Como saber se um robô vai roubar seu trabalho

Uma página da internet diz aos usuários a probabilidade de que sejam prejudicados pela automatização

JOANA OLIVEIRA
Robô exposto em uma conferência sobre autômatos em Pequim.
Robô exposto em uma conferência sobre autômatos em Pequim. WU HONG EFE

Se você é um pediatra, dentista ou fotógrafo, é muito pouco provável que um robô roube seu trabalho no futuro. Mas aqueles que ganham a vida como caixas, motoristas ou contadores estão condenados: há mais de 90% de probabilidade de que a automatização os obrigue a mudar de carreira, segundo a página da internet Will Robots Take My Job?. Esse site foi criado em maio pelo programador Mubashar Iqbal e pelo designer gráfico Dimitar Raykov, que leram um estudo de 2013 feito por economistas da Universidade de Oxford sobre como a automatização afetará o mercado de trabalho e decidiram tornar essa informação mais acessível ao público. A ideia demorou três semanas para ser posta em prática, e nos primeiros cinco dias de vida o site já tinha mais de cinco milhões de visitas (atualmente, já passam de seis milhões).

Para saber se seu posto de trabalho corre perigo, o usuário tem de escrever o nome de sua profissão e selecioná-la em uma lista de trabalhos relacionados. Se escrever professor, aparecerá, por exemplo, cuidador de creche (15% de probabilidade de automatização). O site também oferece algumas estatísticas, como o crescimento projetado de um determinado setor do mercado para os próximos sete anos e o salário médio anual do posto de trabalho, assim como o número de pessoas empregadas em determinado setor desde 2016.

Os criadores do site se preocuparam em apresentar esses números de maneira menos “fria e dura” e em fazer uma página que fosse divertida, como contam em uma mensagem de correio eletrônico. Por exemplo, qualquer trabalho com alta probabilidade de ser automatizado aparece com a mensagem “Você está condenado”. Iqbal e Raykov acreditam que essa abordagem é responsável pelo sucesso do site. “Esperávamos muito tráfego, mas não tanto. Eu, pessoalmente, pensava que a ideia ficaria em nossa bolha de gente que trabalha com tecnologia da informação, mas chegou ao Reddit e a outros grandes sites de nichos que não têm nada em comum com o nosso”, comenta Raykov.

designer gráfico conta que se surpreendeu ao ver que a maioria das profissões procuradas não é de nível técnico: em primeiro lugar está professor, seguido de médico e advogado. “Isso demonstra que as pessoas estão definitivamente conscientes do problema da automatização do trabalho. Não acredito que estejam assustadas, mas sentem pelo menos curiosidade sobre o tema”, diz.

Iqbal e Raykov sustentam que, embora o estudo da Universidade de Oxford no qual se baseiam utilize uma metodologia “bastante precisa”, as porcentagens não são 100% exatas. “Em todas as previsões sempre há uma margem de erro, e provavelmente ainda mais com um tema como este, já que a indústria e a tecnologia evoluem tão rapidamente”, comentam.

FONTE:  https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/23/tecnologia/1498219551_135588.html