Como inovar dentro de uma grande empresa? Contrate uma startup!

Grandes empresas têm tudo para inovar e serem propulsoras de novas tecnologias ao agregarem influência de mercado e abundância de recursos a uma vasta experiência e conhecimento do consumidor. Apesar de possuir características que permitem criar e desenvolver novas ideias, muitas companhias ainda encontram inúmeras dificuldades em promovê-las.

Um dos maiores obstáculos para inovar dentro das organizações é a estrutura burocrática já estabelecida dentro da empresa. Apesar de ajudar no funcionamento de processos, ela pode prejudicar a implantação de uma cultura de inovação que questione o modelo de negócio vigente.

Diferente de companhias já consolidadas, as startups não contam com uma estrutura empresarial sólida. Apesar das fragilidades, esse novo modelo costuma ter mais agilidade e disposição para inovar, investir em tecnologias emergentes, se arriscar em novos mercados ou ainda propor modelos de negócio mais disruptivos.

Por que inovar?

No quesito inovação, muitas vezes as grandes empresas e startups se complementam. A união da influência dessas corporações com a força das pequenas startups é a solução ideal para impulsionar os resultados financeiros, aumentar participação de mercado, fomentar tecnologias disruptivas e trazer inovação para dentro das empresas.

Inúmeras empresas já estão apostando nessa tendência que está crescendo, e muito, nos últimos anos. De acordo com um estudo realizado pelo 100 Open Startups, o número de contratos firmados no Brasil entre grandes companhias e startups aumentou 194%. O levantamento mostra 135 acordos fechados entre julho de 2016 e o mesmo mês de 2017 no País, frente a apenas 46 nos 12 meses anteriores.

De acordo com Bruno Rondani, CEO do 100 Open Startups, o aumento do número de contratos entre grandes empresas e startups se deve à busca das empresas em achar uma resposta para o dilema da transformação digital. Devido a isso, muitas empresas têm apostado em soluções de startups para inovar, reduzir custos e facilitar resolução de problemas de negócio.

lampada feita de recortes de papel como ideia de inovar

Uma pesquisa realizada pela Apex e pela Brazil Ventures – em um espaço amostral com 68 presidentes de empresas brasileiras – aponta um interesse dos executivos em se aproximarem de startups. Segundo o estudo, há três principais motivos para essa aproximação: desenvolvimento de novos negócios, aceleração de processos de inovação e aumento de retorno financeiro.

No Brasil, a integração entre corporações e startups vem ganhando ainda mais força com a crise atual vivida pelo país. Nesse contexto econômico instável, as grandes empresas estão apostando em startups a fim de diminuir custos de operação. Para Maximiliano Carlomagno, sócio e fundador da Innoscience,essa tendência se intensifica também devido ao crescimento do ecossistema e a maior maturidade de startups.

Além disso, de acordo com Bruno Rondani, a conjuntura atual contribui para a criação de um forte paradigma de colaboração. “É transformador, porque empresas e startups do ecossistema estão colaborando muito mais hoje em dia. A gente vai continuar competindo, mas agora nós vamos competir e construir um ambiente muito mais favorável para o negócio”, conta.

Quais são as vantagens de contratar uma startup?

A parceria entre grandes empresas e startups já é uma tendência no mercado brasileiro. Nessa relação, segundo Maximiliano Carlomagno, as empresas aproveitam as soluções das startups para inovar e atingir seus objetivos estratégicos de negócios. Isso vai desde a resolução de problemas internos da corporação até a criação de novos negócios, ter acesso a novas tecnologias e conquistar novos mercados.

As startups trazem inovação para as operações burocraticamente estabelecidas das empresas, oferecendo soluções que barateiam processos e facilitam a resolução de problemas específicos. “Nesse sentido, as inovações não são no corpbusiness da grande empresa, mas sim adjacentes à operação dela. E isso é extremamente relevante e importante para o novo modelo que está se estabelecendo”, afirma Bruno Rondani.

Em contrapartida, as grandes empresas passam a ser uma fonte de recursos para uma startup empreender. De acordo com Bruno, o capital é fundamental para o sucesso desse novo modelo. “A startup só consegue inovar quando tem recursos. A partir do momento que a startup se conecta com a empresa, ela pode ser mais rápida e trazer mais oportunidade justamente por ter esse tipo de recurso”, diz ele.

O que uma empresa precisa para inovar e o que ela tem? / O que uma startup precisa para inovar e o que ele tem?

Fonte: Innoscience

Mas por que contratar uma startup?

Estamos caminhando para um modelo econômico baseado na abundância de recursos, na colaboração, no compartilhamento, na criatividade, em moedas alternativas, sociais e alternativas.

Essa Nova Economia é voltada para potencializar as oportunidades por meio da inovação contínua. Ela desafia a sabedoria convencional e desencadeia uma transformação estrutural das relações comerciais e das dinâmicas de produção. Esse fenômeno reorganiza aspectos da própria economia de forma tão rápida e integrada que demanda uma maneira dinâmica de acompanhar e entender esse novo cenário.

Marcas grandes estão sendo forçadas a reavaliar seus papéis e atitudes, desde o caráter de seus posicionamento, produtos e serviços que estão ofertando, até mesmo setores inteiros que estão estagnados há anos. Nesse contexto, as inovações das startups acabam saindo na frente e as grandes empresas precisam agir rápido para não ficar para trás.

