Como ecossistemas de inovação podem impulsionar a economia do mar no Brasil

A Economia Azul abrange variadas atividades marinhas e costeiras, como a pesca, a extração de petróleo, o transporte de cargas, o turismo e o lazer.

A Indústria da Economia Azul tem um valor econômico anual estimado em US$ 2,5 trilhões, equivalente à 7ª maior economia do mundo (OCDE). A Ásia é a maior região para a maioria dos subsetores. Na União Europeia, os setores estabelecidos da Economia Azul empregam diretamente cerca de 5 milhões de pessoas e geraram cerca de € 218 mil milhões de valor bruto em 2018. Em 2019, a Economia Azul americana cresceu mais rápido do que a economia do país como um todo, gerando 2,4 milhões de empregos e contribuindo com US$ 397 bilhões para o Produto Interno Bruto do país.

O Brasil possui jurisdição sobre uma área oceânica com cerca de 5,7 milhões de km², que equivale a mais da metade da sua massa terrestre. Dada a importância estratégica desse espaço marítimo, a Marinha do Brasil, buscando chamar a atenção da sociedade para as potencialidades desse patrimônio, passou a denominá-lo Amazônia Azul. No Brasil, existem aproximadamente 380 terminais portuários: 210 terminais de uso privado (TUP), localizados em portos privados; e 170 terminais arrendados em portos organizados (portos públicos). Por eles, passam 95% das exportações brasileiras, que somaram um total de US$ 220 bilhões em 2019.

Mas, afinal, o que é a Economia Azul? Na definição da União Europeia, a economia do mar compreende: “as atividades econômicas relacionadas aos oceanos, mares e regiões costeiras que abrangem um amplo espectro de setores estabelecidos e emergentes interconectados.”

Em outras palavras, a Economia Azul abrange variadas atividades marinhas e costeiras, como a pesca, a extração de petróleo, o transporte de cargas, o turismo e o lazer. Inclui áreas já estabelecidas como recursos vivos e não vivos marinhos, energia renovável marinha, atividades portuárias, construção e reparação naval, transporte marítimo e turismo costeiro, mas também existe uma série de setores emergentes que estes hubs ao redor do mundo estão olhando, como energia do oceano, bioeconomia azul e biotecnologia, dessalinização, minerais marinhos, defesa marítima e cabos submarinos.

A tendência global é que os portos tenham um papel central no desenvolvimento de ecossistemas de inovação e empreendedorismo que lhes permitam ser mais competitivos. A União Europeia lançou, há pouco tempo, o programa “AspBAN – Atlantic Smart Ports Blue Acceleration Network”, que ajuda os portos atlânticos da UE a funcionarem como hubs da Economia Azul e alimenta os pipelines de oportunidades dos fundos de investimento.

Este consórcio de portos do Atlântico tem como objetivo criar um ecossistema de inovação aberta em uma rede composta por portos do Atlântico que vão operar os gateways e hubs da Economia Azul. Além disso, vão gerar o aumento da competitividade dos portos do Atlântico por meio da implantação de um esquema piloto de aceleração para a criação de um pool de 30 startups que contribuirão para a transformação da rede de portos.

Ao mesmo tempo, os portos poderão diversificar suas fontes de receita e criar uma comunidade de investidores especializados e capitalizar os resultados do AspBAN demonstrando a transferibilidade do modelo de projeto para fora do Espaço Atlântico da UE e utilizando os resultados e a experiência para contribuir para o desenvolvimento de futuras políticas azuis.

O Brasil tem uma oportunidade única de liderar esta agenda a nível global, aproveitando a sua costa e a riqueza de recursos marinhos e fluviais, assim como os portos existentes, a criarem uma rede igualmente competitiva que estimula o desenvolvimento de soluções inovadoras e tecnológicas e, ao mesmo tempo, tragam novos negócios que contribuam para a descarbonização do setor (carbono azul), assim como tecnologia que permita uma maior eficiência e produtividade econômica de uma forma sustentável. Esta é uma oportunidade única que o Brasil e a América Latina não podem perder.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/colunas/coluna/2023/03/como-ecossistemas-de-inovacao-podem-impulsionar-a-economia-do-mar-no-brasil.ghtml