Healthtech brasileira que nasceu na pandemia capta R$ 5 milhões para apoiar primeiros passos no exterior.
O cardiologista Leandro Rubio Faria, fundador da Starbem — Foto: Divulgação O cardiologista Leandro Rubio Faria, fundador da Starbem — Foto: Divulgação
No auge da pandemia, o cardiologista Leandro Rubio Faria convidou o vizinho e publicitário Cristiano Kanashiro, fundador de uma empresa de transformação digital, a GO.K, para pensar numa forma de ajudar quem precisava. Junto do amigo e também médico Rafael Brandão, eles criaram uma plataforma para atender pacientes gratuitamente via telemedicina. Passada a crise sanitária, a iniciativa virou um negócio, a Starbem, que agora ensaia a expansão internacional.
A plataforma, que oferece consultas em 15 especialidades, acaba de captar R$ 5 milhões em uma rodada seed junto a investidores-anjo, entre eles Neder Previdelli, CEO do Grupo Certacon. A startup já levantou, ao todo, R$ 10 milhões, e prepara uma Série A para o início de 2024. Os recursos serão fundamentais para apoiar os primeiros passos no exterior: a Starbem acaba de chegar aos EUA e ao Canadá, onde quer acessar um mercado de mais de 60 milhões de latinos, pacientes em potencial.
“Depois do Missão Covid, os próprios pacientes pediam para que a gente seguisse atendendo. Entendemos que poderia nascer um negócio disso”, diz Rubio, que ocupa o posto de CEO e se mudou em julho para Toronto para tocar a internacionalização. “Nosso foco aqui na América do Norte é atender imigrantes que enfrentam solidão, arrependimento, desalinhamento de expectativa, dificuldade nos relacionamentos, inicialmente com esse foco em saúde mental.
O Canadá, a propósito, tem sido um destino cada vez mais frequente para startups brasileiras, por ser um país que em geral tem regras mais flexíveis para imigração e tem buscado atrair estrangeiros para empreender no mercado canadense. No segmento de saúde, inclusive, empresas como a Linda Lifetech, de exames para câncer de mama, e a Psymood, de terapia online, já atuam por lá. Esta última, aliás, também está de olho nos imigrantes — que representam metade da população de Toronto —, ao oferecer um leque de terapeutas que falam dezenas de idiomas e dialetos.
Na sua plataforma, a Starbem tem especialidades que vão desde psicologia e nutrição até clínica geral, urologia e psiquiatria, sempre com abordagem de saúde integrada. Uma ferramenta intrigante no aplicativo é o StarCheck: por meio apenas de uma selfie, a IA da plataforma detecta, em 30 segundos, a condição de estresse, pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória do paciente.
No Brasil, já são 230 mil usuários ativos e 96 empresas clientes no B2B. A Starbem está plugada a plataformas de grandes players do setor de saúde e bem estar, como Gympass, TotalPass, laboratórios A+, Dasa, Labi Exames, Sabin e Hermes Pardini, além das farmácias da rede da RaiaDrogasil, que oferecem descontos entre 15% e 25% aos pacientes.
Outras parcerias menos óbvias também aceleram a expansão da healthtech: pelo marketplace da Claro, a Starbem está conectada a 45 milhões de usuários em potencial. Em 2023, a plataforma espera faturar R$ 14 milhões.
O caminho do Brasil até a América do Norte se abriu após a healthtech ter sido selecionada entre mais de 1.600 inscritas para participar da edição de 2023 do Toronto Accelerator, da Techstars, uma das maiores aceleradoras de startups do mundo, no Canadá.
Religioso, o CEO diz que recorreu à espiritualidade para tomar a decisão de participar do programa. “Eu tenho uma missão muito clara. Comecei a orar e recebi vários sinais. Até então, eu não sabia se deveria vir para cá [para o Canadá]. Eu sei que é algo divino que me move”, diz. O médico faz parte do Faith Driven Entrepreneurs, grupo de empreendedores que cultiva a fé cristã.
FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/startups/noticia/com-novo-aporte-starbem-vai-a-america-do-norte-de-olho-em-latinos.ghtml