Como a BYD venderá carros que usam energia gerada pelo próprio dono

Concessionárias da marca no Brasil comercializarão painéis solares e baterias para que clientes possam recarregar seus veículos elétricos

Os planos de ingresso da BYD no mercado brasileiro de automóveis já não são mais segredo para ninguém. A marca chinesa deve, inclusive, apresentá-los oficialmente em novembro.

Há alguns dias, a Mobiauto já contou que a empresa planeja iniciar sua empreitada no setor de veículos leves no primeiro semestre do ano que vem, com dois modelos 100% elétricos: o SUV Tang e o sedan Han, ambos de porte grande e pegada premium.

No segundo semestre, outros dois modelos híbridos plug-in de porte devem ser lançados, o SUV Song (ou o SUV cupê Song Plus, dele derivado) e o sedan Qin, para tentar encarar de frente ninguém menos os Toyota CorollaCorolla Cross e RAV4.

Talvez você não saiba, mas a BYD já opera e possui até fábricas (no plural) no Brasil, produzindo baterias e painéis fotovoltaicos. Além disso, comercializa ônibus, empilhadeiras, furgões, caminhões e trens elétricos através de contratos corporativos, o chamado “B2B” (“business-to-business” ou “de empresa para empresa”, em tradução livre do inglês).

Só faltava mesmo ingressar no mercado “B2C” (“business-to-client” ou… De empresa para cliente), oferecendo produtos a pessoas físicas.

Concessionárias venderão painéis solares e baterias

Concessionárias da marca no Brasil comercializarão painéis solares e baterias para que clientes possam recarregar seus veículos elétricos

Justamente por produzir baterias e painéis localmente, a BYD quer formar uma rede de concessionárias parecida com a da Tesla nos EUA, comercializando não apenas o sedan e o SUV elétricos, mas também um pacote de soluções que possibilitarão ao comprador gerar, em sua própria casa, a energia a ser usada pelo automóvel nas ruas.

“Nosso conceito será o de [comprar não apenas o produto, mas sim a] experiência. Esse será o primeiro pilar de nossa estratégia. Queremos criar um engajamento do consumidor com a marca, através de concessionárias interativas que venderão painéis, banco de baterias para casa…”, explica Henrique Antunes, diretor comercial da BYD no Brasil.

A tática poderá ser especialmente bem aceita em um cenário de seca, reservatórios das hidrelétricas vazios, termoelétricas funcionando no limite (e com uma fonte “suja”), riscos de apagão e tarifas altíssimas de eletricidade.

Concessionárias da marca no Brasil comercializarão painéis solares e baterias para que clientes possam recarregar seus veículos elétricos

É claro que os clientes poderão levar para casa um Tang e um Han sozinhos. Ambos, aliás, serão posicionados como elétricos de luxo e devem custar mais de R$ 300.000. Porém, já que é para tirar o escorpião do bolso, por que não gastar um pouco mais e levar para casa um kit para captar e armazenar energia solar em casa, usando essa energia para recarregar o carro?

A mesma lógica se aplicará aos modelos híbridos, como o Song e o Qin, visto que serão carros eletrificados do tipo plug-in, ou seja, com recarga externa. Estes deverão ser comercializados na faixa entre R$ 200.000 e R$ 300.000.

Quanto a instalação dos geradores solares custará? Isso ainda é um mistério, mas sistemas fotovoltaicos residenciais podem sair por R$ 5.000 ou até R$ 100.000, a depender da capacidade dos geradores. Haverá, portanto, muitas possibilidades.

Vendas online, lojas tradicionais

Concessionárias da marca no Brasil comercializarão painéis solares e baterias para que clientes possam recarregar seus veículos elétricos

Ainda de acordo com Antunes, a BYD vai operar com concessionárias físicas e convencionais no Brasil, como já vemos em outras marcas. “Já estamos conversando com grandes grupos para ter uma rede bem estabelecida no país”, conta.

Em alguns mercados, a empresa trabalha apenas com showrooms 100% digitais, mas os executivos entendem que o Brasil ainda é um país muito conservador para uma estratégia arriscada sentido. As vendas online devem ser colocadas em prática, mas somente como um complemento de negócio.

Expertise com veículos antigos

Concessionárias da marca no Brasil comercializarão painéis solares e baterias para que clientes possam recarregar seus veículos elétricos

Poucas pessoas se lembram, mas a BYD já acenou para um ingresso no mercado de veículos de passeio quatro anos atrás, com o sedan e5 e o monovolume e6 (cujos traços lembravam MUITO o de carros da Fiat), ambos 100% elétricos. Unidades chegaram a ser adquiridas por algumas empresas e até pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Paulo (SP).

Segundo o diretor comercial da empresa no Brasil, o projeto de comercializar esses modelos no passado não vingou (tanto que o plano, agora, inclui outros produtos, bem mais modernos), mas serviram para adquirir experiência e prever como os elétricos e híbridos da marca se comportarão nas ruas brasileiras.

“Tivemos e ainda temos alguns protótipos rodando já com 500 mil, 600 mil quilômetros rodados. Isso vem nos dando uma boa expertise e conhecimento sobre adaptações necessárias nos produtos e como funcionará o pós-venda deles no mercado brasileiro”, garante.

FONTE: https://www.mobiauto.com.br/revista/como-a-byd-vendera-carros-que-usam-energia-gerada-pelo-proprio-dono/1273