Testes realizados in vitro mostraram que partícula nociva às células cancerígenas foi acionada por uma luz normal, que não afeta as células sadias, como a luz UV, que é utilizada na atualidade.

Células cancerígenas de bexiga (à esq.) e células saudáveis (à dir) foram estudadas em pesquisas da UFSCar para desenvolver nanopartícula — Foto: Divulgação
Uma pesquisa do Centro de Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu uma nanopartícula para o tratamento de câncer de bexiga que é capaz de atacar as células cancerígenas sem afetar as células sadias.
Os pesquisadores trabalharam com nanopartículas de dióxido de titânio, que são utilizadas em tratamentos de fototerapia contra o câncer. Elas são ativadas por luz ultravioleta (UV) e geram radicais livres que são tóxicos para o tumor e levam as células cancerígenas à morte. O porém é que, a luz UV também é nociva às células saudáveis e podem causar mutações e comprometer o seu funcionamento.
Para contornar esse problema, o grupo de pesquisa da UFSCar recobriu essas nanopartículas de dióxido de titânio com pequenas moléculas de peróxidos – hidróxido de titânio IV – e, com essa cobertura, conseguiu que elas fossem ativadas e produzissem a mesma reatividade mortal nas células tumorais com uma luz normal, tipo led, que não é prejudicial para as células sadias.
“Isso torna essa nanopartícula um potencial candidato a fármaco contra o câncer de bexiga”, afirmou a pesquisadora Thaiane Alcarde Robeldo.
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Pesquisadores do CDMF da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) — Foto: Wilson Aiello/EPTV
A pesquisa
Para chegar até este resultado, os pesquisadores testaram dezenas de substâncias. “É um trabalho, como achar uma agulha num palheiro, é uma busca muito grande e das partículas testadas nós vamos modificando a estrutura molecular, ver se dar certo ou não dá, mudando de novo até de fato achar que ela é a mais eficaz entre todas”, explicou a pesquisadora.
A primeira etapa da pesquisa durou quatro anos. O material foi testado in vitro, em linhagens celulares – normais e tumorais – de camundongos. Agora, a pesquisadora espera pela autorização do Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) para iniciar a testagem das nanopartículas em animais vivos.
“Nós fizemos uma bateria de testes com uma infinidade de nanopartículas e essa foi muito efetiva já no primeiro teste e nós fomos aprimorando cada vez mais os ensaios e vimos que, de fato, ela é muito promissora, principalmente para o câncer de bexiga”, afirmou Thaiane .
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Pesquisa é realizada por estudantes da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) — Foto: Diário São Carlos/Divulgação
Tratamento do câncer
A técnica desenvolvida na UFSCar pode revolucionar o tratamento do câncer de bexiga, que é um dos dos tipos de câncer mais difícil de ser detectado e, por isso, quando os sintomas aparecem a doença, na maior parte das vezes, está em fase muito adiantada no paciente.
As principais opções de tratamento para o câncer de bexiga são cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia com a vacina BCG.
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A Onco BCG costuma ser utilizada para evitar a recorrência do tumor no tratamento do câncer de bexiga — Foto: Getty Images via BBC
A terapia desenvolvida pela UFSCar é menos invasiva e danosa que as aplicadas atualmente. Tanto as nanoparticulas como a microfibra luminosa que vão ativá-las são introduzida pela uretra até a bexiga.
“A nanoparticula é um tratamento menos invasivo do que a ressecção ou cirurgia e com menos efeitos colaterais do que a BCG que pode sobrecarregar o sistema imunológico”, explicou Thaiane.
FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2022/08/10/com-nanotecnologia-pesquisa-da-ufscar-desenvolve-metodo-menos-agressivo-para-o-tratamento-de-cancer-de-bexiga.ghtml