Cinco tendências na colaboração entre grandes empresas e startups

O ABCDE da inovação aberta com startups.

A inovação aberta entre startups e grandes corporações cresceu muito na última década. O que começou como um experimento para muitas empresas agora se tornou parte fundamental da estratégia de inovação.

Naturalmente, a forma de fazer também vai evoluindo conforme as empresas vão ganhando experiência na abordagem. Abaixo, apresento cinco tendências importantes que venho acompanhando nas iniciativas de inovação aberta.

A – AI Innovation – Com a crescente integração de inteligência artificial nas atividades de inovação, o processo de scouting de startups está se tornando cada vez mais inteligente e eficiente. A IA permite que as empresas avaliem rapidamente grandes quantidades de startups, entendam suas capacidades de forma precisa e identifiquem aqueles parceiros potenciais mais adequados às suas necessidades.

Essas ferramentas possibilitam uma análise profunda do fit entre os produtos e soluções das startups e as demandas das empresas. Assim, a IA permite decisões mais assertivas no scouting, indicando quais startups têm maior probabilidade de sucesso e impacto no negócio.

No geral, essas tecnologias trazem mais inteligência e agilidade para o processo. Ao combinar a inovação aberta com as capacidades da IA, as empresas podem testar e implementar novas ideias e tecnologias de forma muito mais rápida e precisa.

B – Borderless Innovation – Historicamente, grandes empresas têm buscado cultivar relações com startups em seus ecossistemas nacionais ao implementar programas de inovação aberta. Este foco inicialmente restrito é compreensível, uma vez que as corporações desejam familiarizar-se com o modelo, testá-lo e avaliar os resultados potenciais dentro de um ambiente conhecido e mais controlado. É uma abordagem de experimentação, servindo como um primeiro passo seguro na jornada de inovação aberta com startups.

À medida que estas empresas amadurecem em suas estratégias de inovação e enfrentam desafios mais complexos, a busca por soluções muitas vezes ultrapassam as barreiras geográficas de seus países de origem. A necessidade de soluções inovadoras não conhece fronteiras, levando as corporações explorarem startups em outros países e continentes. Esta abordagem globalizada permite que as empresas acessem o estado da arte em tecnologia e soluções, sem serem limitadas pela localização das startups, maximizando assim as possibilidades de encontrarem soluções para resolver seus desafios mais complexos.

Ao buscar colaborações internacionais, as empresas enfrentam questões regulatórias que podem variar consideravelmente de um país para outro. Além disso, diferenças culturais, barreiras de idioma e desafios de logísticos podem complicar a integração e a colaboração efetiva.

C – Codev (Co-Development) – Normalmente grandes empresas buscam soluções prontas ou plug-and-play para resolver seus desafios. No entanto, essas soluções das startups muitas vezes precisam de ajustes para poder se adequar as especificidades da empresa.

Essa tendência também está relacionada com o nível de maturidade e experiência da corporate com inovação aberta e a complexidade dos desafios a serem resolvidos. Um fator adicional nesse contexto são as normas de compliance, segurança e privacidade das grandes empresas. Ainda que boa parte das soluções das startups estejam de acordo com LGPD, há uma série de procedimentos que muitas vezes precisam ser ajustados.

D – Decentralized – Outro movimento interessante é a descentralização da inovação aberta, não sendo mais exclusividade da área de inovação, permeando toda organização. Esta descentralização bem-sucedida não ocorre somente com a experiência no tema, ela exige um direcionamento estratégico sólido, respaldado por uma liderança comprometida que nutre uma cultura corporativa voltada para a experimentação e inovação. Em tal ambiente, cada departamento é capacitado a buscar, colaborar e inovar com startups, ampliando o espectro de possibilidades e soluções.

Para que essa descentralização da inovação aberta seja efetiva, alguns pilares são fundamentais. Direcionamento estratégico claro e liderança são as premissas iniciais. A mentalidade aberta à mudança e ao risco é crucial. Adicionalmente, é essencial uma disciplina rigorosa para a execução, garantindo que as soluções das startups sejam testadas e, posteriormente, implementadas com sucesso. Ferramentas e método adequados para conduzir o processo também são enablers importantes.

E – End-to-End – A inovação aberta precisa ir além de pilotos ou provas de conceitos. A jornada não conclui com um piloto bem-sucedido, mas sim estende-se até a efetiva implementação e expansão das soluções no contexto organizacional. Dessa maneira, muitas empresas estão colocando a mesma atenção na fase do rollout que nas fases anteriores.

É importante que as empresas garantam que os esforços de inovação se traduzam em impactos empresariais concretos. Escalar as soluções de startups não só assegura a concretização dos resultados esperados, mas também cria o histórico necessário para a empresa seguir trabalhando com startups como estratégia.

Sem uma abordagem organizada de rollout, mesmo as soluções mais promissoras podem ficar sem atenção após os pilotos. A visão de ponta-a-ponta busca manter a cadência e importância dos projetos com startups do início ao fim.

FONTE: https://exame.com/colunistas/inovacao-na-pratica/cinco-tendencias-na-colaboracao-entre-grandes-empresas-e-startups/