Conheça a colmeia robótica que usa inteligência artificial para salvar abelhas

Startup israelense propõe modelo de apicultura em escala e já monitora sete bilhões de abelhas, o equivale a 10.000 hectares de culturas polinizadas.

JACK GUEZ/AFP via Getty Images
Colmeias de alta tecnologia, parte do projeto Beehome, no Kibutz Bet Haemek de Israel, na Galiléia Ocidental, em 14 de maio de 2022

Hoje (20) é o Dia Mundial das Abelhas. No hemisfério norte, é nessa época que as abelhas começam a se reproduzir, enquanto no hemisfério sul os produtos apícolas são colhidos. Também é o momento de refletir sobre o atual estado alarmante da população global de abelhas e o que isso significa para o planeta e o suprimento de alimentos.

“Estamos perdendo colônias de abelhas a uma taxa sem precedentes em todo o mundo. Há apenas 40 anos, a taxa anual de perda de colônias era de apenas 3%. Hoje, é mais de 35%. Quando essa taxa ultrapassar 50%, o mundo não será capaz de sustentar a população de abelhas”, diz Saar Safra, CEO e cofundador da Beewise, uma startup israelense determinada a salvar as abelhas.

Beehome é a colmeia recém-projetada da Beewise que inclui robótica de precisão, visão computacional e IA (inteligência artificial). O sistema permite o monitoramento constante das abelhas, usando IA para observar suas necessidades em tempo real. A Beewise não altera o que os apicultores tradicionalmente fazem. Em vez disso, valoriza seu trabalho atualizando o que se faz com uma colméia tradicional há 150 anos.

É a apicultura em escala, como descreve Saar: “O Beehome’s Beehome fornece monitoramento 24 horas por dia, 7 dias por semana e tecnologia inteligente que aumenta significativamente a capacidade de polinização e a produção de mel; detecta ameaças a uma colônia de abelhas, como pesticidas e a presença de pragas e se defende imediatamente contra elas; responde a ameaças em tempo real e não requer intervenção humana; é regulado termicamente; protege contra incêndios, inundações e vespas asiáticas ou vespas assassinas; e fornece técnicas de alimentação aprimoradas para quando a flora não está disponível para as abelhas.

Fundadores da Beewise (da esquerda para a direita): Hillel Schreier, Eliyah Radzyner, Saar Safra, Yossi Surin, Boaz Petersil

Um terço de toda a comida produzida no mundo é polinizada por abelhas. Além disso, 71% das culturas de hortaliças, frutas, sementes e nozes são polinizadas por abelhas. A IPBES (Plataforma Intergovernamental de Políticas Científicas sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos) estimou que, em 2016, entre US$ 235 bilhões a US$ 577 bilhões (R$ 1,151 trilhão a R$ 2,828 trilhões na cotação atual) em produção global anual de alimentos dependia de contribuições diretas de polinizadores.

Mas o que está matando um componente tão importante do nosso suprimento de alimentos? Agricultura intensiva, uso generalizado de pesticidas, poluição causada por resíduos, novas doenças e pragas, urbanização e mudanças climáticas. Há uma longa lista de fatores que continuarão a reduzir a população de abelhas, a menos que os apicultores recebam a ajuda de que precisam desesperadamente.

Atualmente, a Beewise administra mais de sete bilhões de abelhas, o que equivale a cerca de 10.000 hectares de culturas polinizadas. A empresa estima que com o Beehome poupou a vida de mais de 160 milhões de abelhas ao longo dos últimos 12 meses. Em janeiro passado, a Beewise anunciou uma rodada de financiamento de US$ 80 milhões (R$ 392 milhões), liderada pela Insight Partners, com participação da Fortissimo Capital, Corner Ventures, lool ventures, Atooro Fund, Meitav Dash Investments Ltd e Sanad Abu Dhabi. Isso elevou o financiamento total da Beehive para mais de US$ 120 milhões (R$ 600 milhões).

“Nossos resultados falam por si. O Beehome reduz a mortalidade das abelhas em 80% – de 35% de perda de colônias no campo para menos de 8% – resultando em um aumento de rendimento de pelo menos 50%. E o Beehome elimina aproximadamente 90% do trabalho manual em comparação com colmeias tradicionais”, diz Saar.

Caixa tecnológica instalada em um pomar de cerejeiras

Para os apicultores, alguns deles de segunda ou mesmo quarta geração gerindo abelhas e colmeias, uma solução que salva seus negócios vem como um grande alívio, prometendo reverter a tendência alarmante.

Mas expressões de alívio serão ouvidas não apenas dos apicultores. Segundo o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), uma colônia de abelhas vale 100 vezes mais para a comunidade do que para o apicultor. É um exemplo brilhante de uso de IA e tecnologia de ponta para aumentar – e neste caso salvar – uma indústria tradicional que desempenha um papel muito importante impactando a qualidade e a quantidade do que comemos.

FONTE: https://forbes.com.br/forbesagro/2022/05/conheca-a-colmeia-robotica-que-usa-inteligencia-artificial-para-salvar-abelhas/