Como lidar com os pontos fortes e fracos do sistema de inovação no Brasil

Todos os candidatos e setores da sociedade civil que queiram o desenvolvimento precisam saber o que potencializar e o que corrigir para que o país avance

Um país que prioriza a inovação e a tecnologia abre caminho para o desenvolvimento de soluções em todas as esferas, o que permite maior competitividade, estabilidade e benefícios, sobretudo nas horas de turbulência. A exemplo disto, o momento instável no cenário global tem sido considerado como oportunidade por muitos países e empresas que previamente investiram em inovação e tecnologia. A melhor estratégia para o progresso tecnológico é encarar o futuro agora e não deixar para amanhã.

Apesar dos avanços no Índice Global de Inovação (IGI) 2021 – levantamento anual que avalia 132 países -, que apontou que o Brasil subiu cinco posições, atingindo o 57º lugar no ano passado, o país ainda tem obstáculos diários para a inovação, como a formação bruta de capital, a pouca facilidade para abrir uma empresa e obter crédito, além da taxa tarifária aplicada, conforme apresentado pelo IGI.

Por outro lado, a “Escala do Mercado Interno”, “Gastos com educação em percentual do PIB”, “Valores pagos por uso de Propriedade Intelectual”, “Participação eletrônica” e “Serviços governamentais online” são consideradas pelo relatório como “forças” que precisam ser potencializadas. Conhecer os pontos positivos e negativos específicos é só o começo para que o Brasil apresente uma agenda estratégica de inovação, que sirva de eixo para um projeto nacional que transcenda os governos, instituições, grupos e/ou indivíduos.

Os investimentos das corporações em atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) são hoje importantes fontes de empregos especializados que, consequentemente, aceleram o desenvolvimento do País. Já os incentivos fiscais, paralelos aos investimentos das empresas, fomentam as atividades de PD&I, impactando diretamente o progresso dos setores produtivos, ao passo que estimulam a inovação, compartilhando o risco tecnológico desses processos.

Além disso, no Brasil, já contamos com pesquisadores, empresas e estruturas que promovem Pesquisa e Desenvolvimento diariamente, além de bons mecanismos que permitem que essa inovação ocorra dentro das instituições.

Neste contexto, a Lei do Bem (11.196/05) é considerada um dos principais instrumentos de incentivo fiscal à inovação, uma vez que oferece benefícios com base nos investimentos das empresas em projetos de PD&I. O impacto da Lei vai muito além das facilidades tributárias disponibilizadas para as companhias. Geração de emprego, manutenção das posições de trabalho, redução de risco ao inovar, ampliação de parcerias, sustentabilidade dos negócios e avanço tecnológico para o País, como um todo, são consequências extremamente positivas para a sociedade.

Junto a este cenário repleto de motivações para o seu uso, há, também, outros benefícios, como transferência de tecnologia, aumento no número de depósito de patentes, melhorias dos processos e a consequente redução de custos. Como o principal instrumento de fomento horizontal à inovação, é importante que a Lei do Bem receba aperfeiçoamentos para que seja, de fato, utilizada – a mesma não permite, por exemplo, que as despesas de empresas com pesquisas tecnológicas possam ser aproveitadas em períodos posteriores, em caso de prejuízos fiscais no ano corrente.

Outro mecanismo de extrema importância é o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que tem como objetivo “financiar a inovação e o desenvolvimento científico e tecnológico”, permitindo o avanço de instituições públicas e privadas, mas que foi contingenciado por anos.

De modo geral, o uso dos recursos do Fundo permite o avanço econômico e social do Brasil, proporcionando ambientes mais criativos e inovadores, além de contar com uma nova geração de profissionais qualificados, empreendedores, soluções tecnológicas e produtos. Nas últimas décadas, por exemplo, o Fundo foi crucial para a ciência e tecnologia no País, trazendo inúmeros benefícios para a economia e para a melhoria das condições de vida da população brasileira.

Ao compreender a amplitude dos ganhos motivados pela inovação tecnológica, a sociedade brasileira poderia trilhar um futuro promissor pautado, sobretudo, pela maior eficiência e competitividade, uma vez que, no Brasil, cada melhoria pontual resulta em benefícios universais na cadeia produtiva, ao trabalhador e ao cidadão.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/Economia/noticia/2022/08/como-lidar-com-os-pontos-fortes-e-fracos-do-sistema-de-inovacao-no-brasil.html