COM APOIO DE BILL GATES, EMPREENDEDOR CRIA PRODUTO PARA SUBSTITUIR AGROTÓXICO

Pivot Bio incentiva micróbios a produzirem fertilizantes de forma natural

Tecnologia do Pivot Bio identifica micróbios específicos que ficam no solo e têm capacidade inata de produzir nitrogênio (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

O Brasil e outros países produtores de alimentos enfrentam o desafio de aumentar a produção agrícola sem prejudicar ainda mais a natureza. Metade do suprimento mundial de alimentos no mundo é baseada no uso de fertilizante de nitrogênio sintético. Os danos ao meio-ambiente são grandes.

Acredita-se que esse tipo de adubo contribua para a manutenção de 500 zonas mortas no oceano (locais sem oxigênio e que são tão tóxicos que não há vida) e, quando decomposto em óxido nitroso, seja responsável por 5% dos efeitos do aquecimento global.

Nesse cenário, surge a Pivot Bio, uma startup de biotecnologia de alunos da Universidade de Berkeley, na Califórnia. A novidade lançada comercialmente por eles este mês é o primeiro tratamento microbiano que produz nitrogênio naturalmente. Dedicado à produção de milho, o produto ainda não substitui totalmente o equivalente sintético, mas promete reduzir a dependência completa que os produtores de milho têm dele.

A tecnologia do Pivot Bio identifica micróbios específicos que ficam no solo e têm capacidade inata de produzir nitrogênio. Com o uso de fertilizantes artificiais ao longo das décadas, esses micro-organismos vão perdendo sua capacidade natural. O Pivot Bio desperta essa vocação natural dos micróbios, que aderem à raiz do milho e passam a fornecer nitrogênio de forma eficiente. A necessidade de excesso de fertilizante químico de nitrogênio é, assim, eliminada.

Karsten Temme, cofundador da startup, anunciou ainda que a empresa de tecnologia não transgênica levantou 70 milhões de dólares (cerca de R$ 280 milhões na cotação do dia) em financiamento. A maior parte do valor veio do Breakthrough Energy Ventures, fundo de investimento de Bill Gates, cujo objetivo é financiar empresas com produtos e serviços que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE).

Os primeiros agricultores começarão a usar a nova tecnologia na próxima primavera do hemisfério norte.

FONTE: PEGN