Um grande exemplo disso é a média de permanência na liderança no S&P 500. Em 1995, uma empresa permanecia no ranking durante cerca de 33 anos e, em 1990, de 20 anos. Atualmente, esse tempo que as grandes companhias permanecem no índice de referência tem diminuído ainda mais. A diminuição da vida útil dessas empresas tem sido conduzida por fusões e aquisições – bem como pelo crescimento de startups que alcançam o sucesso mais depressa que nunca e ditam as recentes transformações do mundo.

gráfico de duração do tempo das empresas no índice S&P 500

De acordo com Cristiano Kruel, Head de Inovação da StartSe, as startups estão dominando o mercado devido a facilidade de acesso ao ecossistema. “O custo para se iniciar uma startup nos anos 2000 era de aproximadamente US$ 5 milhões. Já em 2011, a pessoa pode ter cerca de US$ 5 mil que já pode ter acesso a esse modelo”, defende ele.

Como inserir uma startup dentro de uma grande corporação?

A aproximação de startups com grandes empresas pode ser muito promissora, desde que as corporações saibam conviver com elas sem danificar sua cultura inovadora. Devido às diferenças de responsabilidade e cultura, nível de gerenciamento, recursos financeiros e experiência, parece até inviável que empresas com décadas de história sejam capazes de lidar com iniciativas jovens em sua cadeia produtiva.

Apesar do desafio, é possível driblar essas dificuldades por meio de uma boa preparação interna e expectativas realistas. Essas ações aliadas a um plano de trabalho organizado e a uma relação transparente garantirão uma relação de ganho mútuo entre a corporação e a startup.

Além disso, Carlomagno acredita que para alinhar a forma de trabalho, é preciso entender todo o ecossistema de startups. “A empresa precisa saber que a startup não é uma fábrica de software. Se você quer escolher o local e cor do botão no software melhor contratar alguém para fazer para você. Quanto mais sua demanda encaixa no que a startup já faz, melhor, e quanto mais customizada, pior”, diz.

Preparar o time internamente para a chegada de um novo modelo de negocio também é necessário para que as corporações não prejudiquem as inovações das startups e vice-versa. “A empresa precisa customizar seus processos e suprimentos para as startups e precisam entender que ‘isso pode ser feito’ quer dizer eu algo ‘ainda não está pronto e pode até demorar” , defende.

Quero inovar! Quais são as formas de contratação?

Segundo Maximiliano Carlomagno, o modelo de contrato depende do objetivo estratégico de cada empresa. “Se você quer contratar como fornecedor, o formato será de prestação de serviços. Se for como parceiro, o modelo será de acordo de cooperação comercial. Agora quando o foco é contratação como fornecedor, o modelo normalmente passa por um contrato para realizar a PoC (prova de conceito) e depois um contrato normal”, afirma o especialista.

De acordo com Renato Giovanini Filho, sócio do Giovanini Fº Advogados, não há um contrato específico para firmar uma relação entre a startup e uma grande empresa. Porém, segundo o advogado, o acordo mais comum é o de cooperação técnica com subscrição de ações.

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  • O porquê das corporações correrem riscos de extinção
  • As formas de inovar em uma grande empresa
  • Como sempre estar atualizado
  • Casos de sucesso e fracasso

Nesse tipo de contrato, as grandes empresas oferecem às startups bens, profissionais e ativos intangíveis que não estão disponíveis no mercado. Com essa conexão, a startup é capacitada por uma espécie de assessoria técnica e estrutural. Em contrapartida, as empresas ficam com uma subscrição de ações da startup contratada.

O acordo de cooperação técnica com subscrição de ação dura, em média, de dois a cinco anos. Apesar da facilidade de estruturação desse tipo de contrato, é importante garantir que o mesmo respeite a identidade das duas partes e regule, com segurança, todos os bens e direitos envolvidos.

Como encontrar uma boa startup?

O primeiro passo para encontrar uma boa startup, de acordo com Maximiliano Carlomagno, é ter clareza estratégica do que se quer atingir. A escolha dependerá, essencialmente, do que a empresa definir nessa etapa. Após alinhar o objetivo estratégico da empresa, é necessário preparar o time internamente para identificar quais startups contribuirão mais significativamente para o desenvolvimento da empresa.

Além disso, segundo ele, é necessário desenhar um mecanismo de conexão e uma proposta de valor para a startup. Já o último passo para encontrar uma boa startup é realizar um screening bem feito.

Screening e Breaking the Walls

Um dos grandes problemas de muitos executivos, e até mesmo das grandes empresas, é encontrar boas oportunidades de negócio. Muitas vezes isso acontece porque há diversas ideias e soluções, ante a poucas horas no dia para avaliar cada uma delas. Foi pensando nisso que a StartSe busca e faz uma curadoria das melhores startups capazes de se tornarem fornecedoras ou parceiras, de acordo com a estratégia ou necessidade de cada empresa. O screening lista as startups de forma sistemática e ajuda as empresas a tomarem decisões sobre a contratação de determinada startup.

Os executivos de grandes empresas sabem da importância de inovar, porém, esse tipo de iniciativa é deixado em segundo plano devido a pressão pelo resultado e estruturas empresariais fechadas. A melhor forma de inovar é juntar os dois polos a fim de ganhar eficiência e produtividade, bem como reduzir custos e ter contato com novas soluções e tecnologias.

FONTE: StartSe