Como age a primeira vacina para abelhas aprovada nos Estados Unidos

O medicamento visa combater a devastadora doença Loque Americana e oferece esperança de resposta ao declínio global de polinizadores.

Os Estados Unidos aprovou a primeira vacina para abelhas do mundo. O medicamento foi desenvolvido pela Dalan Animal Health, empresa estadunidense de biotecnologia, e tem o objetivo de proteger as polinizadoras da Cria Pútrida Americana, também conhecida como Loque Americana, uma das doenças mais devastadoras para as colméias.

A Loque Americana é uma condição contagiosa causada pela bactéria formadora de esporos Paenibacillus larvae, que tem apenas um hospedeiro conhecido: as larvas de abelha. A infecção é potencialmente destruidora e só pode ser controlada a partir da incineração das ferramentas, colméias e abelhas atingidas. Isso porque, uma vez que os esporos não sejam completamente destruídos, eles podem permanecer viáveis por pelo menos 70 anos, podendo continuar infectando qualquer colméia que entre em contato. A bactéria pode destruir uma colônia inteira em menos de três semanas. Até agora não há cura para essa doença, que atinge cerca de ¼ das colméias nos Estados Unidos.

O Departamento de Agricultura concedeu uma licença condicional de dois anos para que a vacina da Dalan Animal Health possa combater esse patógeno. No entanto, há chances do prazo ser estendido. No ano passado, a empresa fez estudos controlados de segurança e eficácia e os resultados foram animadores. Não apenas o remédio protegeu a vida de rainhas e operárias, como preveniu que gerações futuras fossem contaminadas. Nos próximos dois anos, amostras serão distribuídas aos apicultores e, se tudo correr bem, o próximo passo será a distribuição livre do produto.

A vacina age incorporando algumas bactérias à geléia real, oferecida pelas abelhas operárias à rainha, que a ingere. De acordo com os estudos prévios, parte do composto chega aos ovários e as larvas em desenvolvimento passam a apresentar imunidade à Loque Americana.

A vacina oferece esperança de resposta para um problema sério: o declínio global da população de abelhas polinizadoras. Técnicas agrícolas intensivas, combinadas ao uso de pesticidas e agrotóxicos, mudanças climáticas e outros fatores têm atingido de forma especialmente intensa essas populações. De 1962 para cá, houve um declínio de aproximadamente 90% do grupo de insetos selvagens, nos conduzindo a uma crise global de polinizadores. Essa perda contribui para a vulnerabilidade de ecossistemas naturais e ameaçam o suprimento global de alimentos.

Nos Estados Unidos, essa questão se tornou emergente. O país depende dessas colônias para a polinização e rotineiramente transporta colmeias inteiras de um canto a outro a fim de possibilitar o desenvolvimento de culturas alimentares.

FONTE: https://veja.abril.com.br/ciencia/como-age-a-primeira-vacina-para-abelhas-aprovada-nos-estados-unidos/