Como a tecnologia melhora a qualidade do sistema de transporte

Concessionárias apostam em pesquisa para aplicar recursos modernos aos diferentes modais

O que um metrô sem condutor, uma rodovia com asfalto de borracha e uma praça de pedágio que usa inteligência artificial têm em comum? Você pode até não perceber, mas todas são soluções criadas para melhorar a infraestrutura de transporte. Elas se tornaram realidade depois de extensas pesquisas para aumentar a segurança e o conforto dos usuários.

Um dos principais exemplos de como a tecnologia melhora as condições do transporte é o asfalto borracha. Já usado há mais de 40 anos em países como os Estados Unidos, ele só passou a ser implementado no Brasil por volta dos anos 2000. Feito com uma mistura de partículas trituradas de pneus velhos que são inseridas na massa asfáltica, é 30% mais caro do que o normal, mas bem mais resistente, o que garante durabilidade e redução de gastos com reformas constantes.

“O investimento em tecnologia pode contribuir muito para a melhoria da infraestrutura e também para a melhoria do investimento”, analisa o diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista.

Bom para a economia e para o ambiente

A tecnologia para melhorar a infraestrutura de transportes não é positiva apenas pela redução de custos para os usuários e para as concessionárias, ela também faz a diferença para o meio ambiente. Estima-se que uma estrada com pavimento de qualidade resulta na economia de 30% a 40% no gasto com diesel, por exemplo.

Isso ajuda na redução de emissões, um compromisso que o Brasil assumiu ao se tornar signatário de diversos acordos internacionais relacionados ao tema. No entanto, ainda com muitas estradas esburacadas, com afundamentos de pista ou sem pavimentação, um levantamento da CNT estima que só em 2017 haverá um consumo desnecessário de 832 milhões de litros de diesel, o que representa um custo para o país de R$ 2,54 bilhões.

Centro de Monitoramento trabalha com inteligência artificial para facilitar a vida dos motoristas  (Foto: Clóvis Ferreira/Digna Imagem)Centro de Monitoramento trabalha com inteligência artificial para facilitar a vida dos motoristas  (Foto: Clóvis Ferreira/Digna Imagem)

Centro de Monitoramento trabalha com inteligência artificial para facilitar a vida dos motoristas (Foto: Clóvis Ferreira/Digna Imagem)

Pesquisas geram resultados

Essa preocupação com o investimento em pesquisas de ponta pode ser vista em casos como o do Grupo CCR, que administra estradas, metrôs, barcas e aeroportos no Brasil e em outros países. O grupo tem divisões inteiras especializadas nisso. É o caso da Engelog Tec e do Centro de Pesquisas da CCR ViaDutra. Neles, com a ajuda de equipamentos de última geração, são desenvolvidas tecnologias úteis para o dia a dia do usuário.

O foco é buscar produtos ou serviços diferenciados que facilitem a vida de quem usa o transporte, diz a diretora-presidente da Engelog Tec, Cristiane Gomes. Para isso, são estudadas novas tecnologias que envolvem parcerias com pesquisadores de universidades e até mesmo garimpo de estudos no exterior que possam ser aplicados no Brasil. Entre as diversas aplicações desenvolvidas, Cristiane cita justamente o asfalto borracha, que melhora a trafegabilidade nas rodovias, o metrô sem condutor e a automação dos aeroportos.

Poder público também investe

Os investimentos em tecnologia também chegaram à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Dois exemplos são o Monitriip e o Canal Verde Brasil, sistemas em fase de implantação nas estradas.

O Canal Verde Brasil, já em execução, faz a leitura de TAGs nos veículos de carga através de pórticos de leitura. Ele mede a carga e identifica se há excesso, sem a necessidade de parada do caminhão ou ônibus. A principal vantagem é a redução de custos decorrentes da parada e ampliação da frequência de viagens. Inicialmente instalado em sete pontos nas rodovias que compõem o corredor de soja e milho entre Mato Grosso e o Porto de Santos, o sistema gerou um aumento de mais de 90% do cumprimento dos horários agendados pelos caminhões para entrega das cargas no porto.

Já o Monitriip deve entrar em serviço no início de 2018 e será uma ferramenta para monitorar em tempo real o transporte de cargas no Brasil, com informações como origem e destino. Os dados serão úteis para regulação do setor, verificação de padrões de eficiência, segurança, conforto, regularidade e pontualidade.

Exemplos de aplicações tecnológicas nos sistemas de transporte:

  • Metrô inteligente – Os metrôs de Salvador e a Linha 4 de São Paulo usam o Communication Based Train Control (CBTC), que ajuda no controle da velocidade, distância entre composições, aceleração, frenagem, e deixa a condução mais segura. “É um sistema de alta tecnologia, moderno, já comprovado em laboratório, que permite um grau de automação muito alto”, explica o diretor de implantação do Metrô Bahia, Cláudio Andrade.
  • Asfalto morno – Além do uso da borracha nos pavimentos, outro destaque é o asfalto morno, já disseminado na Europa e Estados Unidos, e que a CCR foi pioneira no Brasil. Nesse sistema, o pavimento é feito em temperaturas mais baixas, o que reduz o uso de energia e a poluição.
  • Inteligência artificial – Outra inovação importante nas estradas é a utilização de Inteligência Artificial (AI) para melhorar a experiência dos usuários. Entre as vantagens está a integração das rodovias pelo Centro de Controle, que faz a orientação dos painéis de mensagens. Esses painéis são integrados às câmeras das rodovias, às ferramentas de mídias sociais e aos aplicativos que ajudam na orientação do motorista. Tudo isso garante fluidez no trânsito, além dos sistemas de pagamento automatizados nos pedágios.
  • eGate – O BH Airport, o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, usa vários recursos que deixam a operação automatizada. Um dos destaques é o eGate, onde o usuário não precisa ter contato com os agentes aeroportuários para entrar. O passageiro coloca o cartão de embarque na máquina leitora que faz a identificação e libera a passagem.
FONTE: CCR