Com esforço de tradução, Coursera mira receita maior no Brasil

Plataforma, que tem o Google como um dos parceiros, quer ficar mais acessível aos brasileiros e aumenta oferta local de 280 para 4 mil cursos.

A Coursera, uma plataforma americana de cursos online, tem feito um esforço de tradução dos conteúdos para ampliar o quanto gera de receita com os brasileiros. Embora o Brasil seja o quarto maior mercado para a empresa em número de alunos, com cinco milhões de usuários, o país ainda representa uma “porção muito pequena” do faturamento, segundo o CEO Jeff Maggioncalda.

A companhia, que está se valendo de tecnologias de inteligência artificial para acelerar as traduções, acaba de adaptar quatro mil dos seus sete mil cursos disponíveis para o português falado no Brasil. Antes, havia apenas 280 cursos ministrados na língua materna dos brasileiros.

Maggioncalda tem intensificado as viagens ao Brasil. O anúncio das quatro mil traduções, por exemplo, acabou de ser feito com a presença do CEO em um evento organizado em São Paulo pelo Google, uma das instituições que ministram os cursos traduzidos na plataforma. A visita ocorre cinco meses depois de ele ter feito um tour que passou por estados como Minas Gerais e Mato Grosso, onde se encontrou com governadores para oferecer cursos aos servidores públicos.

Com as traduções, a plataforma espera também avançar em seus acordos com governos no Brasil. Porque, embora haja interesse dos governantes em disponibilizar os cursos aos servidores, muitos não têm domínio suficiente do inglês para absorver os conteúdos. “Estamos fazendo um bom progresso nas conversas”, disse o CEO da Coursera ao Pipeline.

Os cursos do Google, a propósito, são uma das apostas da Coursera para se tornar mais atrativa. Dos 10 cursos mais populares da plataforma entre os brasileiros, quatro são da gigante de tecnologia. A nova leva de traduções inclui cinco do Google: análise de dados, gerenciamento de projetos, design e experiência do usuário, suporte para TI e marketing digital e e-commerce.

“Há uma percepção crescente de que trabalhos digitais estão crescendo em disponibilidade, e de que, se você pode aprender as habilidades, você pode fazer esses trabalhos”, afirma Maggioncalda. Ele notou ainda um aumento considerável do interesse feminino. Em 2019, 16% dos certificados profissionais da plataforma eram para mulheres. Agora, são 44%.

Na Coursera, todos os cursos podem ser feitos gratuitamente mas, para ter o certificado, o usuário precisa ser assinante – mensalidade começa em US$ 49. No ano passado, a empresa faturou US$ 523,8 milhões e teve prejuízo de US$ 175,4 milhões. A companhia não publica receita por país ou região. No total, são 129 milhões de alunos cadastrados.

Os cursos do Google, elaborados e ministrados pelos próprios funcionários, têm sido trabalhados no Brasil em parceria com o CIEE e a plataforma de ensino Betta. Com o CIEE, a empresa foca em jovens que estão entrando no mercado no trabalho. Já com a Betta a atenção está mais voltada a profissionais com mais de 25 anos que estão pensando em mudar de carreira.

“Os cursos são mais focados em tecnologia porque é isso o que estamos vendo para o futuro do emprego”, afirma Maia Mou, diretora de marketing do Google no Brasil. “E nós escolhemos a Coursera porque é uma plataforma global, com reputação, onde tudo pode ser feito online e mobile, o que é importante para promover o acesso de classes menos privilegiadas.”

FONTE: https://pipelinevalor.globo.com/negocios/noticia/com-esforco-de-traducao-coursera-mira-receita-maior-no-brasil.ghtml