Com marketplace, WeWork expande presença no Brasil e aposta no anywhere office

A partir do novo serviço, a empresa de escritórios compartilhados passa a operar em 76 cidades em todos os estados brasileiros; meta é chegar a 100 mil assinaturas ainda em 2023.

Na estratégia de virar a chave de uma companhia de real estate para uma empresa de tecnologia, a WeWork da América Latina tem como uma das principais apostas seu novo marketplace de escritórios compartilhados. Lançada no ano passado, a Station by WeWork começa a operar para todo o mercado nesta quinta-feira (26), com uma rede que amplia sua oferta de ambientes para 76 cidades em todos os estados brasileiros.

Com 240 parceiros cadastrados, a Station vai agregar os novos espaços à rede atual da companhia, que conta com 32 coworkings próprios, concentrados em grandes cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

A primeira etapa de lançamento, em setembro de 2022, teve como foco a atração de parceiros para o marketplace. Na segunda fase, algumas empresas que já estavam na rede da WeWork puderam utilizar o serviços. Agora, a companhia abre a plataforma para todos os interessados — tanto para empresas que queiram ter acesso aos espaços da Station, quanto pessoas físicas que busquem o aluguel de salas e outros ambientes.

Em entrevista a Época NEGÓCIOS, Claudia Woods, CEO da WeWork na América Latina, explica que a implementação do formato veio da necessidade de se adaptar às mudanças no mundo do trabalho depois da pandemia — com a adoção do trabalho remoto, mais companhias contratando pessoas de diferentes regiões do país e a ampliação de benefícios como anywhere office.

“A tendência que a gente tem visto é de cada vez mais pessoas trabalhando de onde quiserem, e não mais 100% focadas nos centros urbanos”, diz Woods. “Cada vez mais, as grandes empresas entendem que os seus headquarters podem ser menores. Se as companhias tinham 500 funcionários nas sedes, elas passam a ter 200. E a gente entende que, nesse processo, a WeWork pode oferecer um benefício ideal”.

Com investimento da WeWork LatAm de R$ 44 milhões, a empresa tem a meta de chegar a 100 mil assinaturas do marketplace de coworkings ainda em 2023. A expectativa da empresa é que, em três anos, 30% das reservas de espaços da companhia aconteçam pela Station.

A partir da experiência brasileira, a companhia pode expandir o modelo para outros países do continente, como México e Colômbia. Desde maio de 2021, a WeWork na América Latina tem autonomia na operação do negócio — que, desde então, passou a ser uma joint venture entre o grupo SoftBank e a WeWork global.

A WeWork pós-crise

A aposta do modelo, segundo Woods, busca impulsionar as operações do negócio a partir de duas frentes: o aumento da capilaridade da empresa e o ganho de velocidade na expansão, com uma ferramenta de tecnologia que tem custos menores do que a operação tradicional da companhia. A executiva garante, no entanto, que o marketplace não deve substituir o modelo tradicional de disponibilizar prédios próprios.

Globalmente, a empresa tem feito o movimento de reduzir o número de espaços disponíveis. Em novembro do ano passado, a WeWork se desfez de 40 locais nos Estados Unidos, como forma de reduzir os custos.

A empresa não abre os números de faturamento específico do Brasil e América Latina. As operações globais da companhia, no entanto, encerram o terceiro trimestre de 2022 com um aumento de receita de 24% em relação ao mesmo período de 2021, para US$ 817 milhões — valor que veio abaixo das expectativas do mercado.

Para Woods, o recurso do marketplace tem potencial de gerar um crescimento de 10 vezes da receita da WeWork na região. A executiva também acredita que a estratégia está alinhada às mudanças na gestão da empresa, que têm sido implementadas desde a crise de 2019, quando a companhia precisou ser resgatada pelo SoftBank — a história da fundação da empresa e sua crise ganhou as telas na minissérie “WeCrashed”, da Apple TV+.

“Estamos em um momento de disciplina interna, globalmente e aqui na América Latina. A empresa está hoje em um patamar 180º do que era anos atrás em relação a governança, com liderança muito sólida em todos os mercados”, diz a executiva. “O time está redondo, os processos estão redondos e estou muito confiante com essa estratégia de crescimento justamente porque tem um lado de apostar mais na tecnologia, com um custo menor, e equilibrando nosso core business.”

Como funciona a Station by WeWork

O marketplace opera tanto para pessoas físicas quanto para empresas. Desde setembro de 2022, as empresas que são membros da WeWork podem usar a ferramenta. Além de contratarem o serviço dos coworkings, as companhias também podem oferecer os espaços da Station como um benefício para funcionários, como um passe para acessar outras cidades e regiões do país.

Para os clientes corporativos, a WeWork também está trabalhando com um time que busca ativamente por espaços de coworking demandados pelas empresas, em cidades ou locais em que eles ainda não atuam.

Ao todo, a plataforma já conta com 4 mil usuários. A partir de fevereiro, os clientes B2C também poderão comprar um passe, o Workpass, que dará acesso a todos os espaços cadastrados.

Além dos coworkings, a Station agrega também outros modelos de ambiente — como hotéis com espaços para reunião e auditórios, ou teatros, que possam ser usados para encontros pontuais. “Nesse novo modelo de trabalho pós-pandemia, as organizações precisam cada vez mais de espaços diferentes do que estávamos acostumados há três anos”, explica Woods.

FONTE: https://epocanegocios.globo.com/empresas/noticia/2023/01/com-marketplace-wework-expande-presenca-no-brasil-e-aposta-no-anywhere-office.ghtml