Clínica chinesa de inteligência artificial dá diagnóstico em um minuto

Clínicas sem funcionários da Ping An Good Doctor possuem banco de dados com mais de 2 mil doenças comuns e acervo com centenas de remédios

Em um minuto, um paciente é atendido, diagnosticado e remediado em uma clínica médica. Pode parecer impossível, mas já é realidade na China. A Ping An Good Doctor, empresa chinesa de saúde, está construindo mil “clínicas em um minuto” no país asiático. O sistema não tem nenhum funcionário e opera apenas por meio de inteligência artificial.

O software utilizado tem em seu banco de dados mais de 2 mil doenças comuns, com seus sintomas, diagnósticos e tratamentos. A partir de uma análise do quadro do paciente, o sistema identifica a doença e indica o tratamento em apenas um minuto. Caso haja necessidade de medicação, as clínicas têm cerca de 100 categorias de remédios em estoque. Se for preciso um medicamento indisponível, a pessoa pode pedi-lo pelo próprio app do Ping An Good Doctor.

“Nosso AI Doctor (Doutor Inteligência Artificial) foi desenvolvido pelos nossos médicos em conjunto com mais de 200 especialistas em inteligência artificial”, explica um porta-voz da empresa. “Depois da consulta, um médico experiente remotamente entra em contato com o paciente para dar recomendações complementares e verificar a assertividade do diagnóstico”.

Inteligência artificial e saúde no Brasil

A inteligência artificial já tem um papel importante no mercado de saúde do Brasil. A startup brasileira Data H, por exemplo, tem 60% dos seus clientes na área de saúde. No Hospital do Câncer em Barretos (SP), a tecnologia da empresa consegue determinar a gravidade de diferentes casos de câncer a partir de análise de imagem médica pela inteligência artificial. Assim, o médico pode priorizar o atendimento para os pacientes com diagnósticos mais graves, explica reportagem da Época Negócios.

Na mesma linha, o Laboratório de Big Data e Análise Preditiva em Saúde (LABDAPS) da Universidade de São Paulo trabalha na aplicação da inteligência artificial e machine learning para problemas da área de saúde. O professor Alexandre Chiavegatto Filho, que lidera o LABDAPS, afirma que as novas tecnologias já estão melhorando a eficiência de clínicas médicas por aqui.

“Os médicos perdem muito tempo com burocracias como o prontuário eletrônico, por exemplo. O que já existe são algoritmos que preenchem automaticamente os prontuários com todas as informações que o paciente forneceu ao médico durante o atendimento”, explica Alexandre à StartSe. “Isso, claro, além de trazer melhorias aos diagnósticos, evita exames repetitivos e auxília na tomada de decisão dos médicos”.

O pesquisador, entretanto, acredita que a tecnologia não deve substituir a ação humana – como ocorre nas clínicas chinesas da Ping An Good Doctor. “O algoritmo vem para dar mais subsídios para que a tomada de decisão do médico seja baseada em dados. Ao meu ver, a tecnologia vai aumentar a demanda pelos profissionais da área de saúde, porque eles tomarão decisões melhores e serão procurados por mais pessoas”.

“Talvez um algoritmo tome melhores decisões que um humano. Mas com certeza um humano aliado a um algoritmo toma decisões melhores que um algoritmo sozinho”, finaliza Alexandre.

FONTE: STARTSE