Como a Cogtive, startup brasileira de otimização para indústrias, conquistou espaço em um hub global de Chicago

A empresa de Saas (Software as a Service) venceu o Pitch LTNtech, competição para startups em estágio inicial, o que lhe deu direito a um escritório em Chicago, com direito a mentoria.

Reginaldo Ribeiro, CEO e um dos fundadores da Cogtive — Foto: Divulgação

De Anápolis (GO) para São Paulo e, agora, diretamente para Chicago, tudo isso em pouco mais de quatro anos. A Cogtive, startup de software para otimização de indústrias, que já tem alguns clientes fora do Brasil, tem como planos para 2023 conquistar sua primeira rodada de investimentos e avançar no mercado internacional, começando pelos EUA, onde chega agora.

A empresa, que hoje está hospedada no Cubo, em São Paulo, venceu, no final do ano passado, o Pitch LTNtech, competição para startups latino-americanas em estágio inicial realizada em Michigan pela 1871, uma das principais aceleradoras dos EUA. Além do prêmio em dinheiro, ganhou direito a uma base em Chicago, com apoio e mentoria da 1871. “Conseguimos o primeiro lugar e isso trouxe uma visibilidade altíssima”, disse Reginaldo Ribeiro, um dos fundadores da Cogtive, em entrevista a Época NEGÓCIOS.

Segundo a 1871, o programa LTNTech foi criado para garantir que startups da América Latina tenham acesso ao venture capital. Dados coletados pela aceleradora dão conta de que apenas 2,1% de todo o capital investido pelo VC vai para a América Latina. Com o concurso, essas empresas têm a chance de participar de um ecossistema mais amplo, com base em Chicago.

Dados para otimizar linhas de produção

A Cogtive é uma empresa de Saas (Software as a Service), que coleta informações sobre os equipamentos e o processo produtivo nas indústrias, e entrega aos gestores informações para evitar perdas e identificar oportunidades, aumentando a eficiência das linhas de produção. Segundo a empresa, com decisões baseadas em dados precisos, é possível “destravar” algo em torno de 30% de capacidade oculta que as indústrias possuem, mas não costumam aproveitar.

De acordo com estudos da startup, o potencial oculto de produtividade na indústria de manufatura nos Estados Unidos ultrapassa os US$ 750 bilhões, em comparação com a marca de US$ 100 bilhões no Brasil.

“O que percebemos e nos motivou a criar a empresa é ver que existe uma carência de tecnologia voltada para dados na indústria. E quem faz tecnologia não costuma enxergar a indústria como um organismo, mas foca em equipamentos individualmente”, conta Ribeiro.

Segundo ele, a solução da startup é indicada e adaptável para diferentes ramos da indústria, mas os clientes da Cogtive estão concentrados na indústria farmacêutica, área em que ele atuava, e de onde veio o primeiro cliente internacional da startup: a jordaniana Axantia Pharma.

“Fizemos uma apresentação para eles, e depois de três meses da primeira reunião, veio o pedido de compra em dólar. E eles falaram para a gente se preparar, pois poderíamos ter escala lá fora, já que nossos concorrentes do exterior eram mais caros”, conta o empreendedor.

Desenvolvendo uma IA própria

Após conseguir se estabelecer no Brasil, a Cogtive passou a investir em soluções mais sofisticadas: agora, aposta na inteligência artificial. Depois de construir seu software em processo de outsourcing, agora eles desenvolvem sua própria IA, chamada Taelor, que já usa de modo experimental.

“É uma IA que desenvolvemos para alimentar con informações sobre os processos fabris e as oportunidades de aumentar a produtividade. Agora, interagindo com os funcionários, ela deve ganhar mais dados e ficar mais eficiente”, explica o CEO.

Investimento e internacionalização

Após ter dado seus primeiros passos com capital próprio, a startup busca apoio para escalar a operação globalmente. “Estamos buscando a primeira rodada de investimento agora. Em 2022, dobramos de tamanho e, em 2023, se conseguirmos esse passo, podemos quadruplicar nosso faturamento”, diz Ribeiro. A Cogtive faturou R$ 5,2 milhões no ano passado.

A companhia aposta que, mesmo num cenário de turbulência econômica e geopolítica, o momento é propício para o avanço internacional. Reginaldo Ribeiro cita o movimento que muitas indústrias de países ocidentais estão fazendo de sair de países como a China para retornar a seus mercados de origem, num momento de refluxo da globalização.

“Sabemos que essas indústrias iam para o leste asiático para encontrar mão de obra barata. Retornando, elas esbarram no cenário contrário. E é onde a gente entra, ajudando a indústria a fazer o dinheiro deles render o máximo na produção.”

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/tecnologia/noticia/2023/01/como-a-cogtive-startup-brasileira-de-otimizacao-para-industrias-conquistou-espaco-em-um-hub-global-de-chicago.ghtml