A Pitzi estabeleceu políticas como janelas abertas e uso restrito do ar-condicionadoinstalação de álcool em gel nas mesas e perto de portas; e troca temporária de itens da copa por itens de uso estritamente pessoal. Visitas e viagens de trabalho foram canceladas até segunda ordem, enquanto reuniões presenciais foram trocadas por videoconferências.

Qulture.Rocks
A Qulture.Rocks, que oferece um software de gestão de desempenho, tem seus 55 funcionários no esquema de home office. A startup afirma que há algum tempo já estava trabalhando remotamente.

A Qulture.Rocks elaborou um manual interno com orientações para evitar o contágio e lançou um aplicativo que ajuda líderes a realizar reuniões periódicas com liderados. As conversas one on one servem para troca de feedbacks contínuos e alinhamento de expectativas à distância.

Zoom
O grupo de tecnologia especializado em pesquisas na internet Zoom & Buscapé também adotou o trabalho remoto para todos os seus 160 funcionários em São Paulo e Rio de Janeiro. Os membros já tinham políticas de home office e equipamentos como modem e notebooks, para permitir acesso de casa às ferramentas da empresa.

“Estamos reforçando nossa infraestrutura para dar todo o suporte aos funcionários e fazer com que a rotina flua normalmente para a equipe, já que não temos uma previsão de quando voltaremos para os escritórios”, diz Cristiani Oliveira, gerente de pessoas e cultura do Zoom & Buscapé. Algumas ferramentas usadas são Google Drive, HangOuts Google, Slack e Trello.

Wavy
A Wavy, empresa de conteúdo movel que pertence ao grupo de tecnologia Movile, adota o home office para todos os 270 funcionários desde 11 de março. O esquema de trabalho deverá seguir até pelo menos 31 de março.

A Wavy tem escritórios nas cidades brasileiras de Brasília, Campinas, São Carlos e São Paulo, além das internacionais Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina), Cidade do México (México) e Miami (Estados Unidos).

Para Eduardo Henrique, presidente da Wavy, usar soluções digitais para permitir o trabalho remoto está em linha com a própria proposta da empresa de conteúdo. “Facilitamos a comunicação entre marcas e seus consumidores usando ferramentas e tecnologiasÉ natural que tenhamos esse mesmo posicionamento com os funcionários.

Ainda não sabe exatamente como implementar o trabalho remoto na sua empresa? Preparamos cinco passos práticas para a política de home office na sua empresa continuar gerando bons resultados.

FONTE:  PEGN