Como as startups têm ajudado a Stellantis a se transformar em uma “mobility tech”

O relacionamento com as startups acontece em diferentes frentes, incluindo aportes realizados pelo Stellantis Ventures, fundo global de investimentos avaliado em 300 milhões de euros, e o Venture Studio, hub de inovação da montadora.

“Somos uma startup veterana”. É assim que a Stellantis posiciona-se no mercado automotivo. Nascida em 2021 a partir da união da Fiat com o PSA Group (Peugeot-Citroën), a multinacional possui 14 marcas, além de inúmeros escritórios e fábricas, mas considera-se uma startup especialmente por aderir a um plano estratégico central que foca em mudanças rápidas e intensas. “Temos apenas dois anos e meio, mas com um know how de 100 anos”, brinca Marina Lima, head de inovação aberta da Stellantis na América Latina.

Em evento da empresa realizado nesta semana em São Paulo, no Cubo Itaú, a executiva destacou que, apesar de seu caráter inovador próprio, a Stellantis promove parcerias estratégicas com startups ao redor do mundo, a fim de utilizar o ecossistema de inovação aberta na estratégia de transformação da empresa em uma mobility tech.

O relacionamento com as startups acontece em diferentes frentes, incluindo aportes realizados pelo Stellantis Ventures, fundo global de investimentos avaliado em 300 milhões de euros e com foco em startups early e large stage. Além do fundo, a empresa desenvolve projetos e parcerias dentro do Venture Studio, seu hub de inovação.

Todas as frentes priorizam uma das sete áreas que prometem acelerar o futuro da mobilidade: captura de carbono, inteligência artificial e machine learning, blockchain e criptoativos, IoT (internet das coisas), realidade aumentada e virtual, energia limpa e descentralização.

“Embora todas essas áreas se conectem em algum momento, temos algumas prioridades, especialmente para atingir as metas do plano estratégico Dare Forward 2030. Uma dessas metas, por exemplo, é atingir 50% de descarbonização no Brasil até 2030. Portanto, o desenvolvimento de ideias na área de captura de carbono é essencial”, explica Marina para Época NEGÓCIOS.

Além da captura de carbono, a head destaca as áreas de energia limpa e descentralização como principais interesses da Stellantis no momento. “Precisamos investir em soluções de descentralização para garantir um futuro de carros autônomos e totalmente conectados”, diz.

Projetos brasileiros

Desde a criação do hub de inovação Venture Studio, em 2021, a Stellantins assinou mais de 100 contratos de projetos em parceria com startups ao redor do mundo. Entre eles, três startups brasileiras estão na lista: Embeddo (indústria 4.0), AutoU (agilidade e eficiência) e Ucorp (novos negócios). Conheça mais sobre eles a seguir.

Embeddo

Com foco na transformação digital da indústria, a startup usa computação de borda, IoT e inteligência artificial para criar soluções que permitem o processamento​ de dados em tempo real. Os sistemas ajudam os clientes a coletar e analisar os dados e agir de forma mais rápida e eficiente​.

Para a Stellantis, foi criado um dispositivo com sistema inteligente, que consegue fazer uma análise avançada sobre a qualidade das portas dos veículos. O dispositivo analisa, em tempo real na linha de montagem, o esforço de fechamento das portas, sugerindo possíveis correções ​para melhorar a experiência​ do cliente e garantir que o veículo saia perfeito da fábrica. “Desenvolvemos um trabalho de um ano ao lado da Stellantis. Agora, a solução já está há três meses de forma fixa no processo dentro da linha de montagem”, conta Daniel Giacometti, co-fundador e CEO da Embeddo.

AutoU

Especialistas na interseção entre ​negócios, tecnologia e analytics, a AutoU criou para a Stellantis um game interativo. A experiência ajudou o RH da empresa a apresentar aos mais de 25 mil colaboradores na América do Sul os valores e comportamentos da companhia.

Elementos de gamificação foram utilizados para garantir a identificação dos participantes e incentivar o engajamento dos funcionários.

Ucopt

A Ucopt trabalha com tecnologia para gestão e eletrificação de frotas e projetos de inovação ESG Mobility. A startup fez uma parceria com a Peugeot (marca da Stellantis) para promover um serviço de compartilhamento de carros elétricos.

A plataforma cobra um valor fixo de R$ 9 para a retirada do carro, mais a tarifa de R$ 0,39 por minuto, e promete ser uma alternativa mais sustentável ao transporte por aplicativos. Em seis meses de parceria, a startup afirma que conquistou 2.264 novos usuários, além de gerar uma economia de 3 toneladas de carbono.

Projetos para 2023

Atualmente, o fundo global Stellantis Ventures possui 11 investimentos-chave em mobilidade sustentável, sendo 10 startups e um fundo de risco de mobilidade (nenhum desses é brasileiro). Entre esses investimentos, três projetos devem ser lançados ainda este ano:

Nauto: a startup do vale do Silício implantou um sistema de segurança que usa IA e visão computacional para avaliar o risco de comportamento do motorista. O sistema alerta e orienta o condutor para reduzir a distração ao dirigir e evitar colisões em tempo real. O projeto será lançado nos Estados Unidos em veículos da frota comercial Stellantis.

Trails Offroad: oferece uma biblioteca digital com mais de 3 mil guias detalhados de trilhas offroad nos Estados Unidos e Canadá que podem ser carregados no sistema de veículos Jeep.

Beweelsociety: uma startup com raízes dentro da Stellantis, a beweelsociety é desenvolvedora de e-bikes conectadas e fornecedora de uma ampla gama de serviços, desde compras até ciclismo por meio de um aplicativo digital exclusivo. As primeiras e-bikes estarão disponíveis para compra em redes especializadas em ciclismo e varejistas com foco em tecnologia na Europa a partir do último trimestre de 2023.

FONTE:

https://epocanegocios.globo.com/startups/noticia/2023/07/como-as-startups-tem-ajudado-a-stellantis-a-se-transformar-em-uma-mobility-tech.ghtml