Como a inteligência artificial pode mudar a sala de aula

O uso da tecnologia não é algo estranho às escolas. Pense nas máquinas para automatizar a correção de provas que existem desde os anos 1930 ou mesmo na apresentação de projetos, antes dominados pelas cartolinas e hoje audiovisuais.

Novidades tecnológicas disruptivas estão mudando a forma com que boa parte dos negócios e serviços são feitos mundo afora, e a educação faz parte do grupo.

A principal tecnologia por trás da transformação em instituições de ensino é a inteligência artificial (IA), altamente adaptável graças ao machine learning, a capacidade de aprendizado das máquinas.

Esses softwares podem ser alimentados com um grande volume de dados para, por exemplo, entender quais são os principais entraves de um aluno em uma disciplina e elaborar conteúdo especializado para o seu treinamento.

Alguns são até capazes de antecipar dificuldades que os estudantes podem vir a ter em matérias futuras, já preparando uma estrutura de ensino baseada no perfil desse aluno.

A IA pode ser um excelente auxiliar do professor na relação com os alunos, servindo inclusive para diagnosticar problemas sérios de aprendizagem como a dislexia e o autismo.

Além disso, muitas inteligências artificiais já são capazes de estabelecer uma interface de diálogo, em que estudantes podem tirar dúvidas fazendo perguntas diretamente para a máquina, sem precisar tomar o tempo do professor – algo conhecido como blended learning.

Alunos também podem se beneficiar da inteligência artificial quando estiverem estudando para provas: algoritmos de sumarização de texto podem extrair as ideias principais de um conteúdo mais extenso para fins de revisão ou análise comparativa, por exemplo.

A inteligência artificial como parceira

Esta é uma das formas impactantes do uso dos recursos da inteligência artificial na educação: a superação do desafio de proporcionar ensino personalizado e individualizado em uma turma heterogênea.

Como mesmo os melhores professores não são capazes de dar atenção especial para cada um dos seus pupilos (eles não podem estar em todos os lugares ao mesmo tempo), ter acesso à IA a qualquer momento e em qualquer lugar pode ter um impacto gigante na jornada de aprendizado.

Scott Bolland, fundador da startup New Dawn Technologies, que criou um software que emprega IA para educação, vê a situação da seguinte maneira: “Nós nascemos prontos para aprender e gostar disso. Mas há um incompatibilidade entre como ensinamos e como o cérebro naturalmente aprende.”

Destacando que mais de 60% dos alunos nos EUA não se sentem engajados em sala, ele aponta que o problema é o sistema de ensino – e que o ensino personalizado, que leva em conta a neurociência e como o cérebro humano absorve informação, pode transformar o nível de interesse de uma turma inteira.

“O papel do professor se torna mais emocionante”, resume.

A inteligência artificial e a sala de aula do futuro

A combinação da IA com outras tecnologias e técnicas modernas, como a gamificação e o Big Data, pode realmente reinventar a escola.

Uma ideia é ter salas de aula equipadas com câmeras e microfones que permitem que uma IA identifique o nível de engajamento da turma com base nos ruídos e nas expressões deles, algo semelhante ao sistema que existe em automóveis para identificar se o motorista está com sono ou alcoolizado.

Com uma tecnologia dessas à disposição, o professor poderia desenvolver formas de melhorar seu desempenho na sala de aula ou até identificar alunos que têm dificuldade de se concentrar.

Em uma TED Talk de 2013, Bill Gates defendeu que este tipo de feedback pode ser útil para toda a escola. Sarah Brown Wessling, uma professora, explica que gravava suas aulas com uma câmera e que as imagens traz “um certo grau de realidade” para o cotidiano.

“Você não pode disputar o que você no vídeo”, disse ela. “Há muitos jeitos de fazer nossa profissão crescer e nós de fato conseguimos ver isso.”

Esse é um jeito de vislumbrar o impacto que a inteligência artificial pode ter na sala de aula: se uma câmera simples é capaz de ajudar docentes, imagine o que um sistema especializado será capaz de fazer.

Ao utilizar de dados e automatizações, entre outras possibilidades, como suporte, o educador poderá aprimorar seu próprio método de ensino.

Isso não significa que o professor será substituído, apenas que, assim como muitos outros profissionais, verá seu ofício mudando.

Para extrair o máximo dessa tecnologia, será necessário que professores pensem em como podem aproveitar o poder da IA em seu conteúdo e metodologia e, com essas informações, adaptar sua técnica pedagógica.

Se bem empregada, a inteligência artificial fará pela educação o que potencialmente fará em inúmeras outras áreas: otimizar uma experiência e facilitar a vida de quem está envolvido com ela.

FONTE:  UDACITY